Força Nacional começa a atuar na fronteira entre Brasil e Venezuela

Tropa está em Pacaraima, cidade na fronteira com a Venezuela. Agentes fazem fiscalização junto com a PF na BR-174, que liga os dois países.

Atuação de agentes da Força Nacional começou nesta segunda (19) na fronteira (Foto: Inaê Brandão/G1 RR)

Por Emily Costa

Força Nacional de Segurança começou a atuar em Pacaraima, na fronteira entre Brasil e Venezuela, nesta segunda-feira (19). Os 32 agentes da tropa federal enviados à região vão reforçar, principalmente, a faixa de fronteira entre os dois países.

Pela manhã, agentes da Força Nacional e da Polícia Federal montaram uma fiscalização na BR-174, que liga o Brasil à Venezuela. Eles pararam e revistaram veículos que passavam pela rodovia. Até então, esse tipo de abordagem não era comum.

De acordo com o Ministério da Justiça, a atuação da tropa será sempre em auxílio à PF tanto na cidade de Pacaraima quanto na faixa de fronteira, que é o principal foco do reforço.

Os agentes da Força Nacional chegaram ao município na última quarta-feira (14), dois dias depois do presidente Michel Temer anunciar em Boa Vista uma série de medidas para lidar com o intenso fluxo migratório venezuelano.

Nos primeiros 45 dias de 2018, mais de 18 mil venezuelanos cruzaram a fronteira do estado, e 3.445 fizeram o caminho inverso. O dado, no entanto, não é preciso para mostrar quantos imigrantes estão na cidade porque um mesmo venezuelano pode ter cruzado a fronteira mais de uma vez.

Roraima lida desde 2015 com a chegada desenfreada de venezuelanos, cujo êxodo é motivado pela crise política, econômica e social do país. Em 2017, foram registrados 17.130 pedidos de refúgio pela Polícia Federal.

Juliano Torquato (PRB), prefeito de Pacaraima, diz que atuação da Força Nacional é bem vinda no município que é diretamente impactado pelo fluxo de imigrantes. Torquato acredita que o reforço irá coibir a violência e os índices crescentes de criminalidade no município, que já decretou estado de calamidade pública.

“O fluxo diário é recorrente de 500 ou 600 pessoas ali na fronteira e o nosso efetivo da PM fica em torno de 40 homens […] queremos que dê uma acalmada na cidade, porque o nosso problema é com a insegurança”.

Força Nacional dará apoio à Polícia Federal na entrada de veículos de Paraima para o Brasil (Foto: Inaê Brandão/G1 RR)

A atuação da Força Nacional na fronteira faz parte de uma força-tarefa que prevê também o efetivo dobrado de militares do Exército na fronteira. Atualmente, segundo o comandante do Exército em Roraima, general Gustavo Dutra, há 120 homens em Pacaraima no pelotão especial.

Outras ações de segurança e ajuda humanitária estão previstas para iniciar na semana que vem, segundo Dutra. O trabalho depende de uma reunião entre o Exército e os ministérios da Justiça e Saúde, prevista para ocorrer nesta quinta (22), em Pacaraima.

Venezuelanos no Brasil

O venezuelanos que cruzam a fronteira por Roraima fogem da fome, falta de emprego, hiperinflação e da instabilidade política no país governado por Nicolás Maduro. Três dos quatro abrigos do estado estão lotados, há milhares de venezuelanos em situação de rua e muitos dividindo casas alugadas. Em dezembro, o estado decretou situação de emergência.

De acordo com dados da prefeitura de Boa Vista, 40 mil venezuelanos vivem hoje na cidade, o que representa mais de 10% dos 330 mil habitantes da capital.

Atuação da Força Nacional na fronteira faz parte de uma força-tarefa anunciada pelo governo federal (Foto: Inaê Brandão/G1 RR)

Em vista a Boa Vista no dia 8 de janeiro, ministro da Defesa Raul Jungmann classificou como preocupante a situação dos venezuelanos que vivem na praça Simón Bolívar, zona Oeste de Boa Vista, e disse que a situação “choca muito”.

A imigração impacta ainda os serviços de saúde e educação, que estão sobrecarregados, segundo as autoridades locais.

A situação de ‘vulnerabilidade’ de Roraima em razão do fluxo migratório foi reconhecida pelo governo federal por meio de uma medida provisória que prevê ações de assistência emergenciais para imigrantes venezuelanos no estado.

FONTE: G1

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