Bases militares mudam a rotina

Fuzlieiros americanos. Foto Sgt. Jennifer Schubert)




Por Ben Kesling

JACKSONVILLE – Após 13 semanas de cansativo treinamento básico no campo de treinamento do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA em Parris Island, S.C. e San Diego, os novos fuzileiros navais, que por décadas marcharam em uma cerimônia de graduação, frequentada por multidões de familiares e amigos aplaudindo, tiveram uma pausa, por enquanto.

Bases militares estão implementando novas restrições às tropas, à medida que tentam limitar a disseminação do novo coronavírus. A cerimônia de graduação dos Fuzileiros Navais continuará, mas agora só pode ser visualizada online. Os fuzileiros navais recém-formados não têm permissão para ir para casa após a formatura e, em vez disso, serão enviados diretamente para a próxima fase do treinamento.

Ao mesmo tempo, bases em todo o país estão medindo com o quanto recuar, cientes de que quaisquer limitações significativas no adestramento podem representar uma ameaça à segurança nacional. Oficiais Superiores disseram que estão lutando para encontrar o equilíbrio certo e as políticas estão mudando a cada minuto. Reduzir muito as operações “pode ​​absolutamente paralisar ou enfraquecer a força”, disse o Secretário do Exército Ryan McCarthy. Mas ele disse que mudanças mais significativas podem ser necessárias.

McCarthy disse que os comandantes estão pedindo às tropas e civis que façam o máximo de trabalho a distância (home office) possível, reduzam o pessoal essencial da missão e repensem os movimentos de grandes unidades para ações como adestramento, lições aprendidas dos comandantes na Coréia do Sul e da Itália.

“Ainda precisamos estar aptos a incrementar a força mesmo sob essas condições, sendo franco, extraordinárias que nenhum de nós já enfrentou antes”, disse ele.

Um problema em potencial: enquanto as bases permanecerem abertas, soldados e funcionários que vivem fora da base podem facilmente levar o vírus com eles quando entrarem diariamente nas instalações.

Décadas atrás, os militares começaram a incentivar a vida fora da base, fornecendo subsídios à habitação para o pessoal graduado e militares casados. Agora, dezenas de milhares de militares viajam de suas casas nos subúrbios para seus quartéis.

Se os militares declarassem um bloqueio, com as tropas confinadas à base, as famílias teriam que acompanhá-las ou seriam forçadas a morar na cidade, separadamente.

“Fazer uma quarentena massiva, mantendo as tropas aquarteladas simplesmente não é possível para nós”, disse o capitão de marce guerra Brien Dickson, comandante da base Naval em Point Loma, Califórnia. “Não temos capacidade para abrigar todos na base.”

A base estava inicialmente focada na prevenção, mas depois que um marinheiro testou positivo para o vírus no domingo, a mentalidade mudou.

“Então ficou claro que precisamos pensar: como cuidar das pessoas infectadas?” disse o capitão de mar e guerra Dickson.

Milhares de civis vêm à base todos os dias porque as Forças Armadas se tornaram dependentes de legiões de funcionários civis ou militares da reserva que ocupam várias posições, desde trabalhar junto a generais e almirantes, a tirar o lixo ou a trabalhar nos refeitórios.

Nas cidades próximas das bases, os soldados decidem sobre o quanto recuar socialmente, embora seus comandos tenham dito para praticar o distanciamento social e muitos governos locais estejam fechando bares e restaurantes.

Foto US Marine Corps/Cpl. Vivien Alstad

Por enquanto, os militares continuam o que consideram treinamento essencial à missão, como treinamento de campo ou exercícios de adestramento importantes, com horários definidos com meses de antecedência e difíceis de reverter, e se atrasados ​​podem causar efeitos colaterais em toda a força.

“No momento, continuamos treinando os fuzileiros navais da mesma maneira que sempre treinamos”, disse o porta-voz da Parris Island, suboficial Bobby Yarborough. Oficiais superiores dizem que as coisas estão mudando a cada minuto, e mesmo o treinamento pode precisar ser reavaliado.

McCarthy, do Exército, disse que, se a disseminação continuar, reavaliará o campo de treinamento. “Este é um novo terreno para nós”, disse ele.

Fonte : Wall Street Journal

Tradução e adaptação : Marcio Geneve

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