Brasil testa monitoramento das fronteiras durante operação militar

sisfron

Por Andréa Barretto

O Escritório de Projetos do Exército (EPEx), criado em 2012, avalia, propõe, coordena e integra os esforços para viabilizar a realização de projetos estratégicos do Exército Brasileiro, com características de grande porte associadas à complexidade tecnológica e financeira. Até o momento, esses projetos incluíram Guarani, Defesa Cibernética, Defesa Antiaérea, Proteger, Recop, Astros 2020 e Sisfron.

Diálogo está apresentando cada um dos projetos, seus objetivos e desafios, assim como novos desdobramentos, em uma série de reportagens semanais. A desta semana destaca o Sisfron.

O Exército Brasileiro prepara-se para submeter o Projeto Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) ao primeiro teste. Em junho, o aparato instalado na região da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados, em Mato Grosso do Sul, será empregado na Operação Ágata.

“Esta será nossa oportunidade de verificar o funcionamento do sistema. Vamos testar se os dados serão transmitidos a contento, para que possamos fazer os ajustes necessários”, diz o supervisor do Sisfron, Coronel Ary Pelegrino Filho.

O Sisfron é um dos sete projetos estratégicos do Exército Brasileiro e consiste em um sistema integrado de sensoriamento, de apoio à decisão e de emprego operacional, cujo propósito é fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira. A iniciativa prevê a instalação na região fronteiriça de um conjunto abrangente de recursos tecnológicos capaz de prover com informações as unidades militares, apoiando, dessa forma, as tomadas de decisão.

A 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados abriga o projeto-piloto do Sisfron, inaugurado em novembro de 2014. O projeto-piloto está divido em três subsistemas. O primeiro é o de sensoriamento e apoio à decisão, que compreende toda a parte de equipamentos de comando e controle fixos e móveis, radares, sensores, software de leitura de dados.

O segundo é o de apoio à atuação e corresponde a equipamentos individuais do soldado, veículos, embarcações e “tudo aquilo necessário para permitir que o Exército atue para conter as forças adversas”, diz o coronel.

O terceiro subsistema são as obras de engenharia, que incluem a construção de instalações físicas como garagem para os veículos e alojamentos para as tropas, além da reforma necessária para suportar o uso dos equipamentos eletrônicos adquiridos.

“Já entregamos ao projeto-piloto 100% do que está previsto para a parte de apoio à atuação e 50% do que está previsto em relação ao sensoriamento”, diz o Coronel Pelegrino. “Quanto às obras de engenharia, podemos dizer que quase 70% delas estão concluídas”, detalha o supervisor do projeto, lembrando que esses subsistemas estão em fase de integração, e é exatamente isso que será testado durante a Operação Ágata.

Essa será a nona edição da operação, coordenada pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A iniciativa é realizada em pontos estratégicos da fronteira brasileira com o objetivo de coibir delitos como narcotráfico, contrabando, tráfico de armas, crimes ambientais, imigração e garimpo ilegais.

Projeto solidifica fase piloto e adquire drones

A maioria das unidades que compõem a 4º Brigada de Cavalaria Mecanizada estão espalhadas na divisa com o Paraguai, em uma área de cerca de 600 quilômetros, no Mato Grosso do Sul. O projeto-piloto do Sisfron busca alcançar toda essa extensão.

As autoridades militares esperam que a fase piloto termine em 2016. Desde a criação do Sisfron, em 2013, o governo investiu cerca de R$ 1,3 bilhões na iniciativa, o que equivale a cerca de 11% do orçamento total do projeto.

Em 2015, um investimento de R$ 480 milhões está previsto para dar seguimento à implantação do projeto-piloto na região de responsabilidade da 4ª Brigada. O Coronel Pelegrino diz que uma pequena parte desse montante – R$ 40 milhões – já foi recebida e está sendo direcionada principalmente ao consórcio de empresas responsáveis por fazer a integração do aparato instalado em Dourados.

Além de caminhar para a conclusão da fase piloto, o planejamento para 2015 inclui o início do processo licitatório para aquisição de aeronaves remotamente pilotadas que serão usadas para a vigilância das áreas onde os sensores serão instalados.

Segunda etapa do Sisfron leva projeto ao norte e ao sul do país

Na sua próxima fase, o projeto vai se estender em direção ao norte e ao sul do Brasil. No norte, o Sisfron será acolhido pela 13ª Brigada de Infantaria Motorizada e pela 17ª Brigada de Infantaria de Selva. A 13ª Brigada tem sede em Cuiabá, no Mato Grosso, estado que tem 780 km de fronteira com a Bolívia. Já a 17ª Brigada fica em Porto Velho, capital de Rondônia, mas tem unidades também no Acre. Rondônia tem 1.342 km de fronteira com a Bolívia, enquanto o Acre faz fronteira com o Peru numa faixa de 1.430 km.

No sul do país, o Sisfron alcançará a área pela qual responde a 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, no Paraná, estado que tem região de fronteira com Paraguai (208 km) e Argentina (293 km).

Em 2015, também serão adquiridos viaturas leves, viaturas do tipo guindaste, embarcações de patrulha e equipamentos para uso individual dos soldados, cujo destino serão as unidades que irão fazer parte da segunda etapa do Sisfron. A intenção é que a segunda etapa comece em 2016, com início do processo de contratação já neste ano.

O Sisfron foi planejado para concluir sua execução em 10 anos, a partir de 2012, e alcançar quase 17 mil km da fronteira brasileira. A expectativa é colaborar para a redução da criminalidade nas áreas limítrofes com outros países, por meio da parceria entre o Exército e as diversas agências envolvidas com a segurança pública.

FONTE: Diálogo-Américas

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