Esquadra brasileira comemora 191 anos

esquadra 191 anos

COMANDO-EM-CHEFE DA ESQUADRA

Assunto: Aniversário da Esquadra

Após o célebre Dia do Fico, uma das medidas determinadas por Dom Pedro I foi a formação de uma força naval. Tal decisão mostrou-se extremamente acertada uma vez que foi fator preponderante para a garantia da consolidação da Independência e da integridade do nosso território, ameaçadas por ações vindas do mar, perpetradas pela Marinha portuguesa. Começava, assim, a ser criada a Esquadra brasileira, embriã da nossa Instituição.

Transcorridos 191 anos, a Esquadra permanece fiel ao seu compromisso de assegurar a soberania do País e os nossos importantes interesses na Amazônia Azul, por meio do emprego de um Poder Naval compatível com a crescente dimensão político-estratégica do Brasil. Para tal, a Marinha vem realizando um relevante trabalho junto aos nossos governantes, classe política, meio acadêmico, mídia e opinião pública, buscando a conscientização da sociedade brasileira para o fato de que não existe um país forte e soberano sem o respaldo de forças armadas capazes de garantir a preservação de seus interesses vitais.

Neste contexto, a Marinha navega rumo a novos horizontes, perseguindo a meta de dotar o nosso Poder Naval com meios modernos e capacitados a contribuir para o cumprimento da árdua e nobre tarefa de conhecer profundamente a nossa Amazônia Azul, difundi-la, vigiá-la, defendê-la e preservá-la, visando a sua exploração, estratégica e econômica, de maneira racional e sustentada, em prol do desenvolvimento e do bem-estar da nossa Nação. Assim, temas de extrema relevância, tais como: o Programa Nuclear da Marinha; o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB); a construção de Navios-Patrulha de 500 ton; os Programas de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER), de Navios-Aeródromos (PRONAE) e de Navios Anfíbios (PRONAnf); e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) são objetivos de extrema importância que vêm sendo perseguidos pela Alta Administração Naval.

Não obstante a busca por uma Marinha mais moderna, não esmorece o esforço que tem sido despendido para mantermos a
Marinha do presente pronta e adestrada, a fim de que possamos atuar, quando e onde necessário, sempre em sintonia com os anseios do nosso povo.

Desta forma, a Esquadra, digna representante do Poder Naval brasileiro da atualidade, navega levando o Pavilhão Nacional aos quatro cantos do País e do mundo. Nesse contexto, releva mencionar a participação dos nossos meios navais e aeronavais nas missões de paz, no Líbano e no Haiti; a relevante contribuição para o sucesso alcançado durante a realização dos Grandes Eventos no País, como a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude, quando navios, aeronaves e embarcações apoiaram as ações nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Fortaleza; as Comissões BRAPER, FRATERNO e ATLANTIS, realizadas, respectivamente, com as Marinhas peruana, argentina e uruguaia; a UNITAS LIV; a Comissão EUROPA 2013, recentemente concluída pelo Navio-Veleiro Cisne Branco; a XXVII Viagem de Instrução de Guardas-Marinha, ora em andamento; e a Operação ALBACORA AZUL, um esforço conjunto com meios dos Comandos do 1º e 3º Distritos Navais, na repressão às atividades ilegais nas nossas águas jurisdicionais. São também dignas de registro as Comissões ASPIRANTEX, ADEREX, TROPICALEX e a Ajuda Humanitária às vítimas de enchentes na cidade de Buenos Aires, na Argentina.

Tais comissões representam relevantes oportunidades de aprimoramento dos procedimentos operativos em uso na MB, bem como, possibilitam o incremento da interoperabilidade com meios de Marinhas amigas e a divulgação de uma boa imagem do País, mediante ações de presença, tanto na Amazônia Azul, como em águas internacionais.

Outros fatos também merecem especial destaque:

Visando ao restabelecimento das condições operativas do NAe São Paulo, capitânia da Esquadra, foram conduzidas diversas ações, com foco na retomada gradual das operações aéreas a bordo. O planejamento do seu Período de Manutenção, a ser iniciado em 2014, também já está em andamento e visa a recuperar as capacidades operacionais do Navio, com a realização de reparos e a implementação de modernizações indispensáveis aos sistemas de bordo, com melhoria das condições de segurança, confiabilidade e desempenho.

É importante registrar que, em 2013, o SICONTA MK-IV foi comissionado no COC do Navio, pela Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM), ampliando a sua capacidade de comando e controle. Ainda, foram instalados novos equipamentos, como um novo radar de navegação e compressores de baixa pressão, e fornecidas, pela Diretoria de Abastecimento da Marinha (DAbM), novas viaturas operativas de manobra de aeronaves. Além disso, três novos diesel geradores já iniciaram a fase de testes com carga, sob a supervisão da Diretoria de Engenharia Naval (DEN) e com o apoio do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). Conquistada há mais de 50 anos, a Marinha do Brasil mantém e continuará mantendo a sua capacidade de realizar operações aéreas a bordo de navios-aeródromos com o Capitânia da nossa Esquadra: o Navio-Aeródromo São Paulo.

Ainda, neste ano, pela primeira vez, o Navio-Escola Brasil recebeu em sua tripulação, durante a XXVII Viagem de Instrução de Guardas-Marinha, seis Sargentos do sexo feminino. Apesar de o Navio ter o histórico anterior da presença de oficiais mulheres, foi um desafio realizar todas as adaptações necessárias, particularmente em camarotes e banheiros, em um curto espaço de tempo. Todo o esforço transformou-se em orgulho, ao se constatar a perfeita integração das novas tripulantes com os demais militares, desempenhando com competência, tenacidade e profissionalismo suas tarefas de bordo, a despeito das dificuldades impostas pelo mar e pela distância da família. Portanto, a Marinha do Brasil, pioneira no ingresso da mulher nas Forças Armadas, deu mais um passo na adequação da Instituição no sentido de buscar a igualdade de oportunidades para todos e de depositar confiança no potencial feminino para a execução de atividades complexas e diversificadas.

Também, o Submarino “TAPAJÓ” participou, durante um período de sete meses, da Operação “DEPLOYMENT SUB-2013”, na qual foi realizado o lançamento de dois torpedos MK 48. Ainda, o Navio de Socorro Submarino “Felinto Perry” participou da OPERANTAR XXXI, prestando apoio logístico aos serviços de desmonte da Estação Antártica Comandante Ferraz, e da instalação dos Módulos Antárticos Emergenciais, além do auxílio na reflutuação da embarcação “Mar sem Fim”. Assim, estima-se que até o final deste ano os Navios da Esquadra atinjam a marca de 1.870 dias de mar.

Com relação ao Comando da Força Aeronaval, durante o corrente ano, o 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) entregou à EMBRAER mais duas aeronaves AF-1/1A para modernização. Tal processo incorporará aos aviões novos sensores e sistemas mais avançados e precisos, que resultarão em uma ampliada capacidade de defesa aérea das Forças Navais. Cabe mencionar que o voo experimental do protótipo modernizado foi realizado no mês de agosto, em Gavião Peixoto-SP, nas instalações daquela Empresa. Também, foi finalizado o projeto básico visando ao início do processo licitatório para a construção dos novos hangares que abrigarão as aeronaves UH-15/15A Super Cougar e as aeronaves KC-2 Turbo Trader, do futuro Esquadrão de Transporte e Reabastecimento em Voo (VEC-1), além da reforma do hangar do Esquadrão HS-1, que receberá as novas aeronaves MH-16 Seahawk. Ao findarmos o presente ano, teremos alcançado a significativa marca de 9.160 horas de voo.

O Centro de Adestramento “Almirante Marques de Leão”, nosso Camaleão, que comemorou 70 anos de serviço, contribuiu, em 2013, para as inspeções operativas de diversos meios da nossa Esquadra; apoiou a preparação das Fragatas “União” e “Liberal” para as Operações “Líbano”; e participou, ainda, das inspeções dos Navios-Patrulha Oceânicos da Classe “Amazonas”, conduzidas no Reino Unido, por ocasião do seu recebimento. O Camaleão também tem prestado apoio à Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) no adestramento de combate a incêndio para os componentes da Estação Antártica Comandante Ferraz e contribuiu para a elaboração do projeto executivo da futura estação antártica, recentemente entregue à MB. Ao longo deste ano, entre os mais de seis mil alunos que frequentaram os cursos do Camaleão, estão cerca de quinhentos civis de empresas brasileiras, oito militares das demais Forças Armadas e mais de vinte convidados de Marinhas amigas;.

Na Base Naval do Rio de Janeiro, a finalização da troca da cobertura e o término das obras do piso do Ginásio Poliesportivo permitirão, em futuro próximo, a recuperação de tão importante instalação esportiva do Complexo Naval de Mocanguê. Esta realização e outras, já concluídas, como as obras de reforma nas instalações da Junta Regular de Saúde e nos consultórios odontológicos do Posto de Atendimento Médico da Esquadra; a ampliação da Academia, com a criação do Centro de Treinamento de Lutas; e a reforma dos campos de grama natural de futebol society contribuirão para a elevação do nível de satisfação do pessoal que serve neste Complexo. Adicionalmente, a prontificação do novo pórtico sob a ponte Rio-Niterói permitirá um melhor controle do acesso e segurança da área.

No campo da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, a Esquadra deu importantes passos. O Tilt Test eletrônico, atualmente em fase de homologação, já permite a realização do ciclo de alinhamento dos navios, sem a necessidade de sua docagem, proporcionando considerável economia de recursos para a MB. Também, encontra-se em desenvolvimento pelo Centro de Apoio a Sistemas Operativos a Raia Virtual, composta de boias com sensores acústicos integrados em uma plataforma de controle, que funcionará como uma alternativa ao tiro de apoio de fogo naval realizado no Arquipélago de Alcatrazes. Outro projeto que merece destaque é o Console Integrado de Sensores de Navegação Eletrônica (CISNE), desenvolvido em parceria com o Instituto de Pesquisas da Marinha e atualmente em processo de homologação. Tal sistema permitirá aos Navios da Esquadra efetuar a navegação eletrônica com a utilização de cartas vetoriais, acompanhando assim o estado da arte.

E por último, em continuidade ao projeto das novas instalações, está em andamento a transferência das benfeitorias do Centro de Manutenção de Embarcações Miúdas (CMEM), a fim de aumentar a capacidade operacional da referida OMPS, em decorrência da necessidade de atualizar os seus serviços, ampliar a sua capacidade física e prover maior agilidade nos reparos das embarcações.

Dessa forma, as missões cumpridas e as marcas alcançadas são uma prova inconteste do esforço levado a cabo pela Marinha, representada pelos setores do material, pessoal, finanças e abastecimento e por nossas valorosas tripulações, que vêm sobrepujando as adversidades e vencendo desafios, trabalhando sempre com dedicação, espírito de sacrifício, profissionalismo e, acima de tudo, amor incondicional a nossa Marinha do Brasil. A alta prioridade atribuída por nossa Instituição ao Poder Naval do presente, não obstante o seu projeto da Marinha do futuro, nos dá o alento necessário para prosseguirmos em busca de uma Esquadra cada vez mais forte e adestrada, pronta para defender a nossa soberania na Amazônia Azul e digna do legado que nos foi deixado por todos os nossos antecessores.

Parabéns Esquadra! Viva a nossa Marinha!

“NA ESQUADRA, A SOBERANIA DE NOSSO MAR”

SERGIO ROBERTO FERNANDES DOS SANTOS

Vice-Almirante
Comandante-em-Chefe

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