Generais venezuelanos e o Cartel dos Sóis

Nicolás Maduro e Tareck El Aissami saúdam os partidários. Tanto Maduro como El Aissami são suspeitos de envolvimento com o Cartel dos Sóis. Foto:JUAN BARRETO / AFP)




Por Yuri Hernandez

Na América Latina, os cartéis criminosos praticam tradicionalmente o narcotráfico. Na Venezuela, essa atividade é praticada dentro do governo. Sob o regime de Nicolás Maduro, a posição da Venezuela no negócio global da cocaína aumentará.

O Almirante de Esquadra da Marinha dos EUA Craig S. Faller, comandante do Comando Sul dos EUA, disse em uma entrevista à Voz da América (VOA), no dia 28 de novembro de 2019, que o dinheiro do tráfico ilícito de drogas é agora uma “parte importante” do financiamento do regime de Nicolás Maduro na Venezuela.

Na mesma entrevista, o Alte Esq Faller ressaltou que “o regime ilegítimo de Maduro, à custa de seu povo, o que é triste, facilitou o aumento de todos os tipos de atividades ilícitas. E isso é fluxo de drogas, é terrorismo, é mineração ilegal. Esse fluxo de drogas tem sido parte disso. Assim, se você for um líder de cartel, pode agora vislumbrar um caminho fácil através da Venezuela para enviar seu carregamento, por via marítima e aérea, e distribuir seu produto, e Maduro e seu regime ilegítimo ficam com uma parte. Maduro faz o que for necessário para se manter no poder junto à sua equipe e o que garante suas finanças é, em grande parte, o dinheiro ilícito do narcotráfico”.

Em uma entrevista em novembro de 2019 ao Miami Herald, o Alte Esq Faller disse: “Houve um aumento de mais de 50 por cento do narcotráfico na Venezuela e através do país e Maduro e seus comparsas estão enchendo os bolsos, em conluios com o tráfico ilícito de drogas”.

A VOA declarou, no dia 13 de novembro de 2019, que em maio de 2018 o ex-chefe de inteligência militar venezuelano, Hugo Carvajal, era considerado um membro-chave de um cartel de drogas venezuelano conhecido como o Cartel dos Sóis.

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, esse nome tem sua origem nas estrelas douradas dos emblemas usados pelos generais da Guarda Nacional Bolivariana. Esses oficiais militares de altas patentes lideram o cartel, o qual não apenas coopera com os narcotraficantes, mas também proporciona uma segurança fortemente armada, armamento de uso militar e inteligência para proteger alguns desses carregamentos de drogas.

De acordo com o Small Wars Journal, “o Cartel dos Sóis é a única organização do narcotráfico conhecida na região, que está totalmente formada por militares e autoridades governamentais. Na verdade, os líderes do Cartel dos Sóis estão envolvidos em todas as esferas da estrutura narcotraficante da Venezuela, o que os torna uma força criminal considerável.

Além disso, sua formação única com oficiais do alto escalão lhes permite manter postos de comando e de controle exclusivos em todos os aeroportos, pontos de vistoria e portos importantes por onde passam os carregamentos de drogas. Isso ocorre especialmente nos estados de Apure, Zulia e Táchira, todos situados ao longo da fronteira que a Venezuela compartilha com a Colômbia”.

Presidente da Assembléia Constituinte Diosdado Cabello gesticula durante uma manifestação comemorativa do 31º aniversário de uma revolta letal, também conhecida como El Caracazo, em Caracas, em 27 de fevereiro de 2020. (Foto: Federico Parra / AFP)

Um dos líderes do cartel, Diosdado Cabello, foi sancionado em 2018 pelo Gabinete de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC, em inglês) do Tesouro dos EUA, que informou que ele havia “lucrado pessoalmente com extorsão, lavagem de dinheiro e peculato”. Cabello é a segunda pessoa mais influente do regime venezuelano. De acordo com o OFAC, Cabello “coordenou as atividades de tráfico de drogas com Maduro, que obteve lucros substanciais com o negócio”.

No dia 18 de maio de 2018, um boletim de imprensa do secretário do Tesouro dos EUA Steven T. Mnuchin informou que “o povo venezuelano sofre com os políticos corruptos, que se agarram ao poder enquanto enchem seus próprios bolsos. Estamos impondo sanções contra indivíduos como Diosdado Cabello, que se aproveitam dos seus cargos públicos para praticar o narcotráfico, a lavagem de dinheiro, o peculato de fundos estatais e outras atividades corruptas”.

Johan Obdola, presidente da empresa de inteligência e segurança global IOSI, com foco na América Latina, disse à Fox News que “a força militar venezuelana se tornou uma organização do narcotráfico criminosa armada. A maioria dos comandantes de alto e médio escalões estão profundamente envolvidos em corrupção, operações de drogas e graves abusos contra os direitos humanos”.

Obdola acrescentou que “as pequenas agências policiais e unidades militares pró-regime em toda a nação praticam essas operações criminosas voltadas para o narcotráfico, sequestros e roubos, para sobreviver à crise”.

FONTE: Diálogo Americas

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