Aben participa da inauguração da 7ª cascata de ultracentrífugas da INB

Na última quinta-feira, dia 30/08, a Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) compareceu à inauguração da 7ª cascata de ultracentrífugas, localizada na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende, no Estado do Rio de Janeiro. Resultado de uma parceria com o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen), esse é um passo fundamental na produção de urânio enriquecido no País, uma vez que foi ampliada em 25% tal capacidade em território nacional com os novos equipamentos. Isso significa que a INB agora tem condições de produzir cerca de 50% do necessário para uma recarga anual da usina nuclear Angra 1.



Estiveram presentes na cerimônia, por parte da Aben, a presidente Olga Simbalista, o 2º vice-presidente Luciano Pagano e o diretor João da Silva Gonçalves. Diversas autoridades também marcaram presença no evento, como o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab; o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Brigadeiro Paulo Pertusi; o presidente da INB, Reinaldo Gonzaga; o diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha do Brasil, Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior (representando o comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira); o secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Elton Santa Fé Zacarias; e o diretor Técnico de Enriquecimento Isotópico da INB, Contra-Almirante Álvaro Luís de Souza Alves Pinto, entre outras ilustres figuras de instituições como a própria Marinha, Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), Agência Naval de Segurança Nuclear e Qualidade, Eletronuclear, Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc), Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul) e Câmara de Vereadores de Itatiaia.

Primeiro a discursar, Reinado Gonzaga ressaltou a importância de o Brasil ter chegado ao seleto patamar de país que domina o enriquecimento isotópico de urânio, uma das etapas do sofisticado processo de produção do combustível nuclear e atribuiu a inauguração da sétima cascata à competência e à dedicação daqueles que atuam na área nuclear, em especial na INB. O presidente da empresa também assinalou que o Brasil sabe como enriquecer urânio de forma mais eficaz que outros países, graças a esforços e talentos nacionais.

“Chegamos à sétima cascata de enriquecimento de urânio e não vamos parar por aqui. Já realizamos quatro das cinco etapas de produção do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento de urânio, a produção de pó e pastilhas de dióxido de urânio, a fabricação e a montagem do elemento combustível. Como já temos o conhecimento necessário, esperamos poder realizar no futuro a etapa de conversão em escala industrial. E, assim, teremos a total independência produtiva nos processos do ciclo do combustível nuclear, motivo de orgulho para qualquer país que já tenha obtido essa conquista. Estamos trabalhando incansavelmente para que possamos fazer da INB uma das mais expressivas fabricantes de combustível nuclear do mundo e em condições de ocupar um lugar de destaque no mercado internacional”, declarou Gonzaga.

Na visão do Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, a 7ª cascata de ultracentrífugas, que é a primeira do módulo 3, é um marco significativo para a ampliação da infraestrutura industrial brasileira na área nuclear. “Entre os diversos desafios tecnológicos para o domínio do ciclo do combustível nuclear, o enriquecimento isotópico do urânio é a etapa de maior complexidade, somente alcançada por um seleto grupo de 12 países. A INB vem empregando essa tecnologia para produção de urânio enriquecido no país, reduzindo a importação desse serviço tecnológico de elevado valor agregado, e suprindo as demandas nacionais por combustível nuclear, em particular para os reatores da Eletronuclear em Angra dos Reis. Em 13 de julho de 2000, a INB assinou com a Marinha o contrato que viabilizou este empreendimento”, enfatizou.

O ministro Gilberto Kassab lembrou que o País atravessa um momento de limitação de recursos orçamentários e frisou a importância que o aumento da capacidade de enriquecimento de urânio tem para reduzir, significativamente, os custos do setor nuclear. Para ele, com todas as parcerias que possui, a INB proporciona aos brasileiros uma demonstração de capacidade de eficiência. “Com a inauguração de mais essa cascata, nós consolidamos a credibilidade de nosso programa nuclear e o apoio da sociedade brasileira, no sentido de todos entenderem que estamos no rumo certo. Que possamos mostrar ao próximo governo o quanto serão importantes os investimentos necessários para atingirmos os objetivos. Nós nos esforçaremos muito para que seja entendido pelo próximo governo que essa finalização é uma prioridade para o nosso País”, pontuou.

Em seguida, ocorreu o descerramento da placa de inauguração da sétima cascata de ultracentrífugas da usina de enriquecimento isotópico de urânio. A inauguração faz parte da 1ª fase da implantação da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio, projeto em conjunto com a Marinha do Brasil, que visa à instalação de dez cascatas de ultracentrífugas, e deverá, ao fim, atender cerca de 70% da demanda de urânio enriquecido necessário para uma recarga de Angra 1. Já a segunda fase, prevista para ser iniciada em 2020, visa à instalação e ao comissionamento de mais 30 cascatas de ultracentrífugas, o que dará à INB capacidade para atender plenamente as recargas de Angra 1 (capacidade elétrica instalada de 640 megawatts – MW) e Angra 2 (1.350 MW), em operação, bem como Angra 3 (1.405 MW), em construção, atingindo uma escala comercialmente sustentável de produção.



Usina de Enriquecimento de Urânio da INB – Desde o ano 2000, já foram investidos R$ 560 milhões no empreendimento e a previsão é que até 2033 o aporte total chegue a R$ 3 bilhões. A primeira fase deverá terminar em 2021. Os módulos que receberão as cascatas 8, 9 e 10 deverão ter a sua infraestrutura terminada em 2018. Os inícios de comissionamento deverão ser em 2019 (cascata 8), 2020 (cascata 9) e 2021 (cascata 10). Com a conclusão da segunda fase, o empreendimento atenderá à meta estratégica da INB de reduzir a sua dependência em relação aos recursos financeiros provenientes do Tesouro Nacional.

O Brasil faz parte de um seleto grupo de 12 países reconhecidos internacionalmente pelo setor nuclear como detentores de instalações para enriquecimento de urânio com diferentes capacidades industriais de produção. São eles: Estados Unidos, China, França, Japão, Paquistão, Rússia, Holanda, Índia, Irã, Alemanha e Inglaterra.

FONTE: ABEN


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