Por Tom Kington
ROMA – Recém-saído de um surto de construção naval estimulado pela retirada de antigos navios, a Marinha italiana está de volta à prancheta para projetar o que considera a pedra angular de sua frota, novos destróieres.
Depois de construir 10 fragatas da classe FREMM, o mesmo tipo adquirido pelos Estados Unidos, bem como projetar novos navios multimissão de 4.500 toneladas, um porta helicópteros de 33.000 toneladas e novos navios de logística, um estudo de redução de risco deve começar com dois destróiers de 10.000 toneladas apelidados de DDX. “Destróiers são fundamentais para uma frota de águas azuis como a da Itália, que deve ser capaz de projetar poder no mar enquanto opera em todo o espectro de operações marítimas e conjuntas”, afirmou o Vice-Almirante Aurelio De Carolis, subchefe de gabinete da a Marinha italiana.
“Além de porta-aviões, navios anfíbios e submarinos, você precisa de destróiers com capacidade de ataque terrestre e de proteção de grupo de tarefas”, acrescentou. A Marinha quer que os navios de 175 metros de comprimento substituam dois destróiers antigos, o ITS Durand de la Penne e o ITS Mimbelli. Essas duas embarcações entraram em serviço no início da década de 1990 e se juntaram ao serviço de dois navios da classe Horizon da Itália mais recentes, que a Marinha classificou como destruidores.
“Sempre tivemos dois pares de destróiers em serviço, que datam da década de 1960”, disse De Carolis.
Com € 4,5 milhões (US $ 5,3 milhões) orçados até agora para estudos de viabilidade e redução de risco de dois anos começando no início do próximo ano, a Marinha pretende ter um requisito operacional final até 2022, assinar um contrato de construção em 2023, se o financiamento permitir, completar o projeto em 2025 e receber o primeiro navio em 2028.
Os planos atuais prevêem embarcações com 24 metros de largura, calado de 9 metros e mais de 300 tripulantes, oferecendo uma velocidade máxima de mais de 30 nós usando o sistema de propulsão CODOGAL (COmbined Diesel Or Gas And Electric), disse De Carolis. O sistema permite o uso de turbinas a gás ou diesel, além de propulsão elétrica para velocidades mais baixas.
A Itália está renovando sua Marinha em meio à mudança do Mar Mediterrâneo de um remanso para uma caixa de pólvora, enquanto a Turquia joga seu peso ao redor, a Líbia permanece tensa após anos de conflito e a Rússia tenta aumentar sua influência regional.
Quando totalmente orçados, os navios provavelmente serão construídos pela estatal italiana Fincantieri, mantendo o estaleiro ocupado após uma série de recentes construções navais graças à chamada Lei Naval de US $ 6,3 bilhões da Itália em 2014 que levou à construção de um LHD, navios de multimissão (PPA) e programas de navios logísticos.
Equipando o navio de guerra
O poder de fogo de longo alcance para os destróieres será garantido por seis lançadores de mísseis de oito células para um total de 48 células, com dois lançadores voltados para a proa (à frente da ponte) e o restante no meio do navio. Serão adotados mísseis antiaéreos Aster, já em uso em outras embarcações italianas, bem como um míssil de ataque terrestre. “A Marinha precisa de uma capacidade confiável de ataque em terra e estamos considerando opções agora”, disse De Carolis. Isso poderia levar a Marinha a considerar a variante naval da MBDA do míssil Scalp.
O que está confirmado é a aquisição do míssil anti-navio Teseo Mk2 Evolved do consórcio europeu, que o almirante disse que oferece “grande capacidade de ataque”. A arma será disparada de lançadores localizados imediatamente atrás da ponte, ele confirmou. Um hangar e um deck de helicópteros traseiros poderão acomodar dois helicópteros EH101 da Marinha ou dois SH90. Os canhões do navio serão do mesmo tipo de construção italiana que se tornou padrão para os navios da marinha italiana nos últimos anos. Um canhão Leonardo 127 mm na frente do navio disparará as munições guiadas Vulcano da empresa, enquanto dois canhões Leonardo 76 mm no centro do navio dispararão a munição Dart guiada, novamente desenvolvida pela empresa italiana.
Um terceiro canhão de 76 mm está montado no hangar do helicóptero na parte traseira do navio. Apelidado de “Sovraponte” e construído para ser posicionado no topo de estruturas de navios, o canhão foi desenvolvido inicialmente para os navios PPA. “Estamos satisfeitos com o Sovraponte”, disse o almirante. O canhão é um exemplo de como o contratorpedeiro vai alavancar as novas tecnologias financiadas pela Lei Naval. O radar é outro exemplo. Os destróieres serão equipados com o Kronos da Leonardo, um radar ativo escaneado eletronicamente com uma face fixa, bem como antenas de banda C e X, que são montadas atrás de painéis acima da ponte. Essa tecnologia foi usada nas duas versões “Full” das sete embarcações PPA.
A Leonardo também fornecerá o mesmo radar rotativo de banda L de longo alcance, para ser posicionado na parte traseira da embarcação, que também foi adotado para o LHD Trieste. O sistema de gerenciamento de combate, bem como as comunicações e conjuntos de guerra eletrônica serão derivados daqueles desenvolvidos para os navios mais novos da frota, enquanto as capacidades anti-submarino incluirão sonares (montados no casco e rebocados), lançadores de torpedo e decoys.
Qual é o próximo?
O Trieste deve se juntar aos três navios de assalto anfíbios da classe San Giorgio da Itália para fornecer uma frota anfíbia, que exigirá proteção, disse De Caroils. “Precisaremos de pelo menos dois destróiers prontos o tempo todo, o que significa quatro no total”, explicou. “A aquisição também faz parte do nosso compromisso com a OTAN, uma vez que fazemos parte de um projeto para levantar novas forças-tarefa anfíbias, cada uma contendo três elementos de desembarque de batalhão com combate relacionado e apoio de serviço de combate, o que significa quatro navios anfíbios e destróiers para proteção.
“Esses destróiers defenderão, junto com as fragatas de guerra anti-submarina, submarinos e aviação naval embarcada, grupos de tarefas navais anfíbios durante seu movimento em direção a áreas de assalto e, em seguida, fornecerão apoio efetivo de fogo naval para a sustentação de projeções e operações em terra realizadas por elementos da força de desembarque. Tudo isso é necessário, incluindo a capacidade de desempenhar o papel crucial de coordenação e controle do espaço aéreo sobre a área de objetivo anfíbio.
“Os EUA e a Rússia ainda operam cruzadores, mas a maioria das outras marinhas hoje depende de destróiers para seu poder de combate. Eles devem cobrir as operações anti-aéreas, anti-navio e anti-submarino com foco na defesa aérea e antimísseis integrada, incluindo a defesa contra mísseis balísticos.” A “tarefa mais crítica” para os destróiers, acrescentou, é proteger os grupos de batalha de porta-aviões e desempenhar o típico “papel de espingarda” para os porta-aviões.
Os exemplos que ele deu incluem a Guerra do Golfo Pérsico de 1990-1991, quando o navio italiano ITS Audace fazia parte da escolta ao porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos Theodore Roosevelt, e durante a Operação Enduring Freedom em 2002, quando o ITS Durand de la Penne escoltou o John C. Stennis e John F. Kennedy.
“A Itália não pode prescindir de uma Marinha equilibrada cobrindo todas as operações em águas azuis, verde e marrom, bem como na varredura de minas, caça a submarinos com proteção aérea geral fornecida por porta aviões e destróiers, além da guerra anti-submarina principalmente desempenhada pelas fragatas,” ele adicionou.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: DefenseNews