O quebra-gelo USCGC Healy e a investida dos EUA no Ártico

USCGC Healy (WAGB-20)

Por Raphaella Costa

O investimento em embarcações com capacidade polar é fundamental para a soberania nacional em se tratando do ambiente ártico. O quebra-gelo USCGC Healy da Guarda Costeira dos Estados Unidos partiu em 10 de julho de 2021 para a missão de circum-navegação da América do Norte por meio da Passagem Noroeste e do Canal do Panamá. Assim, de que forma o investimento em novas tecnologias polares compõe a estratégia americana para o Ártico?

A travessia do Oceano Ártico pelo quebra-gelo USCGC Healy, baseado em Seattle, ocorrerá após o incêndio de 2020 que danificou a embarcação. Recuperado, o quebra-gelo promete alcançar o Ártico em setembro deste ano utilizando a Passagem Noroeste, na costa canadense, com o objetivo de conduzir missões científicas e de pesquisa nas altas latitudes, bem como participar de exercícios militares e intercâmbios profissionais com as marinhas estrangeiras. A missão promoverá, portanto, os interesses dos EUA ao longo de sua fronteira marítima com a Rússia, notadamente firmando sua soberania frente a este outro gigante ártico.

A investida americana em tecnologias de quebra-gelo para o Ártico está de acordo com a estratégia Arctic Blueprint 2021, lançada pela Marinha dos Estados Unidos em janeiro de 2021. O documento estabelece as diretrizes de atuação dos estadunidenses na região a partir de um cenário de progressivas mudanças ambientais, acompanhadas por novas estratégias geopolíticas. Este destaca, ainda, a necessidade de cooperação com outras nações a fim de alcançar êxito mútuo de exploração científica para aumentar a compreensão sobre os impactos das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que ressalta a imprescindibilidade do investimento em novas embarcações com capacidade polar.

O quebra-gelo USCGC Healy, encomendado em 1999, é uma das duas únicas embarcações deste tipo ativas na frota da Guarda Costeira, junto com o USCGC Polar Star, um navio quebra-gelo de grande porte comissionado em 1976.

Coast Guard Cutter Polar Star

Desta forma, os estadunidenses devem buscar garantir uma força naval suficientemente robusta, capaz de se contrapor aos mais de quarenta navios quebra-gelos que compõem a frota da vizinha Rússia. Ainda que o país se encontre muito atrás de outras nações em termos de aparatos tecnológicos para o Ártico, o retorno do USCGC Healy à composição das forças polares dos EUA faz parte de uma projeção para a recapitalização dos quebra-gelo a fim de garantir acesso contínuo às águas árticas, de forma a proteger os interesses econômicos, comerciais, ambientais e de segurança nacional dos estadunidenses.

FONTE: Boletim GeoCorrente

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