Por Luiz Padilha
A Royal Navy atendendo uma estratégia ampla de corte de custos, resolveu disponibilizar dois de seus navios de assalto anfíbios, o HMS Albion (L 14) e o HMS Bulwark (L 15), segundo informações oriundas de mídias do Reino Unido, para o Brasil. O que se sabe é que uma delegação da Marinha do Brasil (MB) esteve no Reino Unido para avaliar as condições do navio, e o estado do navio agradou.
Porém, existem muitos fatores que precisam ser avaliados, como por exemplo qual o valor real da venda do HMS Bulwark para a Marinha do Brasil? £ 20 milhões? Essa informação divulgada nas mídias inglesas causa estranheza ante ao fato da Royal Navy ter gasto £ 72 milhões recentemente na manutenção do navio. São questões que apenas as Marinhas envolvidas podem esclarecer, além de outra questão muito importante que é como pagar.

Um apenas ou os dois Classe Albion?
Como foi mencionado nas mídias inglesas que a oferta seria para os 2 navios, vamos analisar o HMS Albion. O navio não se encontra em boas condições, ou seja, muito dinheiro seria necessário para colocá-lo operacional, algo que no momento atual, a Marinha do Brasil não teria condições de absorver, ou seja, comprar os 2 navios é algo que me parece inadequado, até porque, mesmo que o HMS Albion venha por um preço muito baixo, para servir como fonte de peças ao HMS Bulwark, como foi especulado por mídias brasileiras, isso seria um pesadelo financeiro para a Marinha do Brasil. Manter um navio atracado no cais apenas para servir como fonte de peças demandaria energizar o navio (custo), manter uma tripulação mínima a bordo (custo), manter em funcionamento equipamentos vitais ao navio (custo), fora outros custos que não caberiam aqui.
Em suma, adquirir apenas o HMS Bulwark, caso seja financeiramente possível, me parece ser uma boa opção, pois contando com o NDM Bahia e com o NDCC Saboia (meios com capacidades distintas) apenas, a chegada de um novo meio iria balancear positivamente a parte de navios de assalto anfíbio na Esquadra.
Vantagens e desvantagens
A obtenção do HMS Bulwark iria aumentar e muito a capacidade anfíbia da Esquadra Brasileira, capacitando-a a atuar logisticamente, implantar veículos blindados e tropas em terra em ambientes contestados, aumento da capacidade de assistência humanitária, socorro em desastres e operações militares no Atlântico Sul. Vimos recentemente que a MB atuou em diferentes áreas onde o uso do NAM Atlântico foi imprescindível. Porém, os navios precisam docar para manutenção, como é o caso do NAM Atlântico neste momento, e ter sempre mais meios disponíveis nunca é demais em situações onde ter o navio pronto para suspender é fundamental.

Outro ponto importante é o fato do navio estar equipado com o radar Artisan 3D da BAE Systems e com o CMS DNA2, que já equipam o NAM Atlântico (A 140). Atualmente a MB e a BAE Systems mantém ambos os sistemas operacionais através de um contrato de manutenção e agregar os mesmos equipamentos do HMS Bulwark ao contrato é possível, não havendo a necessidade de um novo contrato.

Outro ponto que vale comentar é a manutenção do sistema de propulsão do navio. O sistema de propulsão Diesel/Elétrica pode a princípio parecer ser uma desvantagem, face ao seu alto custo de manutenção segundo mídias do Reino Unido. Mas temos que levar em consideração que a MB possui um contrato de manutenção com a Babcock para o NAM Atlântico, ou seja, a inclusão do HMS Bulwark no contrato apesar do custo, seria um adendo, não necessitando um novo contrato.
Características e capacidades
- Lançado: 15 de novembro de 2001,
- Comissionado: 10 de dezembro de 2004,
- Porto de origem: HMNB Devonport, Plymouth
- Comprimento: 176 metros
- Boca: 28,9 metros
- Calado: 7,1 metros
- Deslocamento: 19.560 toneladas
- Velocidade: 18 nós (33 km/h)
- Alcance: 8.000 NM (13.000 km)
- Tripulação: 325 (navio) / 405 tropas (normal) / até 710 tropas (sobrecarga)
- Propulsão: 2 x geradores a diesel Wärtsilä Vasa 16V32E, 2 x geradores a diesel Wärtsilä Vasa 4R32E, 2 x motores elétricos, 2 eixos / 2 hélices / 1 bow thruster
- Armamento: capacidade para 2 x CIWS, 2 x canhões Oerlikon 20mm/85 GAM-BO1
- Aviação : 2 pontos de pouso para helicóptero até o tamanho Chinook / sem hangar
- Embarcações de desembarque : 4 x embarcações de desembarque médias LCU Mk.10, 4 x embarcações de desembarque leves LCVP Mk.5
- Sistemas: 2 x radares de navegação Kelvin Hughes Tipo 1007/8, 1 radar 3D de busca de superfície/ar BAE Systems Tipo 997 Artisan
- CMS (Combat Management System): BAE Systems DNA2
O HMS Bulwark operando com o NAM Atlântico não seria nenhuma novidade pois ambos operaram juntos quando o NAM Atlântico era o HMS Ocean, como podemos ver na imagem abaixo.
O HMS Bulwark opera com as mesmas embarcações LCVP que o NAM Atlântico opera, além de poder operar com as EDVM e EDCG que a MB possui. Caso a compra ocorra, não se sabe se virão algumas LCUs junto com o navio.

Esses veículos BVS10, são amplamente utilizados pelos fuzileiros ingleses a bordo da classe Albion devido as suas características anfíbias. Recentemente em visita a fábrica da BAE Systems Hägglunds na Suécia, me foi dada a oportunidade de dirigir o veículo e comprovar a sua simplicidade aliada a sua rusticidade. O veículo caberia muito bem para nossos fuzileiros, mas isso é assunto para outro momento.

Saiba mais sobre o BVS 10 clicando na imagem abaixo:

A MB recebeu outras ofertas além do HMS Bulwark, mas como o “cobertor está curto”, para que sejam aceitas é necessário muito estudo, pois mesmo com prazos dilatados para começar a pagar, a verdade é que uma hora terá que pagar e como não existe previsibilidade orçamentária nas nossas Forças Armadas (todo ano tem contingenciamento), realizar compras de oportunidade nem sempre é simples.
Existem muitas outras coisas envolvidas além do preço de venda como: escolher os 325 tripulantes, enviá-los para Plymouth por 3 a 4 meses e hospedá-los em hoteis (pagando em libras), realizar os treinamentos, realizar o “Handover” (quando a tripulação brasileira assume de vez o navio), realizar o FOST (Fleet Operational Sea Training) antes da viagem ao Brasil. Isso tudo custa muito dinheiro e é preciso que esses custos estejam no estudo de viabilidade.
Agora é aguardar, ver se a oferta pode ser aceita e torcer pelo melhor para a nossa Marinha, seja com ou sem o HMS Bulwark.
Boa tarde Padilha é verdade que o ndm Bahia tem sérios problemas de eixo e dará baixa em breve?
Obrigado
Abs
Agora vc me deixou curioso…de onde vem esta informação Fábio?
O navio terminou seu PMG agora em agosto, inclusive participou das operações no RS, creio que se houve problemas foram feitas as manutenções.
Rapaz, vc trás informações que eu nunca ouvi.
A mão de obra chinesa é barata, eles são ligeiros nos trabalhos, logo o tempo de fabricação será rápido e vantajoso.
O Brasil pode escolher o tipo da aço nas chapas do casco, as soldas, e até alterar ou modificar a gosto o projeto ou manufatura, porque os chineses fabricam.
Navio franktein com estrutura chinesa, motor alemão, e equipamentos de outros fornecedores de nações amigas ou pagando, são o caminho…..
O “patu “, tranpi se chiar, fala ou responde a verdade, o interesse da nação brasileira vem em primeiro lugar p o Brasil. Nós caminhamos junto com os eia, mas em determinado momento, vocês vão p um lado e nos p outro. Continuamos amigos e o Brasil gostaria de fazer negócios com os eia hoje e no futuro, mas as atuais necessidades do Brasil, força nos a buscar o de melhor e mais acessível economicamente p nós.
Aproveita também e retira as grandes reservas de dólares q o Brasil tem parado nos eia, e paga e compra o q mais precisa.
Se o patu reclamar usa o jurídico e reclama na Onu, e outros órgãos mundiais.
O q não pode é abaixar a cabeça e se capacho a eternidade.
Nos estamos no ano 2025 e muitas coisas estão mudando rápido e precisamos acompanhar a evolução.
O Brasil comprando lixo e sucata principalmente militar de países autoritários, vai dar problemas com outros países e membros do brics.
O segredo é renovar, mudar, evoluir, avançar p frente.
Namastê
Abraço
As pessoas dizem de custos, tecnologia tupiniquim, mas não dizem o porque o Brasil com todo o material e estrutura disponível, não é a maior força da América do Sul. Tenho algumas perguntas e hipóteses: Será que é pela corrupção e favorecimento sistema governo ditatorial?
Será que é porque bandidos são soltos e não há juízes suficiente para julgar e polícia competente para acabar com crime organizado??
Será que é porque temos mais de 500 políticos que não dão a mínima para as necessidades do país, e pensam só no seu enriquecimento próprio???
Será que se o país tomasse conta de sua população e terra, fizesse a lição de casa como os capitalistas de grandes corporações o fazem, teríamos tantos prejuízos????
Para onde tá indo os trilhões mensais gastos se não há obras de infraestrutura no país, e o que vemos é a cultura Woke sendo alimentada com artistas e pessoas que não se aceitam como Deus as gerou?????
Porque o nosso país tem tantos jovens sendo mortos e curiosamente crianças desaparecidas, jovens que não dão valor a família, uso de drogas e sexo indiscriminados, e não se vê uma linha de notícias sobre isso?????
E aí o que você acha disso tudo, acha que as forças armadas podem fazer algo ou só adquirir equipamentos para proteger o país, mas que nem serão usados porque o crime organizado já está dominando tudo??????
É preciso enviar 325 tripulantes?
Não, normalmente vão bem menos, quase um terço, apenas para trazer o navio( e claro, aprender, e bem a opera-lo, esse grupo, adestrara o restante da tripulação, aqui no Brasil.
Na verdade não. Coloquei apenas para enfatizar o nº utilizado na RN. Provavelmente, caso a compra saia, irá uma tripulação bem menos para trazer o navio como foi feito com o Atlântico.
A China é grande parceira do Brasil, e o saldo comercial é favorável p nós, e por isso poderíamos barganhar porta helicopteros, navios desembarque, helicopteros e até outros equipamentos e armas chinesas, modificando a gosto ou personaliza los a gosto, sem dizer q isto aumentaria a relação de países a países e outros mais….
A China e alguns poucos países estão com a bola da vez na tecnologia e o Brasil poderia ir no vácuo ou embalo com inicio de simples compras q favoreceriam em muito a nós….
Compra “coisa nova”, p aumentar a auto estima do militar tupiniquim e aí, não precisaria bajula lo com alto salários, aposentadorias, benefícios……
O presidente do senado brasileiro, Davi, deu regalias de trabalho e salários com um custo anual de no mínimo 45 milhões de reais, p o senado, então dinheiro tem outra se fizer reformas administrativas do funcionalismo público, surjira muito dinheiro….
Compra “coisa nova” moderna, atualizada, o Brasil merece.
Namastê
Abraço
Roberto, os chineses tem um navio doca do Tipo 071, comprado até pela Tailândia, que me parece ter um convoo bem maior do que os Albion – com fotos aéreas mostrando que ele é capaz de receber 3 helicópteros. Esse sim valeria a pena termos, embora não há imagens de lanchas de grande porte para os fuzileiros (operando apenas com helicópteros e barcos docados). Como já temos o Atlântico equipado com essas lanchas isso limitaria esse tipo de doutrina a esse navio.
Como disse o texto, a proposta tem q ser avaliada, por na ponta do lápis, ou caneta, os pros e os contras…..
Na minha humilde opinião, NAO !!!, são navios de décadas no mar, haverá outras manutenções e peças de reposições q ninguém saberá como virar e os custos delas, outra q conta muito é o design antigo, sem furtividade, é melhor dispensar, né !!!
Abraço
O próprio Reino Unido é um “parceiro” militar de longa data da Marinha do Brasil, então nada mais natural que nossa Marinha confie em tal parceria. É claro que a proposta tem que ser avaliada assim como foi feita com o Ocean e outros navios. Uma oferta chinesa também passaria por avaliações – inclusive políticas.
Essa ideia de “simples compra” (em outro post) não leva em consideração que nem o orçamento de 2025 foi aprovado e como eu já falei antes nesse tema seja com navio novo ou usado tem sempre despesa, longe de ser simples. Navios novos, ainda mais desse porte, é caro! Escrever o que é simples é fácil, mas na prática não.
Com certeza, estes navios tem muita similaridade de engenharia e manutenção, porque são do mesmo país de origem, teoricamente facilita a economia de escala na manutenção junto ao A140.
Ja que vai comprar so 1 navio de desembarque pelo menos compra compra 1 navio tanque Wave tambem !!!
seria possível e não seria mais barato pagar aos britânicos para trazerem o navio pra cá e aqui treinar a tripulação ?
Infelizmente não é assim que funciona.
Apesar de não terem divulgado o valor da venda, ainda não me parece algo financeiramente racional.
Independente de já haver um contrato de manutenção com a Babcock que dispensaria outro contrato, a manutenção da propulsão diesel elétrica continuará muito cara. Ficou cara demais até para a Royal Navy que consegue contratos de manutenção muito mais em conta com suas empresas nativas. E um navio deste porte sempre tem uma grande quantidade de coisas que precisarão de substituição ou trocas de muitos componentes.
Se há outras ofertas, seria interessante divulgar quais são. Pagar um pouco mais por algo mais novo pode representar uma grande economia ao longo de anos, além de mais prontidão operacional.
Olá Padilha!
Observei que você falou muito em custo, o que quer dizer que possuir um arsenal de médio ou grande porte exige um aporte de dinheiro importante. E nesse caso estamos nos referindo a navios usados onde embarcações novas desse tamanho são caros de comprar e operar (manter). Ou seja, não tem escapatória! Novo/usado o bolso de qualquer Marinha terá que ser grande para conter a soma de dinheiro para investir neles.
Seja no momento atual, seja no passado e com certeza no futuro a Marinha em particular e os 2 “irmãos” da Marinha em geral não tem dinheiro! O Bulwark deve substituir o Sabóia a curto prazo, então ter os 3 navios dessa categoria manterá uma Marinha bem equilibrada em relação a essa massa de navios grandes.
Vem que será vem vindo uma pechincha o Brasil pode e deve direcionar verbas para aquisição
Boa noite Padilha ofereceram type 23 e NCM?
Obrigado
Abs
Segredo
O que é NCM?
O NDCC Saboia já cruzou, e muito, a sua vida útil determinada pela própria MB, sofrendo sucessivas prorrogações, com reparos paliativos, por falta de substituição…
Então, não contaria muito com ele nessa matemática de meios anfíbios…
E acredito que mais de um, de uma mesma classe, favorece o custo de manutenção pela escala envolvida…
Se somar com o Atlântico, a conta melhora mais ainda…