Com preocupação após Paris, Abin monitora curiosos sobre EI na internet

Imigrantes também são acompanhados pela agência de inteligência. De olho nas Olimpíadas, agência dialoga com shoppings, bares e hotéis.

Por Tahiane Stochero e Carolina Cruz

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) possui atualmente alguns “alvos” na área de terrorismo, pessoas que são acompanhadas e monitoradas com atenção “porque sobre elas pesa algum tipo de suspeição” de que possam se envolver mais ativamente, cooptar ou fornecer alguma forma de apoio a ações no país, informou o diretor-geral da agência, Wilston Trezza.

Entre os perfis que preocupam a Abin está o de pessoas que demonstram interesses por grupos de terroristas, como o Estado Islâmico, por meio de redes sociais. “E não [são] poucos, muitos. Alguns se envolvem um pouco mais”, diz Trezza.

“O acesso as redes sociais hoje é uma parte considerável do dia a dia de todas as pessoas. E há pessoas que se interessam, por curiosidade, ou desperta o interesse, alguns se envolvem um pouco mais. Mas o fato de estarem acessando o site e fazendo contatos internacionais não significa que passaram a ser uma ameaça para o país”, explica.

Outro foco de atenção são estrangeiros que passam pelo país ou imigrantes, como.
Conforme o diretor-geral da Abin, “é natural” que haja perigo de que, entre os refugiados possa haver integrantes destas organizações.
Fluxo migratório
“Temos hoje esse fluxo migratório muito grande. Assistimos pela televisão as pessoas tentando entrar em outro país a pé. Uma infinidade de pessoas, crianças, adultos, idosos e um controle absolutamente eficaz é difícil. Mas é possível que entre duas, três, quatro, cinco mil pessoas se dirigindo para determinada localidade, alguém seja integrante de alguma organização terrorista”, afirmou o diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, em Brasília.
Após os ataques em Paris, na França, reivindicados pelo Estado Islâmico e que deixaram ao menos 129 mortos e mais de 350 feridos, a Abin começou um trabalho de conscientização junto à iniciativa privada sobre a importância do tema, em especial devido à preparação para as Olimpíadas, que serão realizadas no Rio de Janeiro em 2016.

Conforme o diretor de contraterrorismo da agência, Luiz Sallaberry, um encontro já foi realizado com shopping centers, e também será realizada uma reunião incluindo bares, restaurantes e hotéis do país para aumentar a troca de informações.

Conforme o diretor-geral da Abin, os ataques de Paris mudaram o foco de preocupação em relação a ataques isolados provocados por uma pessoa sozinha – chamados de “lobos solitários” -, pois, na capital francesa, várias pessoas realizaram atos isolados, mas salientou que não há indicação de grupos com estrutura para a realização de ações de terror no Brasil.
Sem indicação
“Não temos nenhuma indicação de que grupos estejam atuando no Brasil nesse sentido. São pessoas individualmente fazendo contatos. Há até a possibilidade de que vários dos que fazem contato de alguma maneira tem uma relação entre si. Não identificamos. Agora, no dia a dia, em nossas relações internacionais, temos a convicção de que não somos alvo de terrorismo”, salientou.

“A Abin não é um órgão consultivo, mas troca informações, e um dos assuntos que nós damos atenção é a entrada de estrangeiros em território nacional. Caso haja alguma suspeita por qualquer órgão ou uma suspeita originada na própria Abin sobre determinado estrangeiro, alertamos”, afirmou o diretor Luiz Alberto Sallaberry.

FONTE: G1

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