Defesa Aérea & Naval visita o NVe ‘Cisne Branco’

Por Luiz Ricardo Rocha Cascaldi

A convite da Capitania dos Portos de São Paulo, o Defesa Aérea & Naval visitou o NVe Cisne Branco (U 20) no dia 23.10. Neste dia, estava previsto participarmos de uma velejada junto com os alunos da Escola de Formação de Reservistas da Marinha (EFRM) mas, devido às condições meteorológicas a mesma foi cancelada.

O NVe Cisne Branco permaneceu em Santos até o dia 26, quando o mesmo deu a largada para a regata Santos-Rio e iniciou seu retorno para o Rio de Janeiro.
 

   

 
O Navio Veleiro Cisne Branco (U 20), é o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil. Foi construído pelo estaleiro Damen Oranjewerf, em Amsterdam, na Holanda a um custo de aproximadamente US$ 15 milhões, sendo submetido à Mostra de Armamento e incorporação em 09.03.2000. Possui 76 m de comprimento, 10,6m de boca, 4,80m de calado, desloca 1.038 toneladas carregado e possui uma área vélica de 2.195m2, composta por 32 velas, sendo 15 velas redondas, 10 velas latinas, 6 velas auxiliares e 1 vela de mau tempo.

O Defesa Aérea & Naval foi recebido pelo CT Parede, que nos convidou para conhecer o navio e participar das instruções que seriam dadas aos alunos da EFRM.

A primeira parada foi na sala de máquinas, onde pudemos observar os dois geradores, os sistemas de ar condicionado, de tratamento de água entre outros. Durante a explicação do Sgt Figueiredo, nos foi mostrado como é o funcionamento dos geradores, que é feito de forma alternada a cada 10 dias, ou seja, quando o gerador A alcança 10 dias de uso, ele é desligado e o gerador B passa a gerar a energia para o Cisne Branco.
 

   

 
Em seguida fizemos uma breve visita ao compartimento do “Bow-Thruster”, que é equipamento propulsor que fornece maior manobrabilidade, auxiliando durante as manobras de atracação e desatracação do navio.

Durante o caminho foi possível visitar outras partes do navio, como a lavanderia, a barbearia e observar os pontos de guarda do material da equipe de Controle de Avarias (CAV), posicionados em pontos estratégicos, para serem utilizados em caso de alguma situação de emergência.

Ainda no compartimento do “Bow-Thruster”, também se encontram o equipamento de produção de água, que funciona por meio de um sistema de osmose reversa, o tanque de água que alimenta os sistemas de combate a incêndio e as bombas que entram em funcionamento para suprir a necessidade de água nessa situação.

Conforme explanado pelo Sgt Franco, toda a água do tanque é destinada para o compartimento que está sob ameaça, assim que toda esta água for utilizada, as bombas entram em ação captando água do mar, mandando até o compartimento atingido por meio de outro sistema de tubulação, pois desta forma, a tubulação de água do tanque não é contaminada com a água salgada.

Outra curiosidade é o “Regime de Aguada”. Durante suas comissões, o navio passa por áreas com diferentes níveis de sal na água do mar. Nestes casos, o sistema de osmose reversa leva mais tempo para purificar a água e se a região ainda apresentar uma água mais salobra, em casos extremos, o Comandante pode declarar o “Regime de Aguada”, ou seja, quando o navio não possui água suficiente para suprir as necessidades diárias dos tripulantes como, por exemplo, tomar banho.

No caminho até a Praça d’armas, passamos pelo “Mastro Grano”. Este é o mastro principal  do navio e em sua base, está fixado o quadro do “Mito da Moeda”. Na base do mastro principal de cada navio, é colocada uma moeda de seu país de origem como referência ao mito e como forma simbólica de pagar pela alma de seus marinheiros, afim de que estes possam fazer uma boa viagem”. Este mito pode ser considerado uma tradição nas Marinhas e no caso do NVe Cisne Branco, foi utilizada uma moeda de prata de 100 reis, datada de 1936 e que possui gravada o busto do Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil.

Outra curiosida que encontramos e que nos chamou a atenção. Pregada em uma parede, havia uma caixinha de madeira com um fósforo e um cigarro, junto a eles um aviso escrito em espanhol: “Em caso de emergência, quebre o vidro”. Um pouco de humor é sempre bom!

Pouco antes da entrada da Praça d’armas está localizado o “Hall da Santa”, local onde fica o famoso vitral do Cisne Branco, uma planta do navio e a sua maquete.
 

   

 
Na praça d’armas paramos para descontrair antes de visitar a área externa. Durante uma breve conversa com o CT Parede, ele nos mostrou outro detalhe muito interessante, os lustres da Praça d’armas são móveis. Apesar de ser um navio novo, ele é inspirado nos antigos veleiros, dos tempos em que a iluminação era feita por velas, e para que elas não caíssem no chão com o balanço do navio, iniciando um incêndio a bordo, os lustres não eram fixos, de forma que acompanhassem o balanço do navio.
 

 

   

 
Já no convés, os 35 alunos tiveram uma introdução ao funcionamento, nomes das velas e suas respectivas funções. O NVe Cisne Branco possui mais de 18 km de cabos (na Marinha não existe corda, exeto a do sino e a do relógio) e seus mastros podem navegar com ventos de até 30 nós (aprox. 55,56 km/h). Após a introdução houve a divisão dos alunos em duas turmas para içar e retirar as velas. Toda a ação coordenada pelos oficiais do navio.
 

 

   

 
A convite do CT Parede, me juntei a segunda turma para realizar a faina de içar a vela.
 

 
Após esta demonstração os alunos tiveram que seguir uma regra bem simples: “O mastro pede pra pagar!”. E seguindo as tradições marujas, todos pagaram suas flexões e foram liberados para o rancho.
 

 
Ao fim da visita, o CMG Nelson Nunes da Rosa, Comandante do navio, me recebeu para tirarmos uma foto e me presenteou com um boné do NVe Cisne Branco.
 

 
NOTA do EDITOR: Agradecemos ao CMG Nelson Nunes da Rosa e ao CT Parede por nos receber a bordo e ao CMG Marcelo Ribeiro de Souza, Comandante da CPSP, e a Ten. Roberta Lopes pelo convite e a atenção dispensada para realização desta matéria.

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