A Marinha de Guerra como instrumento estratégico

A manobra conjunta Northern Eagle 2012, com a participação da Rússia, dos Estados Unidos e da Noruega, acabam de terminar no Mar de Barents. Os exercícios, com componentes tanto humanitário, como de combate, integram a lista de manobras regulares conjuntas entre a Rússia e OTAN.

Que pode significar a dinamização da cooperação militar de Moscou com o recente adversário potencial?

Hoje, a Marinha de Guerra da Rússia cede consideravelmente pelo número de navios à Marinha da União Soviética – uma enorme quantidade de unidades de combate tanto obsoletas, como mais modernas, foram retiradas da Marinha sem quaisquer substituições.

O número de navios militares é suficiente hoje para participar em operações anti-pirataria no Golfo de Áden e efetuar navegações periódicas para zonas oceânicas importantes, mas a Rússia é incapaz por enquanto de manter agrupamentos permanentes nas regiões de seus interesses vitalmente importantes.

As manobras conjuntas da Marinha de Guerra da Rússia com as marinhas dos países da OTAN e de outros países, tornaram-se uma das formas mais frequentes da atividade da Marinha. Os analistas tentam frequentemente tirar conclusões sobre a orientação da política russa com base destes exercícios.

Ao mesmo tempo, nem a Northern Eagle e nem a RIMPAC, exercícios efetuados em junho e julho no Pacífico, ou as manobras conjuntas com a China e Índia, proporcionam argumentos suficientes para tirar conclusões sobre as aspirações da Rússia a um ou outro formato de aliança militar.

É possível falar justificadamente sobre uma aspiração de formar uma aliança militar eficaz só no caso das manobras da Rússia com os países-membros da OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva), bloco controlado por Moscou. Estas manobras são orientadas para treinar em primeiro lugar o sistema de comando de tropas e, posteriormente, todos os restantes aspetos, testemunhando que a Rússia considera a OTSC como um instrumento militar destinado para proteger a segurança dos países da aliança. Os exercícios com a OTAN, China e outros países perseguem um outro objetivo – o de esclarecer a possibilidade de ações conjuntas em caso de os interesses coincidirem em regiões-chave.

No Norte, em particular, tal interesse diz respeito à segurança da navegação e, no quadro das manobras Northern Eagle 2012, foram treinadas operações de socorro. Durante os exercícios, a Rússia e Noruega aperfeiçoaram a interação entre o Centro Naval de Socorro e de Coordenação de Murmansk e o seu homólogo norueguês na cidade de Bude.

Manobras semelhantes são úteis por permitir aos antigos adversários potenciais encontrar pontos de convergência. No caso concreto, os interesses da Rússia consistem em manter relações de parceria e, possivelmente, de amizade com outros playersimportantes – seja a OTAN ou a China, sem assumir quaisquer compromissos.

Podemos afirmar que esta política continuará a ser mantida: o número de manobras cresce e a sua geografia alarga-se constantemente.

FONTE: Voz da Rússia FOTO: US Navy

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