Marinha mapeia 5 áreas que se enquadram a modelo de cluster




Por Danilo Oliveira

A Marinha mapeou cinco áreas no Brasil em que existem iniciativas relacionadas ao modelo de cluster naval e tecnológico. A avaliação é que Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco são os polos com cadeias produtivas mais desenvolvidas e maior potencial de crescimento e integração. Devido à construção dos quatro navios classe Tamandaré no estaleiro Oceana em Itajaí (SC), há possibilidade de Santa Catarina interagir com clusters de outros estados como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

O Rio de Janeiro, que concentra a maior parte das atividades da Marinha, já tem dois pólos ativos: o da Baía de Sepetiba, com o programa de submarinos (Prosub) e o da Baía de Guanabara, que concentra mais de 10 estaleiros de construção e/ou reparo, além do Arsenal da Marinha (AMRJ). Para a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), os projetos de construção de meios navais militares em curso podem abrir caminho para futuras encomendas para exportação.

“No programa de construção de submarinos existe a possibilidade de exportação de tecnologia. Isso não é sonho, já está acontecendo. Também há possibilidades para classe Tamandaré e outros navios do portfólio que a indústria precisa”, afirmou o presidente da Emgepron, vice-almirante Edésio Teixeira Júnior, na última quinta-feira (21), durante o I Seminário Internacional – A economia do mar como política de desenvolvimento, organizado pela Emgepron. O evento, que ocorreu na Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro, marcou a asinatura da Associação do Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro.

Inicialmente, o cluster pretende criar cadeias de negócios com diversos setores da economia, setor empresarial e instituições financeiras e de pesquisa. “Já fomos procurados por bancos privados que querem se inserir no clusters para poder financiar negócios nas cadeias produtivas que vão se formadas”, revelou o vice-almirante Edésio. Ele disse ainda que outros instrumentos vão ajudar a criar demandas, como a capitalização da Emgepron para construção dos navios classe Tamandaré, cujos contratos estão previstos para serem assinados em dezembro.

O presidente da Emgepron identifica como tendência no atual modelo econômico de desenvolvimento o estímulo à capacidade de auto-organização do capital privado, descartando o intervencionismo estatal e ampliando parcerias entre as duas esferas. Ele destacou que o programa das fragatas Tamandaré, orçado em US$ 2,3 bilhões, será financiado com capital brasileiro. Segundo o presidente da Emgepron, até então o Brasil buscava capital estrangeiro para operações de crédito desse tipo, o que criava dependência tecnológica. A Marinha vai financiar a obtenção dessas quatro fragatas por capitalização da Emgepron, que é uma empresa pública independente. Edésio disse que a mudança foi possível com criação de um arcabouço regulatório e com mais segurança jurídica e financeira.

Ele também espera que o pacote vai permitir um índice relevante de conteúdo local, próximo de 40%, que será objeto do cluster. O presidente da Emgepron contou que 60 empresa nacionais já estão vinculadas à construção das fragatas Tamandaré. Edésio considera importante medir quais serão os impactos dos encadeamentos dos setores da economia em termos de geração de emprego e renda e arrecadação de tributos para o governo. Ele acrescentou que o Rio de Janeiro tem tudo para deslanchar como economia do mar, desde que haja ambiente de governança.

“Estamos em estágio de desenvolvimento preliminar. Precisaremos de drivers públicos, forçando o eixo voltado para economia do mar e os eixos regionais como o do Rio”, explicou o vice-almirante Edésio. O cluster tecnológico naval de defesa do Rio de janeiro é uma associação sem fins lucrativos. A carta de intenções sinaliza a intenção das partes de buscarem o desenvolvimento das atividades correlatas que visam o aproveitamento das potencialidades do mar e da região costeira local.

FONTE: Portos e Navios

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