A necessidade da Marinha do Canadá de substituir os submarinos da classe Victoria

Submarino HMCS Victoria

Por Jéssica Barreto

Após 30 anos, a Royal Canadian Navy está levantando o debate sobre a necessidade de substituir seus submarinos para garantir capacidade de operação no mar.

No final de junho de 2021, representantes da Marinha anunciaram a criação de uma equipe dedicada a estruturar o plano de substituição dos submarinos da classe Victoria, antiga classe Upholder do Reino Unido. O movimento leva ao questionamento: qual o papel da indústria de construção naval canadense em suprir essa demanda?

HMCS Corner Brook atracado na Base Naval de Mayport EUA (2009)

Ainda no século XIX, como colônia do Reino Unido, a construção naval no país se desenvolveu pela necessidade de manter o comércio de madeira com a metrópole. Entretanto, a história do setor é marcada por ciclos de altos investimentos seguidos por grandes quedas. Esses ciclos de boom and bust prejudicam a capacidade de produção, a infraestrutura do setor e a curva de desenvolvimento tecnológico do país.

Na tentativa de criar previsibilidade e acabar com esses ciclos, foi lançada em 2010 a National Shipbuilding Strategy (NSS), que é a maior iniciativa a longo prazo de modernização da Marinha canadense. Uma das críticas levantadas por especialistas da área sobre a NSS foi a falta de planejamento para a substituição dos submarinos da classe Victoria, que se encontram sucateados.

Apesar de sua importância histórica para o poder naval, o Canadá apresentou dificuldades para substituir esses ativos, levando-os a obsolescência. O debate sobre a necessidade de substituição dos submarinos permeia o país desde os anos 1980. Por exemplo, a política de defesa do governo conservador de Brian Mulroney, lançada em 1987, propunha o desenvolvimento de submarinos com propulsão nuclear que garantiriam maior capacidade de atuação no Ártico. Entretanto, esse projeto foi cancelado poucos anos depois.

Em 1998 a classe Victoria foi adquirida para substituir a classe Oberon, em operação desde os anos 1960. Em parte, essa resistência que permeia a sociedade é fruto dos traumas vividos na Segunda Guerra Mundial pelos submarinos alemães. Além disso, a maioria dos submarinos na história do país, diferentemente das outras embarcações da Marinha, foram compras de oportunidade.

Dano extenso no HMCS Corner Brook, quando atingiu o fundo do oceano em junho de 2011. Foto CBC

Atualmente, os submarinoas da classe Victoria passa por um processo de modernização e revitalização das embarcações, que tem fim previsto para 2023. Para garantir a autonomia do país e demanda para a indústria, o ideal seria o desenvolvimento da futura classe usufruindo da estrutura de construção naval que está em plena atividade no Canadá, através da NSS. Além disso, é necessário pensar nas necessidades de operação que os submarinos não tem suprido, como as operações no Ártico que ficam dependentes da força dos EUA.

FONTE: Boletim GeoCorrente

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