Operação Curare VI : Forças Armadas do Brasil combatem o crime nas fronteiras do norte do país

Forças de segurança usaram explosivos para destruir a pista clandestina conhecida como “Valmor” durante a Operação Curare VI. [Foto: Exército/Brigada Lobo D’Almada]
Forças de segurança usaram explosivos para destruir a pista clandestina conhecida como “Valmor” durante a Operação Curare VI. [Foto: Exército/Brigada Lobo D’Almada]

Por César Modesto

Mil soldados da 1ª Brigada de Infantaria de Selva foram mobilizados ao longo da fronteira norte do país para combater o crime e reforçar a presença das Forças Armadas na região entre 8 e 17 de setembro.

Os esforços marcaram a sexta Operação Curare, que recebe esse nome em alusão ao veneno que os povos indígenas da Amazônia colocam nas pontas das flechas para caçar. O Exército tem realizado patrulhamento e ações de cidadania no âmbito das operações Curare desde 2007 – três anos antes de as tropas se concentrarem na luta contra atividades criminosas e delitos ambientais na região de fronteira da Amazônia.

Durante a operação, a unidade – também conhecida como Brigada Lobo D’Almada – destruiu 12 balsas e quatro pistas de pouso clandestinas que os grupos criminosos utilizavam em apoio ao garimpo ilegal. O Exército também apreendeu cerca de 1.200 metros cúbicos de madeira ilegal, além de veículos combustíveis e equipamentos diversos, como enxadas, terçados e machados usados por supostos criminosos para extração ilegal de madeira, e prendeu um suspeito por porte ilegal de arma de fogo.

“As patrulhas foram realizadas por 30 viaturas, oito embarcações e dois helicópteros do 4º Batalhão de Aviação do Exército”, diz o Major Rodrigo Luiz, oficial da Brigada Lobo D’Almada. “Desvio e contrabando, extração vegetal e mineral ilegais e tráfico de drogas são os crimes mais comuns nas fronteiras.”

Patrulhamento e ação civil

Além do patrulhamento de segurança, a Operação Curare VI realizou ações civis ao fornecer atendimento médico e odontológico, remédios e kits de saúde bucal, além de serviços de manutenção de escolas, palestras educativas e programas de recreação para crianças de comunidades indígenas e isoladas.

Cerca de 300 famílias – aproximadamente 1.400 pessoas – das comunidades de Santa Maria do Boiaçú, Truarú e Jacamim se beneficiaram das ações civis, proporcionadas por 80 soldados, dois médicos, um clínico geral, um ginecologista, um dentista e duas estudantes de odontologia voluntárias.

“Esta edição (da operação) foi direcionada para as comunidades de difícil acesso, só acessíveis por meio de aeronave ou embarcação”, diz o Maj Luiz.

Maximização dos recursos militares

Devido em parte ao acesso limitado, os soldados contaram com a parceria de uma ampla gama de organismos governamentais, incluindo a Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar de Roraima, Departamento Nacional de Produção Mineral e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Na operação Curare VI também houve a participação inédita de alunos e instrutores do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), com sede em Manaus, capital do Amazonas.

“Agindo de forma episódica e simultânea, uma equipe a noroeste de Roraima localizava e neutralizava uma pista de pouso, enquanto outra equipe ao sul combatia a extração ilegal de madeira e bloqueava as fronteiras”, diz o Maj Luiz. “Foram ações pontuais e cirúrgicas.”

Soldados, alunos e instrutores do CIGS atuaram em terrenos inóspitos, que apresentaram os maiores desafios para as forças de segurança ao longo dos 1.922 quilômetros de fronteira com a Venezuela e a Guiana, de acordo com Diego Milléo Bueno, superintendente do IBAMA no estado de Roraima.

“Só é possível alcançar algumas dessas regiões com o auxílio de embarcações ou aeronaves, mas também existe a carência de recursos humanos e financeiros, tendo em vista o enorme tamanho das fronteiras”, diz Bueno.

No entanto, os soldados, estudantes e instrutores concluíram diversas operações bem-sucedidas. Em 8 de setembro, por exemplo, soldados da Brigada Lobo D’Almada destruíram uma pista clandestina conhecida como “Noronha”, que dava apoio a um garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. No dia seguinte, as tropas destruíram 12 balsas de garimpagem ilegal enquanto realizavam patrulhamento ao longo do Rio Uraricoera, no município de Amajari; além disso, o Serviço de Inteligência do Exército usou 40 quilos de explosivos para destruir uma pista de pouso conhecida como “Valmor” perto do Rio Mucajaí. Os militares também desmantelaram duas outras pistas de pouso – a “Auaris” e a “Serra da Beleza”.

A operação prosseguiu em 11 de setembro, quando os soldados apreenderam cerca de 700 metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente, com valor estimado em R$ 160.000, durante patrulhamento nas estradas vicinais do município de Rorainópolis, segundo o IBAMA. Os soldados também prenderam um suspeito por porte ilegal de arma de fogo e confiscaram um caminhão, um trator e equipamentos usados pelos criminosos para extração ilegal de madeira.

Embora o principal objetivo da operação Curare VI não seja a educação ambiental, “o IBAMA procura desenvolver trabalhos voltados para conscientização da população acerca dos problemas ambientais decorrentes do mau uso dos recursos naturais”, diz o superintendente Bueno.

FONTE: Diálogo Américas

 

 

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