Conversamos com o comandante do BRF Jacques Chevallier

Por Luiz Padilha

Pouco antes das 8 horas desta segunda-feira, 27 de novembro, ao embarcar no BRF Jacques Chevallier para uma rápida entrevista com o comandante do navio, o *Capitaine de vaisseau Pierre Ginefri, presenciei o hasteamento do pavilhão francês.

Defesa Aérea e Naval (DAN) – O senhor poderia nos contar quando e de onde o Jacques Chevallier partiu até chegar ao Rio de Janeiro?

Capitain de Vasseau Pierre Ginefri – Então, na verdade, tivemos durante o mês de Setembro um longo período de treino no mar. Mas partimos no dia 27 de Setembro. Aí seguimos para Brest e realizamos alguns testes de assinatura acústica e assim por diante. Depois fomos para a Islândia e depois ao Círculo Polar Ártico. Nosso objetivo era navegar em águas muito frias e mar agitado para testar o navio. Na sequência, chegamos a Norfolk-EUA no início de novembro.

Nos EUA tivemos operações com a Marinha dos EUA (US Navy) e com a Marinha Real (Royal Navy). Tivemos dois períodos principais de treinamento com a Marinha dos EUA na costa norte com o porta-aviões USS George Washington e com o cruzador USS Leyte Gulf. Na oportunidade, realizamos treinamento com o novíssimo porta-aviões da Royal Navy, o HMS Príncipe of Wales que se encontra em testes de mar.

DAN – O treinamento de Replenishment at Sea (TOM- Transferência de Óleo no Mar), era só contato ou ocorreu transferência de óleo para os navios?

CV Pierre Ginefri – Ocorreram de ambas as formas. Nós realizamos transferências de óleo com cada navio com quem trabalhamos, George Washington, Prince of Wales e Atlântico. Aqui tivemos dois dias de treinamento com o Atlântico, comandado por meu amigo CMG Eugênio Huguenin para manobras com helicópteros, treino de embarque com drop rápido para a equipe de VBSS (Visit Board Search and Seizure) que são da minha equipe, e reabastecimento no mar. Na verdade, transferimos algum combustível. Então isso foi muito interessante porque para nós que ainda não estamos acostumados a reabastecer no mar pois este é um navio totalmente novo. Depois navegamos para o Rio e chegamos aqui há cinco dias.

Por essa razão é muito interessante para nós praticar os procedimentos com diferentes países. E o que vimos é que foi muito fácil, muito tranquilo trabalhar com o NAM Atlântico.

DAN – Esta é a primeira vez que o Jacques Chevallier opera em águas tropicais, ou melhor dizendo, quentes. Como está sendo o desempenho dos sistemas do navio em nossas águas?

CV Pierre Ginefri – Foi muito interessante. Esta é a primeira vez que o Jacques Chevalier opera em águas tropicais, e é por isso que estamos aqui, para ter água quente e umidade. Então hoje está tudo bem. O sistema de ar condicionado está funcionando muito bem. Mas o mais importante foi testar os motores e não há problema com isso. Podemos atingir a mesma velocidade que com água fria, e isso foi um grande desafio.

DAN – Com o motor elétrico na propulsão, qual a velocidade máxima que você pode usar? 

CV Pierre Ginefri – Entre 19 e 20 nós. Temos quatro geradores a diesel e podemos usar de um a quatro geradores a diesel. Portanto, a velocidade mais econômica é a velocidade mais baixa.

DAN – Vi na sua sala de máquinas que o navio possui dois tipos de motor, um motor diesel de 12 cilindros e outro de 8 cilindros em cada Bravo. 

CV Pierre Ginefri – Exatamente, temos um de 12 e um de oito. É mais conveniente para escolher a velocidade desejada. Por exemplo, você pode usar um pequeno (8 cilindros) ou um grande (12 cilindros) ou um pequeno e dois grandes, dois grandes e um pequeno.

DAN – Então você pode cofigurar de formas diferentes.

CV Pierre Ginefri – Sim, podemos combinar tudo o que quisermos. Podemos usar apenas um motor para ambos os sistemas de propulsão elétrica. Então isso nos permite usar esses geradores com uma carga muito boa, qualquer que seja a velocidade que nós desejarmos.

DAN – Além dos armamentos de defesa, o navio poderia levar outros tipos de armamentos? Torpedos pesados ou outros tipos de mísseis?

CV Pierre Ginefri – Temos os nossos próprios sistemas de defesa contra ameaças, como canhões de 40 milímetros e mísseis Mistral. Mas podemos transportar e transferir no mar todas as munições que o porta-aviões e as aeronaves necessitem durante as operações. Podemos transportar e transferir qualquer munição que exista na França.

DAN – Assim que deixar o Rio de Janeiro qual o destino do Jacques Chevallier até seu retorno a Toulon?

CV Pierre Ginefri – Depois do Rio de Janeiro navegaremos para a Cidade do Cabo e depois para a Ilha da Reunião, uma ilha francesa no Oceano Índico que é o nosso principal porto de apoio na parte sul do Oceano Índico. Depois iremos para a parte norte do Oceano Índico, em Abu Dhabi e voltaremos para a Cidade do Cabo.

Entre Madagascar e Maurício e depois Abu Dhabi e depois iremos para Toulon onde estaremos no início de Fevereiro de 2024.

* Equivalente à Capitão de Mar e Guerra na Marinha do Brasil.

Nota do Editor: O DAN agradece todo o apoio prestado pelo Capitão de Corveta Thiago Machado durante nossa visita ao navio na BNRJ.

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