Mísseis chineses fazem porta-aviões dos EUA ficarem afastados

Pequim – A última saraivada de lançamentos de mísseis da China no corpo de água mais disputado do mundo serviu como um alerta para dois alvos principais dos EUA: porta-aviões e bases regionais.

Os mísseis lançados no Mar da China Meridional na quarta-feira incluíram o DF-21D e o DF-26B, informou o South China Morning Post, citando uma pessoa próxima ao Exército de Libertação Popular. Essas armas são fundamentais para a estratégia da China para dissuadir qualquer ação militar em sua costa oriental, ameaçando destruir as principais fontes de projeção de poder dos EUA na região.

O Ministério da Defesa chinês reiterou sua alegação de que os exercícios não foram direcionados a nenhuma nação na quinta-feira, sem mencionar o lançamento do míssil. Ainda assim, o porta-voz do ministério, coronel sênior Wu Qian, acusou “alguns políticos dos EUA” de tentar provocar um conflito entre as duas nações, dizendo em uma coletiva em Pequim que a China “não estava com medo”.

Os testes pareciam destinados ao consumo dos EUA, ao invés de um público doméstico, com cobertura na internet fortemente censurada do país em grande parte limitada a reportagens da mídia estrangeira. No início desta semana, a China protestou contra o vôo de um avião espião americano U-2 perto da zona de exercícios no Mar da China Oriental, presumivelmente para reunir informações sobre as capacidades do país.

“O objetivo é testar a capacidade das tropas”, disse Li Jie, um especialista naval baseado em Pequim, que não chegou a confirmar o teste do míssil. “Você poderia dizer que está enviando um alerta aos EUA, já que os EUA aumentaram suas atividades militares no Mar do Sul da China.” Embora as duas potências com armas nucleares tenham muitos incentivos para evitar um confronto, o risco de escalada está crescendo à medida que os EUA e seus aliados tentam resistir a uma Pequim mais assertiva.

Os EUA realizaram nas últimas semanas uma série de exercícios militares em torno da região e aprovaram a venda de um jato de combate de referência para Taiwan, no contexto de uma eleição nacional que o presidente Donald Trump tentou se concentrar na China.

Os exercícios recentes da Marinha dos EUA no Mar da China Meridional incluíram operações conjuntas dos grupos de ataque de porta-aviões USS Nimitz e USS Ronald Reagan no mês passado e exercícios separados pelo Reagan neste mês. Essas medidas seguiram o anúncio do secretário de Estado Michael Pompeo em 13 de julho, esclarecendo a oposição legal dos EUA às reivindicações chinesas sobre a maior parte de uma rota marítima vital, partes da qual também são reivindicadas por Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã.

A China lançou pelo menos um outro míssil DF-26 nas últimas semanas, no que o jornal Global Times do Partido Comunista caracterizou como uma resposta às operações dos porta-aviões dos EUA. O jornal havia anteriormente elogiado seus mísseis “killer” no Twitter, obtendo uma refutação concisa da Marinha dos EUA, que observou que os navios de guerra “ainda estavam lá”.

Embora a China ainda não tenha provado a capacidade de afundar um navio de guerra em movimento, o custo de perder um porta-aviões de US $ 10 bilhões, as tropas e o hardware a bordo, além do prestígio militar americano que eles representam, seria incomensurável. Essa ameaça está fazendo com que os planejadores do Pentágono considerem maneiras menos conspícuas de projetar força, com um estudo interno do Departamento de Defesa recomendando a redução da frota de porta-aviões do país de 11 para 9, informou o Defense News em abril.

O arsenal de mísseis do PLA está entre os muitos fatores que impulsionam a mudança na postura de segurança dos Estados Unidos na Ásia, com os bombardeiros B-1 com capacidade nuclear do Pentágono, de e para Guam, onde são mais vulneráveis ​​a ataques. A preocupação com a ameaça também contribuiu para a decisão dos EUA de se retirar do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário com a Rússia e buscar negociações tríplices sobre armas com a China. Mesmo antes dos lançamentos desta semana, a China silenciosamente intensificou os testes de mísseis balísticos, em uma aparente tentativa de avaliar suas capacidades operacionais.

Míssil DF-21

O país disparou mais de 100 mísseis balísticos no ano passado, mais de três vezes o recorde da Coréia do Norte, informou o Kyodo News em fevereiro, citando pessoas familiarizadas com o assunto. A China possui o que o ex-Comandante do Pacífico Harry Harris chamou de “a maior e mais diversa força de mísseis do mundo”, com dezenas de armas diferentes em desenvolvimento.

O DF-21D pode viajar mais de 1.500 quilômetros (900 milhas), enquanto o DF-26 pode lançar ogivas a cerca de 4.000 quilômetros, longe o suficiente para chegar a Guam. Há “questões reais” sobre se os ‘assassinos de porta-aviões’ da China realmente funcionam, disse Ankit Panda, um membro sênior de Stanton do Programa de Política Nuclear do Carnegie Endowment for International Peace. Os testes mais recentes podem fornecer aos EUA uma chance de entender melhor seu desempenho.

“A Força de Foguetes do Exército de Libertação do Povo tem uma agenda de testes lotada e provavelmente foi um treinamento operacional”, disse Panda. “Mas certamente será um lembrete para as pessoas em Washington que os militares da China continuam a se modernizar e podem negar o acesso à Marinha dos EUA em partes da Ásia-Pacífico.”

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN

FONTE: Bloomberg News

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