DGMM apresentou os Programas e Projetos Estratégicos da Marinha durante o 3º CEED

Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha

O Diretor Geral de Material da Marinha (DGMM), AE José Augusto Vieira da Cunha de Menezes, proferiu a palestra “As contribuições da P&D da Área Militar: incremento da Indústria de Defesa na Região Sul”, durante o 3º Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa, promovido pela Escola Superior de Guerra e a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina.

O AE Cunha dividiu sua apresentação em três partes, Amazônia Azul, Programas e Projetos Estratégicos e Programa Classe Tamandaré, este último objeto principal da sua explanação, oportunidade em que mostrou os caminhos que a Marinha do Brasil adotou para a atualização de seus meios.

Dentro dos Programas e Projetos Estratégicos, o DGMM fez uma rápida abordagem sobre o Navio de Apoio Logístico Multi Propósito (NApLMP), o Programa de Obtenção de Navio Anfíbio (PRONANF), que poderá ser realizado por meio de compras de oportunidades ou navios novos, substituição do Navio-Escola Brasil e dos três Avisos de Instrução da Classe Aspirante Nascimento, o Programa de Obtenção de Navio Hidrográfico, destacando o RFP do Navio de Apoio Antártico (NAPANT), a obtenção por construção de dois Navios Hidroceanográficos (NHO) e aquisição de Rebocadores de Alto Mar de uma classe superior ao da Classe Mearim.

No que tange a Construção do Núcleo do Poder Naval, o NPa500-BR de 500 ton e NPaOC-BR de 1.800 ton, ambos dentro do Programa de Obtenção de Navio Patrulha (PRONAPA).

Programa Classe Tamandaré (PCT)

Antes de sua explanação sobre o PCT, o Alte. Cunha fez um balanço resumido da situação dos atuais Escoltas, composto hoje basicamente por cinco Fragatas da Classe Niterói (idades entre 39 e 42 anos), dua Fragatas da Classe Greenhalgh (39 e 40 anos), a Corveta Julio de Noronha (27 anos) e o mais novo dos meios, a Corveta Barroso (11 anos). O envelhecimento da espinha dorsal da Esquadra brasileira é um problema para a defesa dos 5,7 milhões de km² no Atlântico Sul, a nossa Amazônia Azul.

Seguindo o processo licitatório, após o recebimento do BAFO (Best And Final Offer), o  consórcio Águas Azuis capitaneado pela Thyssenkrupp Marine Systems (TKMS), Embraer e Atech, Atlas e L3 foi declarado vencedor. As fragatas classe Tamandaré serão construídas no Estaleiro Oceana na cidade de Itajaí-SC, adquirido recentemente pela TKMS.

O programa prevê a criação de 2.000 empregos diretos e até 6.000 indiretos, dando forte impacto na economia do estado. Mas não será só Santa Catarina que se beneficiará do Programa, pois mais de 50 empresas de todo o país estão envolvidas na busca pelo maior índice de nacionalização possível dos navios. O programa prevê que primeiro navio tenha 32% de conteúdo local e 41% nos 3 subsequentes.

A primeira fragata levará 42 meses para ser construída com previsão de ser comissionada em 2025. Por ser a primeira, sua construção levará mais tempo do que as outras, face a necessidade do aprendizado da mão de obra na construção de um navio de guerra, o qual difere muito em comparação com uma embarcação mercante. Já as outras serão entregues num prazo muito mais curto com a quarta e última, sendo entregue em 2028.

O Defesa Aérea & Naval participou do 3º Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa e perguntou ao AE Cunha sobre a possibilidade de um segundo lote de fragatas, haja vista a necessidade de baixa dos escoltas atualmente na Marinha do Brasil, comprometendo bastante o poder naval brasileiro.

O AE Cunha respondeu que durante a construção dos navios, a Marinha poderá vir a encomendar uma ou duas fragatas adicionais, mas que ainda é muito cedo para afirmar. Respondendo a outra pergunta sobre compra de oportunidade, ele colocou que a Marinha está atenta para essa possibilidade, mas que depende como a palavra já diz, de que bons navios sejam disponibilizados, para então avaliar sua aquisição.

Outro ponto importante que o AE Cunha enfatizou foi a parceria da Marinha do Brasil com o BNDES e com a Fundação Getúlio Vargas, visando a melhor avaliação e elaboração do contrato. O programa desde o ínicio teve o acompanhamento da Advocacia Geral da União e auditoria total do Tribunal de Contas da União (a pedido da Marinha), visando assim, ter total transparência e governança.

Apesar de ainda não poder ser divulgada a configuração final do navio, sabe-se que nos bastidores, as empresas fabricantes de motores, sistemas de armas, sistemas eletrônicos e etc, estão se movimentando bastante afim de atender aos requisitos constantes da RFP (Request For Proposal), e assim virem a equipar as fragatas classe Tamandaré.

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