Como Nós Lutamos no Século Vinte e Um: Ganhando Batalhas Enquanto Perdemos Guerras

Por Bing West
Traduzido por Francisco José Dominguez

Este ensaio aborda os motivos pelos quais a América está se desempenhando pobremente nas guerras do Século 21. Guerra é o ato de destruir e matar até que o inimigo esteja moralmente alquebrado, e não mais resista aos objetivos de nossa política. Mas o Presidente Obama evita a guerra que ele diz estar lutando. Nossos generais impuseram regras de engajamento que tornam a guerra mais longa e aumentam as baixas civis. Nossos inimigos não nos temem, e nossos aliados não confiam em nós. A América está lutando uma guerra sem direção ou liderança.

Planejando as Diretrizes

Nós invadimos, tanto o Afeganistão como o Iraque, com planos incompletos e forças inadequadas para estabelecer a segurança e a governabilidade pós-guerra. Após vencer a primeira batalha em ambos os países, o Presidente George W. Bush decidiu, sem preparação prévia, construir nações democráticas, uma tarefa para a qual o nosso Departamento de Estado e a USAID não tinham competência ou interesse. Por falta de outro órgão, a missão coube aos nossos militares, também sem competência, mas dotados de incansável devoção e determinação.

Em ambos os países, nossos verdadeiros inimigos eram guerreiros violentos, determinados a vencer ou morrer. Para nós, as guerras eram limitadas – lutadas com poucas forças e muitas restrições. Quando os Islâmicos se mostraram empenhados em uma luta sem limites, nós invertemos o rumo e recuamos. É verdade que o Presidente Bush aumentou as forças americanas no Iraque em 2007 e isto estabilizou o país. No entanto, em 2008 ele estabeleceu um acordo, com o sectário e traiçoeiro Primeiro Ministro Nouri al-Maliki, visando retirar todas as tropas Americanas até 2011. Ele jogou fora o seu sucesso.

Quando 2011 chegou, o Presidente Barack Obama contrariou as recomendações da comunidade de inteligência, do Pentágono, e do Departamento de Estado. Ao invés de manobrar politicamente para manter uma força residual, de forma a equilibrar os instintos obscuros de al-Maliki, Obama retirou todas as nossas tropas. Ele cumpriu a promessa tola de Bush. Al-Maliki então passou a oprimir os Sunitas, levando à reemergência dos extremistas, agora chamados de Estado Islâmico. Obama desistiu, mas Bush tornou as coisas mais fáceis, para que ele tomasse essa decisão.

O Sr. Obama alegou que o Afeganistão era a guerra que tinha que ser vencida. Mas, como no Iraque, ele buscou foi uma saída. Para evitar um colapso humilhante antes de sua saída da Casa Branca, ele manterá talvez uns oito mil soldados americanos naquele país, em 2016.

No final, os resultados no Iraque ou no Afeganistão não valeram a pena em perdas Americanas, dinheiro, e influência global. Diversas lições políticas podem ser daí extraídas.

Primeiro, o Pentágono deve estimar, para o presidente, quanto tempo será necessário para atingir um estado final, desejado no pós-guerra. No Iraque e no Afeganistão, isto significava ficar por vinte anos ou mais. Desde o início, Bush deixou de explicar isto ao público. Ele nem tentou criar as condições, no Congresso e na imprensa, para uma presença de longo prazo, como na Coréia do Sul.

Segundo, se nossas tropas estão matando e morrendo, porque as tropas locais não são capazes o suficiente para se aguentarem por si, então os nossos comandantes têm o direito e a obrigação de selecionar os líderes dessas forças locais. Os diplomatas Americanos escolheram Karzai e Maliki por detrás dos bastidores. Ambas as escolhas foram desastrosas. E, no entanto, devido a uma impensada fidelidade à palavra “democracia”, nós permitimos que esses egocêntricos e incompetentes líderes “eleitos” promovessem quem eles escolhessem, nas fileiras da polícia, das forças armadas e das outras agências governamentais. Como a Grã-Bretanha, antes de nós, éramos uma potência colonial. Mas, ao contrário dos Britânicos, nós não selecionamos os comandantes dos exércitos locais que estávamos treinando, equipando e pagando.

photo by Staff Sgt. Stephen J. Otero, U.S. Air Force. (Released)

Terceiro, nós concedemos santuários ao inimigo. Nossos militares, após o Vietnã, tinham jurado nunca mais lutar tal tipo de guerra. Mas nós esquecemos desta promessa. Invadimos o Afeganistão em 2001 para destruir a al-Qaeda. Em Dezembro de 2001, o núcleo daquela organização e os seus principais líderes foram encurralados numa região montanhosa chamada Tora Bora. Ao invés de empregar uma brigada próxima de Fuzileiros Navais e forças de operações especiais, o comandante Americano, General Tommy Franks, apoiou-se nos senhores da guerra Afegãos, cujas tropas heterogêneas permitiram que a força da al-Qaeda se deslocasse, através da fronteira, para o Paquistão. Aquele foi um grave e desnecessário erro militar. Então, num triunfo do legalismo sobre o bom senso, Bush decidiu não cruzar as fronteiras em contínua perseguição, para destruir os terroristas em fuga.

O Afeganistão se deteriorou continuamente após isto. No entanto, nós persistimos por quatorze anos em lutar com um inimigo, ao mesmo tempo que lhe dávamos um santuário de 1500 milhas de extensão. Similarmente, nós sabíamos onde estavam os esconderijos na Síria, logo junto à fronteira com o Iraque. Mas nós não as bombardeamos. Nós concedemos santuário aos nossos inimigos.

Quarto, em tais países nós deveríamos influenciar a política por meios secretos, como nós fizemos na Europa após a Segunda Guerra Mundial, e ocasionalmente durante a Guerra Fria. Isto inclui canalizar dinheiro, ter canais de comunicação e facilidades de transporte. A Política determina quem recebe o quê, quando e porquê. Lutam-se guerras para moldar objetivos políticos. Influenciar a política local durante uma guerra deve ser uma meta e não um marco “fora-dos-limites”.

photo by Staff Sgt. Adam Mancini, U.S. Army. (Released)

Quinto, nós decidimos não capturar nosso inimigo. No século vinte, muito mais combatentes foram capturados do que mortos. Hoje, nós não capturamos ninguém. As chocantes fotografias de Abu Ghraib, a tempestade política sobre a tortura por afogamento simulado e o compromisso de Obama em fechar Guantánamo e processar terroristas como se fossem criminosos, forçaram nossos militares a entregar todos os inimigos capturados aos corruptos agentes Iraquianos e Afegãos. A maior parte dos que estavam na prisão agora estão livres, enquanto as guerras continuam. Nossas tropas chamam a isto “prende-e-solta”. A América não tem um sistema judicial compreensível, para lidar com a guerra no século vinte e um.

Sexto, nós, retoricamente, permanecemos em guerra, ao mesmo tempo que nos recusamos a lutar com determinação. Como lutamos? A administração lança um ou dois ataques com “drones” (veículos não tripulados) a cada mês. Os porta-vozes da Casa Branca têm se vangloriado de que o presidente rotineiramente revê os dossiês e seleciona aqueles a serem mortos. Um comandante-em-chefe decidindo sobre uma tática de combate, traz à tona uma discussão sobre prioridades da administração. Também assinala uma incapacidade em pensar estrategicamente, ilustrando que ele vê a guerra como um conjunto de decisões individuais moralmente dolorosas, para matar cerca de cem inimigos a cada ano.

Ocasionalmente, a Casa Branca complementará os ataques com “drones” com um ataque por nossas forças de operações especiais, principalmente os SEALs. Isto propicia uma imprensa enormemente favorável, projetando uma imagem de invulnerabilidade das “superestrelas” Americanas. Não é de se espantar que cada SEAL se esforce por receber o máximo de publicidade. Distribuir fotos de todo o Conselho Nacional de Segurança hipnotizado pelo vídeo de um ataque em andamento por um pelotão, mostra o instinto estratégico de focalizar nos detalhes capilares.

A Guerra é o ato de, sem descanso, destruir e matar, até que o inimigo esteja física e moralmente alquebrado, e não mais resista aos nossos objetivos políticos. Por esta definição, Obama evita a guerra. Ele declarou que o Estado Islâmico será destruído. Mas suas ações não corroboram suas palavras.

Sétimo, nossas frágeis diretrizes de combate, ao longo dos últimos sete anos, têm gravemente diminuído o respeito de nossos adversários e a confiança de nossos amigos. Nós nos recusamos a fornecer armas à Ucrânia, depois que os Russos invadiram. Após estabelecer uma “linha vermelha”, se Assad usasse armas químicas, Obama pediu à Rússia que o ajudasse a sair da enrascada. Agora, as aeronaves Russas na Síria estão bombardeando os rebeldes que Obama armou na esperança de derrubar Assad. No Iraque, tropas Iranianas substituíram as tropas Americanas. A justificativa de Obama é que ambos, Irã e Rússia, não conseguirão nada além do que ele já conseguiu. Ao mesmo tempo, Obama assinou um acordo nuclear com o Irã, e levantou as sanções, sem submeter o tratado ao Senado. Resumindo, Rússia e Irã minaram a credibilidade e o poder militar Americanos no Oriente Médio, enquanto a China rouba numa escala gigantesca no cyberespaço e exerce controle sobre o Mar do Sul da China.

Correntemente, a América deixou de ser um dos principais protagonistas nos jogos de poder do Oriente Médio. A menos que confrontado com um absoluto desastre, Obama terminará sua presidência sem aplicar mais força nenhuma além de um bombardeio ocasional contra o Estado Islâmico. Rússia e Irã permanecerão como os atores militarmente dominantes, junto com o Estado Islâmico. Sob influência Iraniana, o Iraque permanecerá em guerra, dividido entre as áreas Xiitas e Sunitas.

Lutando a Guerra

Fizemos um péssimo trabalho no planejamento das diretrizes. Mas como estamos indo no campo de batalha? Como é esta forma que nós lutamos, que seja realmente diferente da do século vinte?

A diferença mais óbvia é a nossa esmagadora superioridade convencional. Isto ficou claro quando retomamos o Kuwait em 1991. E foi reforçada pelas invasões do Afeganistão em 2001 e do Iraque em 2003. O mundo nunca viu coisa semelhante. Sim, Alexandre, Cesar, Gengis Khan, Napoleão…tem havido numerosos exércitos vitoriosos e conquistas. Mas nenhuma como esta, nenhuma com tal alcance global e com tão poucas baixas.

F-117A Nighthawk, Photo by TSgt Marvin Lynchard

O que aconteceu aqui, e por que? No século vinte, as principais guerras foram lutadas numa escala industrial. Os combatentes dos lados oponentes possuíam o mesmo conjunto de armas convencionais, metralhadoras, artilharia, tanques, navios, veículos e aeronaves. Na década inicial do século vinte e um, somente a América pode rapidamente, e a baixo custo, destruir todas as armas possuídas por qualquer outro país.

Por que? Porque por um curto período – duas ou três décadas? – nossa tecnologia militar ultrapassou a do resto do mundo. A União Soviética tinha entrado em colapso, a China não tinha nos alcançado, e nenhuma outra nação hostil estava, nem remotamente, na nossa faixa tecnológica. O mais importante foi o nosso passo adiante em vigilância, detecção e destruição ar-solo. Militares não podem se mover ou serem abastecidos sem veículos. Qualquer tubo de artilharia, qualquer motor de combustão interna, qualquer face humana emite calor, que brilha como um holofote. Use qualquer computador ou telefone celular, caminhe ao ar livre, dirija ao longo de uma estrada – e alguém lá em cima estará observando, eletronicamente ou fisicamente. Nossa vigilância e poder de fogo ar-solo são espantosos.

E, no entanto, nós não vencemos as batalhas, e muito menos as guerras, no Iraque e no Afeganistão. Por que? Simples: o inimigo se adaptou. Ele despiu seu uniforme e usou a nossa moralidade e nossa confusão como jiu-jitsu para superar nossas vantagens tecnológicas. Escondendo-se entre as pessoas, ele estava a salvo de nosso poder de fogo. O inimigo vivia em cidades e vilas, ou se escondia do outro lado da fronteira, reunindo-se em pequenos grupos e escolhendo quando e onde iniciar o contato com nossas patrulhas. A tática de fogo e manobra, da era Vietnã, se foi. Nossos soldados usam blindagem e equipamentos pesando cerca de noventa libras (45 kg). Eles não conseguem correr cem metros sem ficarem exaustos. Assim, quando o inimigo dispara, a patrulha se abaixa e devolve um volume mortal de fogo dirigido. O problema é que raramente se vê um alvo, porque o inimigo não é estúpido. Ele escolheu uma posição oculta antes de abrir fogo. A maior parte das escaramuças duram menos de quinze minutos, porque, uma vez que uma aeronave chegue sobre a cena, o inimigo está condenado. De modo que ele atira e corre. E assim, a guerra vai se prolongando, porque o inimigo não cometerá o suicídio de se agrupar ou de usar uniformes.

Photo by Mark Wilson/Getty Images

Os Islâmicos, no Iraque e no Afeganistão, não lutaram ferozmente e defenderam suas posições contra nossas tropas. Nosso treinamento, habilidades de tiro e poder de fogo eram arrasadores. O inimigo poderia ser um rapaz do campo, um terrorista do Iêmen, um antigo soldado do Iraque, um jovem de uma madrassa Paquistanesa, um Taliban de Kabul, qualquer um. Todos eles aprenderam a ficar a mais de quatrocentos metros das tropas Americanas, porque todo infante tem agora uma mira telescópica e a maioria é qualificada como atirador de elite.

O bombardeador suicida era uma ameaça aos nossos veículos e postos de vigia fixos. Mas isto nunca cresceu a ponto de ser uma enorme ameaça. Os vídeos do YouTube, postados pelo Estado Islâmico, das batalhas de 2015 no Iraque, sugerem um crescimento exponencial. Das evidências anedotais, parece que o caminhão bomba suicida é tão ameaçador como eram os kamikaze durante a campanha de Okinawa em 1945.

Não havia solução para o dispositivo explosivo improvisado (IED – improvised explosive device). Havia centenas deles, porque misturar combustível e fertilizante e acondiciona-los em uma garrafa plástica e fácil demais para ser impedido. Os IED terão de ser tolerados num campo de batalha, da mesma forma que é tolerado o rifle. É uma ferramenta simples e, portanto, comum. Não devemos esquecer que, no Vietnã, nós perdemos mais de 10.000 para minas e armadilhas – 20 por cento de todas nossas baixas.

O que era novo, nas nossas guerras no Iraque e no Afeganistão, não era a profusão de IEDs e minas terrestres; mas, em lugar disto, era a redução no número de baixas fatais Americanas. Muito tem sido escrito sobre a “hora mágica”, significando levar todos os feridos para uma estação de ajuda dentro de sessenta minutos. É verdade que a relação de feridos para mortos caiu de 4 para 1 no Vietnã, para 7 para 1 no Iraque. A razão subjacente era o melhor treinamento em salvar vidas, ensinado em todos os pelotões, junto com o torniquete. A maior parte dos feridos morre por perda de sangue. Eles sangram, porque o torniquete é inadequado. Hoje não é mais assim. O torniquete moderno, com seu sistema “torce e prende”, é, para o soldado, um des envolvimento tão importante quanto foi o estribo para o cavaleiro.

No Iraque e no Afeganistão, a doutrina de contra insurgência prevaleceu. Na prática, isto significava que nossas tropas patrulhavam, caminhando cerca de três milhas por dia, com equipamento pesado, em formações de quinze a vinte homens. A ideia era limpar uma área habitada, dominada pelo inimigo, passando por ali repetidamente. Uma vez que o inimigo recuasse ou fosse morto, o pelotão ou companhia amigos manteriam aquela área até que as forças Iraquianas ou Afegãs fossem capazes de a manter sozinhas. As forças locais, em conjunto com os administradores locais, deveriam então usar fundos Americanos para projetos de construção, de modo que o povo pudesse ver uma razão material para apoiar o seu governo.

Militarmente, o objetivo era ganhar o povo. Assim, as regras de engajamento foram elaboradas para criar limites severos quanto ao uso de poder de fogo indireto (morteiros, artilharia, foguetes ou bombas). Até mesmo uma única baixa civil causava reclamações amargas, embora os Islâmicos fossem responsáveis por três em cada quatro mortos ou feridos.

Do nosso lado, havia um yin e um yang, numa Guerra que não tinha um ponto final definido. Ao longo dos últimos quatro anos no Afeganistão, tornou-se comum um comandante de pelotão dizer “Minha missão é levar cada um dos meus homens de volta para casa, em um só pedaço”. Por que arriscar seus homens, quando ninguém podia dizer a você o que definia a vitória? Porque atravessar um campo, depois de receber alguns tiros, para verificar o complexo, quanto você podia pedir fogo indireto? Ao nível das patrulhas, o incentivo era no sentido de pedir fogo indireto.

No lado yang, o incentivo aos comandantes sêniores era no sentido de não permitir o uso de fogo indireto. Quanto mais tempo ficávamos, mais frustrado tornava-se o comando mais alto, com a falta de cooperação da população. Cada baixa civil gerava algum tipo de reclamação oficial. E assim, as regras foram ficando mais rigorosas, especialmente no Afeganistão. Finalmente, chegou a um ponto em que a palavra do Controlador Aéreo Avançado (CAA. Em inglês, FAC – Forward Air Controller), no solo, não era boa o suficiente. O piloto tinha que fazer uma verificação cruzada das ordens do CAA, antes de executar a missão, e um advogado e/ou outro piloto, num centro de operações afastado milhas da cena, também tinha que autorizar o ataque.

Hoje, oito em cada dez aeronaves de ataque americanas voltam de suas missões, sobre o território do Estado Islâmico, sem atacar qualquer alvo. Para atacar, o piloto necessita a permissão de um oficial superior americano, num centro de operações afastado a centenas de milhas. Este enorme cuidado e despesa para proteger as vidas de cada um dos cidadãos é sem precedentes na história. Somente o país mais rico do mundo pode fazer isto. No entanto, isto diminui, de forma grave, o ritmo da guerra e permite ao inimigo recuperar-se indefinidamente.

Estas regras de engajamento não podem ser mantidas quando nós tivermos novamente que lutar contra um inimigo que possa nos matar e efetivamente esteja disposto a o fazer. Até agora, no século vinte e um, nossos helicópteros e aviões têm sido quase que invulneráveis. Nossas perdas têm sido muito, muito pequenas. Similarmente, nossas forças no solo não têm estado sob pressão. Elas não estão sendo atacadas por infantaria aguerrida, com batalhões completos como os Norte Vietnamitas, apoiada por artilharia pesada. Alguns comandantes argumentam que, quando novamente tivermos lutas pesadas, batalhas sustentadas em grande escala, nós poderemos mudar estas regras de engajamento altamente restritivas, num estalar de dedos. O mais provável é que essas regras tenham sol apado o espírito agressivo que o alto comando deve compartilhar com os guerreiros no campo de batalha.

Por último e lamentavelmente, eu devo mencionar a tendência de vitimização. Nossa sociedade não celebra e destaca os heróis. Ao contrário, ela tenta compensar aqueles que psicologicamente, ou fisicamente, não voltaram para casa em condições de lidar com a vida. O Departamento de Assuntos de Veteranos (Department of Veterans Affairs – VA) proporciona algum nível de cuidados de saúde para menos da metade e nossos veteranos. Uma minoria de veteranos usa o Departamento. Se todos os que serviram as Forças Armadas se voltassem para o Departamento, pedindo assistência médica, o sistema de Veteranos entraria em colapso.

Ainda assim, o Departamento de Veteranos está relatando que mais de 40 por cento de todos os indivíduos dando baixa dos serviços, após quatro anos – e as guerras essencialmente terminaram – pedem compensação por danos mentais ou físicos. Durante a guerra do Vietnã, o Departamento tinha cinco categorias de ferimentos; hoje tem dezessete. Quanto mais dinheiro de graça estiver disponível, mais pessoas pedirão por aquele dinheiro. O que isto faz ao moral interno de cada grupamento militar, quando alguns, em cada pelotão, entram com pedidos e outros não?

Sumário

Em resumo, nossos inimigos não nos temem e nossos amigos não confiam em nós. Medidas sensatas podem reverter esta situação, mas isso depende do próximo comandante-em-chefe. Até agora, no século vinte e um, devido à nossa enorme riqueza e tecnologias, não temos sido testados para valer. Nossa amada nação não tem um espírito marcial, e talvez ela não precise tê-lo. O que ela precisa ter é militares inculcados com o espírito de guerreiro.

O nosso maior déficit é a vontade nacional. Considere nossas ações ao longo da década passada. Em 2004, nós destruímos a cidade Iraquiana de Fallujah, para erradicar terroristas Islâmicos. A seguir, em 2011, nós retiramos nossas tropas do Iraque, a despeito de previsões que o Iraque se desmancharia. Em 2009, exigimos que Assad deixasse o poder na Síria, mas não usamos força militar para garantir nossas exigências. Na guerra civil que se seguiu, parcialmente causada por nossos graves erros, os terroristas Islâmicos tomaram metade da Síria e do Iraque.

Em Novembro de 2015, os Islâmicos – agora chamados de ISIS ou ISIL – massacraram 130 civis em Paris. Mas o sistema político Americano foi incapaz de se juntar ao esforço, empenhando forças, como nós fizemos em Fallujah a uma década atrás. Por que? Nosso comandante-em-chefe tem rejeitado envolver Americanos em combate no solo, porque ele acredita que a guerra eterna faz parte da natureza do Oriente Médio Muçulmano. Ele se recusa a pronunciar a palavra “Terrorista Islâmico”. Da mesma forma se comporta o candidato Democrata a ser nosso próximo comandante-em-chefe. Os candidatos Republicanos estão divididos. Nosso Congresso nem mesmo debaterá uma resolução que autorize o uso de forças no solo, por medo de como esta votação afetaria a re-eleição.

O Presidente Bush impensadamente se excedeu ao estender a guerra de forma a incluir a reconstrução da nação. O Presidente Obama ideologicamente recuou, impondo restrições que encorajaram nossos inimigos. O Congresso provou ser irrelevante, sem a coesão para cumprir seu papel Constitucional, ao se declarar a favor – ou contra – a guerra. À medida que 2015 termina, uma América sem lideres está à deriva.

Isto deveria assustar todos nós!

(Bing West, ex assistente do secretário de defesa e Fuzileiro Naval combatente, escreveu nove livros sobre as guerras do Vietnam, Iraque e Afeganistão.

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