13 de dezembro – Dia do Marinheiro

No despertar da nacionalidade, o Brasil já apresentava os traços de seu destino, como país unido, soberano e indivisível, dotado de um povo cordial e autêntico, fruto da aglutinação harmônica de diferentes raças e culturas que se identificam com o sentimento comum de brasilidade. A esta jovem Nação que se formava, o maior dos marinheiros de nossa história passou a dedicar sua vida, isenta de interesses efêmeros, visando apenas a servir a sua gente e garantir-lhe o progresso e a liberdade.

Natural de Rio Grande, Joaquim Marques Lisboa herdou de seu pai a paixão pelos misteres do mar. Ainda menino, aprendeu a ciência de navegar e, com dezesseis anos, iniciou sua brilhante carreira como Voluntário da Armada. Ao longo de mais de sessenta e seis anos de serviço ativo, mostrou-se superior a qualquer desafio ou situação que a vida lhe apresentou. Com integridade, coragem, espírito combativo e honestidade de propósito, impôs naturalmente o respeito, defendeu seus ideais e construiu o legado de honra e glória que se perpetua em nossa Marinha.

Lutou para a consolidação da Independência, apaziguou devaneios separatistas e expulsou estrangeiros que ousaram macular o território nacional. Grande líder e estrategista, era um exímio Comandante na manobra de seus navios, conhecendo muito bem as operações navais e a arte da guerra no mar.

Sua personalidade solidária e humana o compelia a arriscar sua integridade física para salvar vidas em perigo. Nas gélidas e barrentas águas da Patagônia, resgatou 280 náufragos da Corveta Duquesa de Goiás e, nas proximidades de Liverpool, recolheu 218 tripulantes da galera inglesa Ocean Monarch, que se lançaram ao mar para fugir das chamas que consumiam a embarcação.

Durante sua longa e digna existência, foi exemplo vivo de honradez, austeridade e amor à Pátria, qualidades que, aliadas à sua competência, elevaram-no ao posto de Primeiro-Almirante, à dignidade de Conselheiro de Guerra e de Marquês de Tamandaré. A única riqueza que acumulou foi a satisfação pessoal de ver, nas gerações de marinheiros que o sucederam, a naturalidade com que os valores que pautaram sua vida são transmitidos e cultivados.

Ao honrarmos a memória do Patrono da Marinha na data de seu natalício, celebramos a riqueza da alma dos nossos homens e mulheres, militares e servidores civis, herdeiros do virtuoso legado de Tamandaré, que se entregam de corpo e alma ao serviço da Pátria, orgulhosos por pertencerem a uma sólida e centenária Instituição, protetora das riquezas e guardiã dos princípios democráticos do país.

Marinheiros cidadãos, com uma crença inabalável no futuro do Brasil, convictos de que o país está predestinado a tornar-se uma grande Nação e, para tanto, é chamado a assumir crescentes responsabilidades no cenário internacional.

Movidos por forte sentimento de patriotismo e por acreditarem fielmente que o país pode e vai dar certo, deixam o conforto dos seus lares, abdicando do convívio com entes queridos, para contribuir com a construção de uma sociedade mais próspera e justa.

Com muito orgulho, levam assistência às comunidades carentes mais isoladas da Amazônia e do Pantanal, salvam vidas no mar, fornecem alívio aos atingidos por desastres naturais, apoiam pesquisas científicas no continente Antártico, participam de operações de paz em várias partes do mundo e, principalmente, garantem que o Atlântico Sul, a grande artéria por onde circula nossa economia e a base da prosperidade do país, mantenha-se como uma zona de paz e cooperação entre nações amigas.

Exercer tamanha gama de atividades exige elevado grau de profissionalismo e um conjunto de capacidades que nos são imprescindíveis, as quais devem ser mantidas por um processo contínuo de aprimoramento do pessoal e renovação de meios.

Apesar do período difícil que enfrentamos, em que se percebe uma descrença do povo brasileiro, ansioso por recuperar os valores morais e éticos que lhe são tão caros, nós, os homens do mar, temos preservado a firmeza e a serenidade, buscando superar obstáculos e avançar em nossos objetivos.

Assim, a partir do próximo ano, lançaremos e colocaremos em operação os submarinos classe Riachuelo, o que representa importante passo para alcançarmos a capacitação de construir, operar e manter um submarino de propulsão nuclear.

Almejamos, também, a modernização do núcleo do Poder Naval por meio da construção das Corvetas Classe Tamandaré e a aquisição de um novo navio capitânia para a Esquadra.

Com a conclusão da montagem da nova Estação Antártica, prevista para o próximo ano, modernas instalações e equipamentos estarão a serviço de pesquisadores e cientistas brasileiros.

Cabe ressaltar que, ao mesmo tempo em que desenvolvemos esses importantes programas, contribuímos para o crescimento econômico do país, incentivando a formação de novos técnicos e engenheiros, fomentando a pesquisa e inovação, desenvolvendo a indústria de defesa e seu grande potencial de geração de empregos.

Portanto, nesta data festiva, expresso o meu reconhecimento aos marinheiros, fuzileiros navais e servidores civis que, com abnegação e espírito de sacrifício, dedicam-se diuturnamente ao engrandecimento da Força, inspirados nos exemplos e nos valores deixados pelo nosso Patrono.

Ao conceder a Medalha Mérito Tamandaré a autoridades, instituições e personalidades civis e militares, em cerimônias que ocorrem nas diversas regiões do país e no exterior, expresso o profundo agradecimento pelos relevantes serviços prestados em apoio às nossas atividades.

Aos agraciados, meus sinceros cumprimentos! Parabéns aos marinheiros de hoje, de ontem e de sempre! Tudo pela Pátria! Viva a Marinha!

 

EDUARDO BACELLAR LEAL FERREIRA
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha

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