Forças Armadas do Brasil criam polo de excelência em medicina

O projeto do Ministério da Defesa prevê a implantação de um Centro Conjunto de Medicina Operativa no Rio de Janeiro.

Por Taciana Moury

Com a implantação do Centro Conjunto de Medicina Operativa das Forças Armadas Brasileiras (C Cj Med Op FA), o Ministério da Defesa (MD) do Brasil procura criar um polo de excelência na área da medicina operativa para a formação de profissionais de saúde militares e civis. A nova estrutura, com previsão de funcionamento para o final de 2021, vai ser instalada no Complexo Naval de Mocanguê, junto ao Comando-em-Chefe da Esquadra da Marinha do Brasil (MB), em Niterói, Rio de Janeiro.

O projeto do centro, coordenado pela Seção de Interoperabilidade em Subsistência e Medicina Operativa do MD, está baseado no emprego de modernas tecnologias de simulação médica para o desenvolvimento da doutrina e para a capacitação em medicina operativa. Além dos militares das Forças Armadas, as forças auxiliares e a Defesa Civil poderão utilizar a nova estrutura.



Treinamento médico

O Capitão-de-Fragata Médico da MB Hemerson dos Santos Luz, coordenador de Medicina Operativa do MD, disse que o centro vai ter a função de preparar militares e civis para o atendimento na área de emergência, trauma, inteligência médica e planejamento de saúde em operações conjuntas e de paz. “O intuito é aplicar os conhecimentos modernos no atendimento de feridos em combate e na resposta médica em situações de crises e desastres, entre outras situações”, disse.

Segundo o CF Hemerson, desde 2012 já se discutia no MD a necessidade da criação de um centro conjunto de medicina operativa. “Alguns eventos contribuíram para a elaboração do projeto, como a reunião doutrinária sobre o Apoio de Saúde nas Operações Conjuntas e de Paz, com participantes das Forças Armadas, em 2013, e o Seminário de Apoio de Saúde em Operações Conjuntas e de Paz, em 2014. Em 2015, o projeto passou a ser considerado estratégico para o MD”, contou o oficial.

O centro vai proporcionar a integração entre as forças armadas e os órgãos civis de defesa na atuação em cenários que possam exigir intervenção médica complexa em ambiente crítico, restrito e em operações humanitárias. “Os militares da área de saúde poderão falar uma mesma linguagem e utilizar equipamentos padronizados”, declarou o CF Hemerson.

Futuras instalações

Uma comitiva do MD visitou o Complexo Naval de Mocanguê, em junho de 2018, para verificar o local onde será construído o centro conjunto e realizar uma reunião de coordenação com autoridades envolvidas no projeto. Estiveram presentes militares do EB além de oficiais participantes do projeto.

O Contra-Almirante Humberto Giovanni Canfora Mies, diretor do Centro de Medicina Operativa da Marinha (CMOpM), participou do encontro e revelou que, além de conhecer a área destinada à construção, foi possível estabelecer um diálogo entre os representantes das forças envolvidas para identificar as principais demandas a serem atendidas pelo centro conjunto. Atualmente, a MB possui o CMOpM; o EB possui o Curso de Saúde Operacional, sediado na Escola de Sargentos de Logística; e a Força Aérea possui o Instituto de Medicina Aeroespacial.

“As Forças Armadas têm suas especificidades, decorrentes principalmente dos aspectos operacionais distintos, por isso, a manutenção dos centros de medicina operativa de cada força preservará as capacidades individuais de atendimento das demandas específicas”, enfatizou o C Alte Canfora. “Na Marinha, por exemplo, existe o foco na Medicina de Superfície – como denominamos a prática de saúde nos navios de guerra –, na Medicina de Submarinos e na Medicina Glacial, esta última em decorrência das operações antárticas.”

O Centro de Medicina Operativa da Marinha do Brasil desenvolve um treinamento simulado. (Foto: Marinha do Brasil)

Militares melhor capacitados

Para o C Alte Canfora, a criação do centro conjunto é muito positiva e deverá resultar em militares da área de saúde melhor capacitados e equipados, preparados para atuar de forma combinada e eficiente nos diversos cenários projetados para a atuação das tropas brasileiras. “É fundamental a existência de instituições com o objetivo de buscar o melhor conhecimento afeto à medicina operativa, organizá-lo e incorporá-lo às Forças Armadas, de forma consistente, regular e inequívoca”, disse.

O militar destacou ainda as experiências e os conhecimentos adquiridos pelos centros de medicina operativa já existentes nas Forças Armadas e a importante contribuição que pode ser dada ao MD no desenvolvimento do C Cj Med Op FA. “O Centro Operativo da Marinha, por exemplo, desenvolve, desde 2009, doutrinas da medicina operativa, que vão desde a ativação e operação de um navio hospital, até o preparo da resposta médica pré-hospitalar em caso de acidente radiológico ou nuclear em uma base naval”, exemplificou.

A medicina militar tem relevância não somente em situações hipotéticas, como a guerra, explicou o C Alte Canfora. “Também [é importante] em operações de garantia da lei e da ordem, operações de paz da Organização das Nações Unidas e operações humanitárias, que trazem incontáveis benefícios para a sociedade e para o Estado brasileiro”, finalizou.

FONTE: Diálogo Américas


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