Marinha do Brasil na preparação final do UNITAS Amphibious 2018/2019

O Brasil é sede do exercício multinacional que acontece na carta em agosto de 2018 e no terreno em 2019.

Por Taciana Moury

A Marinha do Brasil avançou mais um passo na organização do exercício UNITAS Amphibious 2018/2019. A Conferência Final de Planejamento do treinamento multinacional foi realizada no Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), no Rio de Janeiro, de 23 a 25 de maio. Estiveram presentes 40 militares da Argentina, do Brasil, do Canadá, da Colômbia, do Equador, dos Estados Unidos, do México, do Paraguai, do Peru e de Portugal.



O objetivo do encontro foi ajustar os detalhes do exercício na carta, que vai acontecer em agosto de 2018, com a participação dos 10 países. A atividade será uma operação combinada simulada, para realizar ações de assistência humanitária, decorrente de um desastre ambiental, e vai funcionar como preparação final para o emprego real dos meios que a Marinha do Brasil vai utilizar em 2019.

Segundo o Capitão-de-Fragata (FN) do Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil Dirlei Donizette Côdo, chefe de Operações da FFE, durante o exercício os meios e as tropas vão ter a possibilidade de ser confrontados com problemas logísticos e operacionais, para que possa ser verificada a adequabilidade do emprego das armadas de cada país participante. “Cartas da área de operações serão utilizadas na atividade. Os deslocamentos serão avaliados de acordo com as capacidades, possibilidades e limitações, de forma a se obter dados necessários para o emprego real”, disse o CF Dirlei. “A simulação permite a definição de forças, meios e as coordenações inerentes de um exercício multinacional.”

O planejamento do UNITAS Amphibious 2018/2019 foi iniciado em setembro de 2017 pelo Comando da FFE e pelo Comando em Chefe da Esquadra e envolveu várias etapas. O Vice-Almirante (FN) do Corpo de Fuzileiros Navais Cesar Lopes Loureiro, comandante da FFE, explicou que esse tipo de planejamento permite a elaboração e a aprovação progressiva de documentos que nortearão a condução do exercício propriamente dito. “Cada fase atinge objetivos de adestramento distintos, com evolução programada de acordo com os efeitos desejados”, esclareceu.



 Cooperação e interoperabilidade entre os países

O UNITAS acontece desde 1960 e é o exercício marítimo multinacional mais antigo organizado pela Marinha dos EUA. Já o formato anfíbiao é realizado desde 2008 e foi projetado para melhorar a interoperabilidade e a capacidade das nações parceiras de realizar operações anfíbias combinadas.

No terreno, o UNITAS Amphibious acontecerá em 2019 e deve reunir aproximadamente 1.200 militares brasileiros e estrangeiros, com navios, aeronaves e grupamentos operativos de fuzileiros navais. Os 10 países participantes da Conferência Final de Planejamento e do exercício na carta demonstraram interesse de participar também do exercício no terreno.

“Espera-se a participação efetiva de navios anfíbios e aeronaves diversas, além de tropas de fuzileiros navais”, disse o CF Dirlei. “Durante a atividade será formada uma força-tarefa multinacional com meios e tropas para realizar ações de assistência de caráter humanitário.”

O V Alte Loureiro revelou que um dos desafios de sediar uma atividade com a complexidade do UNITAS Amphibious é adaptar-se ao modo de planejamento de uma força tarefa multinacional com diversos meios e tropas de nacionalidades diversas. “As características táticas e operacionais possuem peculiaridades inerentes de cada marinha que precisam ser superadas”, reforçou. O Brasil já foi sede do exercício em 2015.

Para o V Alte Loureiro a participação em exercícios como o UNITAS Amphibious é uma oportunidade de aprendizado e de contato com outras forças. “Ações combinadas internacionais são uma realidade do mundo atual. O contato com várias armadas aumenta nossa capacidade de interoperabilidade no exterior. Além disso, é uma oportunidade de conhecer técnicas e meios adotados por outros países.”

Portugal é estreante no exercício

A importância da cooperação também foi destacada pelo Capitão-de-Fragata do Corpo de Fuzileiros da Marinha Portuguesa Pedro Eduardo Fernandes Fonseca, comandante do Batalhão de Fuzileiros Nº 2. “As capacidades financeiras e militares dos países estão cada vez mais limitadas e a atuação operacional em ambiente de coligação tem sido frequente, minimizando o impacto nos custos associados, no risco e até na duração da própria missão”, destacou.

O Corpo de Fuzileiros da Marinha Portuguesa vai participar pela primeira vez do exercício UNITAS Amphibious. Dois oficiais fuzileiros já têm presença confirmada para a atividade na carta e Portugal avalia a possibilidade de enviar uma força de fuzileiros para o exercício no terreno, em 2019. “Vai ser muito importante ter contato com a realidade operacional anfíbia da maioria dos países do continente americano”, reforçou o CF Fonseca.

Para o oficial, a atividade de adestramento combinada é a melhor forma para um crescimento operacional consolidado, por meio do método da comparação entre forças com níveis de experiências diferentes. O cenário escolhido para o exercício é outro ponto favorável do treinamento. “A assistência humanitária na resposta a catástrofes, considerando a característica de Portugal como país peninsular e insular com os arquipélagos dos Açores e Madeira, sujeito também à ocorrência de catástrofes naturais como já aconteceu no passado, torna ainda mais importante o adestramento operacional”, salientou o CF Fonseca.

FONTE: Diálogo Américas



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