Países do G-7 condenam Rússia e congelam reunião do G-8

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EUA e potências aliadas ainda divergem sobre uso de sanções

WASHINGTON – Após um dia de aparentes desencontros sobre qual deveria ser a resposta das principais potências mundiais à pressão militar russa na Crimeia, os países do G-7 (grupo das sete nações mais industrializadas do mundo) uniram-se na noite de ontem para condenar o que chamaram de “clara violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia”. O grupo também decidiu suspender temporariamente sua participação no encontro do G-8 formado pelo G-7 mais a Rússia — programado para acontecer em junho no balneário russo de Sochi.

Na mensagem, o G-7 convoca a Rússia a abordar quaisquer preocupações de direitos humanos em negociações diretas com a Ucrânia ou com mediação internacional, numa alusão ao fato de que Moscou justifica o envio de militares à Crimeia com a proteção de cidadãos russos. O grupo também declara apoio ao projeto ucraniano de pedir empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para socorrer a combalida economia local. Antes, o secretário do Tesouro americano, Jack Lew, declarou que os EUA podem garantir recursos à Ucrânia.

Os EUA estão preparados para trabalhar com parceiros bilaterais e multilaterais para oferecer à Ucrânia o apoio que precisar afirmou.

A nota do G-7 — formado por EUA, Reino Unido, Japão, Itália, Alemanha, França e Canadá — foi divulgada pela Casa Branca, numa aparente demonstração da mobilização americana para que seus parceiros adotem posições mais rígidas diante da atual postura russa. Mais cedo, dentre os países do grupo, só os EUA defenderam abertamente a adoção de sanções contra a Rússia e até mesmo sua expulsão do G-8. Os americanos vão inclusive levar seu apoio ao governo interino ucraniano amanhã, quando o secretário de Estado, John Kerry, visita Kiev.

DEPENDÊNCIA ENERGÉTICA

A própria divulgação da posição do grupo como G-7 é carregada de simbolismo, indo no sentido contrário à aproximação ocorrida no fim dos anos 1990 para a formação do G-8, e insinua o peso da pressão americana sobre seus aliados. Mais cedo, por exemplo, a Alemanha adotou publicamente posição oposta à dos EUA sobre a participação da Rússia no grupo.

O fórum do G-8 é o único em que nós, os ocidentais, falamos diretamente com a Rússia — disse o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank- Walter Steinmeier. É conveniente sacrificar este fórum único? Acredito que isso não vai ajudar.

No entanto, se houve união política, na frente econômica ainda há divergências. Enquanto os EUA estão abertos a sanções à Rússia, alguns países do Velho Continente dependentes do gás fornecido por Moscou são mais cautelosos. Eventuais sanções dariam ao presidente Vladimir Putin a oportunidade de retaliar com a suspensão do fornecimento do produto. No total, 36% do gás consumido pela Alemanha vem da Rússia; na Itália e na França, esse índice é de 27% e 23%, respectivamente. E 66% do gás exportado pela Rússia à UE passam pela Ucrânia.

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