DAN conversou com o Diretor da DSAM na Euronaval 2016



Numa rápida conversa durante a Euronaval 2016, o Vice-Almirante José Renato de Oliveira, diretor da DSAM – Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha, tirou algumas dúvidas sobre quais equipamentos poderão ser integrados na futura corveta Tamandaré.  

DAN: Alguns estaleiros estrangeiros alegam ter projetos de corvetas já aprovados e testados em outras Marinhas por um custo menor do que foi anunciado para a corveta Tamandaré (USD 450 milhões). Por que não optar por estes modelos mais baratos?

VA José Renato: A DGePEM -Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha é responsável pela aquisição, manutenção e gerenciamento do ciclo de vida até o descarte do navio. O gerenciamento do ciclo de vida se inicia na concepção da aquisição do navio, na obtenção e na manutenção até o seu descarte.

Comprar um navio mais barato nem sempre é vantajoso, pois o custo de sua manutenção ao longo de seu ciclo de vida pode tornar-se extremamente alto. É como um iceberg, onde a parte que aparece na superfície é pequena (baixo custo de aquisição), mas o que se tem abaixo da linha d’água (custo de manutenção durante o ciclo de vida), é muito alto. O projeto da corveta Tamandaré foi elaborado baseado neste conceito, onde no fim de seu ciclo de vida, seu custo será mais baixo do que adquirir projetos estrangeiros com preços mais baixos, sem contar o ganho que a indústria nacional terá com o desenvolvimento deste projeto, gerando empregos e reduzindo drasticamente a dependência externa.

DAN: Quais equipamentos de sua área irão integrar a corveta Tamandaré?

VA José Renato: A MB pré selecionou o MAGE Defensor (Brasileiro), o canhão de 76mm da Oto Melara, o míssil Sea Ceptor da MBDA e como tendência, o radar Artisan 3D da BAE Systems, porque atualmente quando se fala em obtenção tem que ser levado em consideração além do custo de obtenção e do ciclo de vida do equipamento, a transferência de tecnologia em parceria com uma empresa brasileira (off set), onde a BRADAR poderá ser escolhida para desenvolver o radar no Brasil. Porém, além do estudo feito em 2014, nada impede que a DSAM analise outra proposta e caso seja mais vantajosa, apresentar à DGMM. Seria interessante um fabricante que tenha uma família de radares, onde a MB possa ter mais opções no caso de reequipamento de outros meios.

DAN: Uma vez definido o radar do navio, é possível se fazer um contrato de manutenção que inclua a atualização tanto do software quanto do hardware, e assim, se no futuro precisar colocar este equipamento num outro navio, ele esteja no mesmo nível de um novo?

VA José Renato: Um sensor é feito para durar 15 anos, sendo necessário sua troca após este período. Atualmente a MB está estudando um up-grade nos sistemas para seus escoltas.

DAN: Hoje em dia a MB possui alças optrônicas defasadas em seus escoltas. Existem planos para sua revitalização ou troca? Qual a escolha para a corveta Tamandaré?

VA José Renato: A tendência hoje é padronizar a alça Atena da Ares, mas, se na hora da seleção para a corveta Tamandaré surgir uma opção melhor, a DSAM estará aberta a melhor opção para apresentar à DGMM.

DAN: Sobre a compra da Consub pela empresa Bravo, a MB perdeu o domínio sobre o Siconta?

VA José Renato: A MB é proprietária do Siconta, e a Consub está desenvolvendo uma nova versão do Siconta (Fênix) para a futura corveta Tamandaré, e após o término de seu desenvolvimento, a MB será detentora dos códigos fonte, ou seja, o Siconta continua sendo da MB.

Nossos agradecimentos ao VA José Renato de Oliveira pelo tempo dispensado durante a Euronaval ao Defesa Aérea & Naval.

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