Etchegoyen critica tratado global contra arma nuclear

Foto: Tereza Sobreira

Por Ricardo Mendonça

Em uma apresentação feita ontem na Fundação FHC, o general Sérgio Etchegoyen, ministro da Segurança Institucional, criticou a adesão do Brasil ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, acordo global que completa 50 anos e que recebeu a adesão do Brasil em 1998, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Depois de dizer que é “adepto fervoroso da não proliferação”, Etchegoyen explicou que, da perspectiva militar, o armamento nuclear representa “a única possibilidade que resta a um país ameaçado […] com a concentração de forças […] que possam marchar sobre o seu território”. Ele citou as guerras do Iraque (1991 e 2003) como exemplos: “O esforço de concentração de todo o aparato militar da aliança que invadiu o Iraque jamais teria sido possível se o Iraque dispusesse de armas nucleares de pequena capacidade”.



Na avaliação do ministro, a adesão do Brasil em 1998 coincidiu com “um monumental desinvestimento” do país na área nuclear, acarretando atraso em conhecimento. Ele atribui isso a uma “visão ideológica equivocada” sobre o tema, que associou energia nuclear à ideia de confronto nuclear.

Etchegoyen expôs sua visão crítica também em relação aos resultados globais do tratado. “Apesar de tratar da extinção dos arsenais […], não se avançou nada nisso”, disse, ao lembrar que eram cinco os países “nuclearmente armados” 50 anos atrás, mas são nove hoje.

Ele lembrou que o tratado cita o “direito inalienável” dos países em desenvolver energia nuclear para fins pacíficos, mas alertou que isso não ocorre tal como estabelecido.

“É direito inalienável, mas vem sendo negado, restringido, bloqueado por diversas ações diretas e indiretas, pressões internacionais, para que não entre um novo agente no mercado, que é altamente lucrativo”, acusou. “O que se discute é: quanto ganhamos até aqui com a assinatura feita lá atrás, além da fotografia na galeria dos bem comportados? Ganhamos bloqueio no nosso desenvolvimento, desinvestimento pelo viés ideológico e ganhamos mais países nucleares no mundo.”

Antes de concluir, citou como a questão é tratada pelos EUA. “A nova estratégia nuclear dos Estados Unidos, lançada em 2 de fevereiro, abre a perspectiva de uso de armamento nuclear inclusive contra Estados não nucleares em determinadas circunstâncias. Estados não-nucleares em determinadas circunstâncias somos nós”, disse.

FONTE: Valor Econômico



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