Marinha vai instalar Internet da SpaceX/Starlink a bordo de navios e também no apoio científico na Antártica

Por Guilherme Wiltgen

A Marinha do Brasil está testando a tecnologia de uso da Internet via satélite da SpaceX/Starlink, que será usada para internet com fins ostensivos, sendo completamente segregada das redes de bordo e demais redes de dados.

Dessa forma, as informações tipicamente militares não serão transmitidas ou recebidas pelos satélites da Starlink. Todas as medidas pertinentes para proteção das informações digitais serão adotadas, com o propósito de assegurar a integridade das redes de dados e de comunicações da MB, propriamente as de uso militar.

A tecnologia adotada da Starlink pela MB vai apenas complementar os sistemas de comunicação dos navios, que funcionam por enlace satelital. Logo, ela não vai substituir nenhuma tecnologia de comunicação ou conectividade de bordo aplicadas à Defesa. Essa tecnologia vem sendo testada e prospectada, como outras tecnologias de satélites de órbita baixa.

A Marinha do Brasil ressaltou ao DAN que “nenhuma estação de trabalho, na qual trafegam dados militares, terá acesso à rede Starlink bem como nenhum documento de natureza militar será recebido ou transmitido por essa rede, reafirmando a prioridade e a preocupação com a segurança e com a preservação de informações sensíveis do ponto de vista militar”.

Tanto o Navio-Aerodrómo Multipropósito (NAM) Atlântico (A 140) quanto o Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc) Ary Rongel (H 44) possuem sistemas de enlace satelital militares e vão avaliar a tecnologia da SpaceX/Starlink, além de possuírem sistemas próprios de segurança de dados já instalados e desenvolvidos no País.

A tecnologia Starlink está em fase de testes de aceitação e de desempenho, sendo avaliada como ferramenta para suprir as necessidades de enlace satelital. “Não foi observado perigo no uso em redes segregadas para dados abertos de cunho ostensivo”, informou a Marinha.

Starlink contribuindo com as pesquisas científicas na Antártica

A experiência obtida pela MB, após mais de 40 anos operando na Antártica em prol do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), demonstra a importância da efetividade das comunicações para o êxito da ciência no continente antártico. Por outro lado, a aquisição de tecnologias que permitam estabelecer comunicações eficazes durante a permanência do navio na Antártica apresenta desafios significativos, uma vez que a maioria das soluções nacionais não oferece cobertura satelital nessa região do mundo.

Dessa forma, neste ano, quando a Starlink anunciou que oferecia cobertura global, o serviço tornou-se uma opção atraente face às peculiaridades da área de operações usual do NApOc Ary Rongel. Além disso, outros países que desenvolvem atividades na região, no âmbito do sistema do Tratado da Antártica, já adotaram com sucesso essa tecnologia desde 2022.

A contratação do serviço também trará benefícios substanciais para o NApOc Ary Rongel, principalmente no que diz respeito ao apoio à pesquisa científica e ao acesso à informação dos pesquisadores a bordo, ou seja, como uma opção viável para acesso à Internet para que o Brasil continue no caminho de desenvolver pesquisa de elevada qualidade na Antártica. Dessa forma, fica claro que não há nenhum tipo de dependência das atividades militares dos navios em relação ao uso da Starlink.

A aquisição dessa tecnologia também contribuirá significativamente para a segurança da navegação como mais um meio de acesso a produtos de previsão meteorológica disponíveis na Internet, especialmente face ao contexto de condições meteorológicas severas que são enfrentadas durante a prolongada permanência do navio no continente Antártico. Além disso, o recurso será importante ao contribuir para a salvaguarda da vida humana no mar, com a possibilidade de uso da telemedicina em uma região de escassos recursos sanitários, como é o caso da Antártica.

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