Pentágono planeja o futuro do Exército americano

FOTO:USAF Senior Airman Desiree N. Palacios
FOTO:USAF Senior Airman Desiree N. Palacios

O secretário de Defesa, Chuck Hagel, planeja encolher o Exército dos EUA a suas dimensões do período anterior à 2ª Guerra.

Como resultado, as Forças Armadas ainda serão capazes de derrotar qualquer inimigo, mas elas ficarão menores. Funcionários admitem que os cortes imporão um risco, caso o Exército precise empreender duas ações militares ao mesmo tempo. Segundo eles, o sucesso levaria mais tempo e haveria um número maior de vítimas.

Eles também afirmaram que a redução poderia convidar os adversários a tentar alguma aventura contra o país. “É preciso que as nossas instituições estejam sempre prontas. Entretanto, não é possível ter um Departamento de Defesa sempre preparado para uma grande guerra terrestre se uma grande guerra terrestre não existe”, afirmou um representante do alto escalão do Pentágono.

No entanto, antes mesmo de ser divulgado oficialmente, a proposta já recebeu ataques. Alguns membros do Congresso prometeram bloquear a medida. A National Guard Association, que defende os direitos dos militares, trabalha pela rejeição dos cortes. Governadores de Estados também terão bastante peso na decisão.

Funcionários da indústria da defesa e congressistas que representam as comunidades portuárias também deverão opor-se à iniciativa. Mesmo assim, apesar da redução orçamentária, as Forças Armadas disporão de verba para continuarem sendo as mais capazes do mundo. Além disso, as propostas de Hagel têm o apoio do Estado-Maior Conjunto. Os recursos economizados garantiriam que os o pessoal que continuasse na ativa, pudesse ser bem treinado e recebesse melhor armamento.

“Teremos ainda um Exército de proporções muito significativas”, disse Hagel. “Mas ele será ágil, capaz, moderno e treinado.”

A nova maneira americana de guerrear será destacada no orçamento de Hagel, que defende que os recursos sejam destinados às operações especiais e à guerra cibernética. O Exército, que sofreu todo o impacto dos combates e teve o maior número de vítimas no Afeganistão e no Iraque, já tinha sido programado para a desmobilização de 490 mil soldados, após o pico de 570 mil depois dos ataques de 11 de Setembro. Pela proposta de Hagel, nos próximos anos, o Exército desmobilizará entre 440 mil e 450 mil homens e se tornaria o menor dos EUA desde 1940.

Subsídios

Indicando a prioridade dada à presença militar no exterior, onde não é exigida uma força terrestre, a proposta considera a manutenção dos 11 porta-aviões da frota atual pelo menos por um ano. A Marinha poderá ainda adquirir dois destróieres e dois submarinos de ataque por ano, mas 11 cruzadores serão rebaixados para operações menores.

A proposta de Hagel pretende permitir que as Forças Armadas cumpram as diretivas do presidente na área de segurança nacional: defender o território americano e seus interesses no exterior, dissuadir a agressão e vencer, se receberem a ordem de voltar à guerra.

Durante anos, o Pentágono afirmou que precisava de uma força militar grande para combater duas guerras ao mesmo tempo, ou seja, na Europa e na Ásia. Recentemente, porém, as forças armadas receberam ordens para estarem preparadas para vencer decisivamente um conflito, e, ao mesmo tempo, controlar as aspirações de um inimigo num segundo conflito até que fosse possível mobilizar forças suficientes para vencê-lo.

Os cortes se enquadram na Lei do Orçamento elaborada por Barack Obama e pelo Congresso, em dezembro, que impõe um limite aos gastos militares de US$ 496 bilhões em 2015. O orçamento também prevê a redução do auxílio moradia para os militares e dos subsídios diretos de US$ 1,4 bilhões concedidos a supermercados, restaurantes e lanchonetes para militares. A proposta imporia ainda o congelamento de um ano de soldo de generais e almirantes, enquanto o piso do soldo do pessoal militar subiria apenas 1%.

FONTE: Estado de São Paulo

TRADUÇÃO: Anna Capovilla

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