Marinha anuncia primeira estação científica em Fernando de Noronha

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Projeto ainda será apresentado à administração do arquipélago, ICMBio e Iphan

Por Élcio Braga

RIO – Se a paradisíaca Fernando de Noronha já atraia turistas ávidos por suas belas praias, chegou a vez de também receber quem pretende trabalhar duro. O arquipélago está prestes a ganhar uma estação científica com capacidade para hospedar até 24 cientistas e estudantes, durante o desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas, como oceanografia, biologia e geologia. O projeto, desenvolvido pelo Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da PUC-RJ, está em fase de finalização, estimado inicialmente em R$ 2,5 milhões.

— Em Fernando de Noronha, há muita demanda para instalação de uma estação. Há grande fila de pesquisadores — observa o capitão-de-corveta Marco Antonio Carvalho de Souza, da Secretaria da Comissão Interministerial de Recursos para o Mar (SECIRM), órgão responsável pela Política Nacional para os Recursos do Mar .

O projeto da estação, porém, ainda precisa ser aprovado pela administração do distrito (Noronha é subordinado ao governo de Pernambuco), pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

— No caso de serem apresentadas algumas recomendações, então, atenderemos. E uma vez finalizada esta parte, a gente entra na fase de implementação propriamente dita. Firmamos uma parceria com a PUC-Rio, que aceitou o desafio de projetar a edificação, seguindo preceitos bastante rígidos. A área aqui é de preservação ambiental. A estação tem de funcionar como uma espécie de modelo deste caráter ambiental — acentua Carvalho, na expectativa de começar a construção já no segundo semestre do ano que vem.

O custo da estação ainda não foi definido. Segundo Carvalho, a equipe do projeto orçou o investimento, já incluído o mobiliário, em aproximadamente R$ 2,5 milhões. Mas é um levantamento superficial. A fonte dos recursos ainda não está definida.

— A Marinha vai buscar parcerias. Ela aplica grande parte de seu orçamento tanto na construção como na manutenção dessas estações científicas em ilhas oceânicas, a exemplo das implantadas na Ilha de Trindade e no arquipélago de São Pedro e São Paulo. Temos esperanças que até meados do ano que vem já haja a indicação clara da fonte de recursos — acrescenta o comandante.

A estação projetada pelo Escritório Modelo da PUC possui módulos, o que facilita a construção em lugar tão distante do continente. Noronha está a 360 quilômetros de Natal e a 545 quilômetros de Recife.

A estação científica ficará em terreno de 600 metros quadrados — cedido pela Secretaria de Patrimônio da União — e terá 250 metros de área construída. Estão previstos três laboratórios, espaço de convívio, cozinha e alojamentos.

— Além de ser uma estação científica, projetamos uma área de interação dos projetos científicos com a população local e os visitantes. Criamos também um espaço para exposição e um auditório, com possibilidade de se oferecer cursos e palestras — conta Julia Tabet, que atua na equipe de projetistas da PUC.

O biólogo Jorge Eduardo Lins Oliveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), comemora a iniciativa.

— A implementação de uma estação científica em Fernando de Noronha é muito esperada pela comunidade científica. Será um ponto de apoio para a pesquisa. Grupos de pesquisa do Brasil inteiro já vêm pra cá desenvolver trabalho nas mais diversas áreas do conhecimento, como biologia, climatologia, geologia. Mas não se tem nenhum ponto de apoio que suporte todo esse pessoal. Então essa estação terá está finalidade de agrupar essas pessoas e permitir, dessa forma, inserir Fernando de Noronha nos editais de financiamento de pesquisa. A instalação de uma nova estação será um divisor de águas.

FONTE: O Globo

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