‘Brasil é um país estratégico no combate ao cibercrime mundial’

rsa lock

RSA, empresa referência em segurança on-line, abre em SP seu terceiro centro de investigação. No grupo dos dez mais visados no mundo em 2013, Brasil perdeu cerca de R$ 190 milhões em golpes on-line.

A RSA, divisão de segurança da multinacional de tecnologia EMC, inaugurou no Brasil o terceiro escritório de sua unidade de combate a crimes cibernéticos –os outros ficam nos EUA e em Israel.

Os “agentes secretos” da área de inteligência da empresa ficarão em Campinas, em São Paulo, cidade escolhida pela por concentrar atividades de pesquisa, diz Moran Adrian, 30, gerente sênior de soluções técnicas de projetos na área de gerenciamento de ameaças da RSA. Graduada em psicologia, Adrian estudou tecnologia de negócios e design de análise de sistemas pela Universidade de Nova York.

A equipe do Brasil vai se dedicar à investigação e reporte de fraudes on-line na América Latina. O grupo é uma extensão dos AFCC (sigla em inglês para Centro de Comando Antifraudes).

Adrian é israelense e trabalha no AFCC de Israel, onde são feitas as principais pesquisas contra crimes on-line no mundo. Segundo ela, o Brasil é um mercado estratégico e, por isso, cada vez mais atrativo para criminosos do mundo digital.

O Brasil no crime

O Brasil é a maior comunidade de crimes cibernéticos do mundo em se tratando de temas financeiros, gerando mais malwares do que o Leste Europeu, que é para onde tradicionalmente é desviado o dinheiro roubado.

Essa região [Leste Europeu] e a Rússia criam malwares bastante complexos e sofisticados para roubo de senhas e dados pessoais.

Submundo

A nossa área de gerenciamento de ameaças é composta por três grupos: antifraude, inteligência e pesquisa. São cerca de 150 analistas que trabalham em turnos, 24 horas, todos os dias. Já desmontamos cerca de 800 mil ataques em 187 países.

A equipe de pesquisa trabalha no controle de ameaças anti-trojan, e a de inteligência com agentes que atuam infiltrados na “deep web”, reconhecendo comunicações e mensagens de fraudadores. No centro de Campinas, os analistas fazem parte das duas últimas áreas. O principal objetivo é reunir dados sobre criminosos da região e suas especificidades.

Internet profunda

A equipe brasileira descobriu na “deep web” a primeira loja de números de cartões de crédito dedicada exclusivamente ao mercado latino-americano, com 60 mil unidades oferecidas e atualizada diariamente.

Outras descobertas incluem páginas para prática de “phishing” e o compartilhamento gratuito de geradores de números de cartões de crédito. Os números obtidos podem ser utilizados para fazer compras em lojas on-line que não validam o cartão no momento do pagamento. Havia, inclusive, uma oferta de gerador que vinha com uma lista de lojas brasileiras. Há um ano, foi encontrada uma campanha em um fórum secreto na Rússia que queria atingir cerca de 30 bancos dos EUA, em um único ataque.

Prejuízos bilionários

Foram registrados no mundo, em 2013, 450 mil ataques on-line, gerando perdas de US$ 5,9 bilhões. Colômbia e Brasil estão na lista dos dez países foco de “phishing”.

O Brasil foi alvo de 39% dos crimes praticados na região e teve perdas estimadas em US$ 86 milhões (cerca de R$ 190 milhões). A maioria dos malwares é direcionada para Windows, mas em 2013 achamos um trojan para Linux.

FONTE: Folha de São Paulo – Stefanie Silveira 

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