Operação São Joaquim fecha as fronteiras do Amazonas para combater facções criminosas

Exército Brasileiro e militares do Peru, Colômbia bloqueiam a Cabeça do Cachorro, em São Gabriel da Cachoeira

Novo tipo de munição foi utilizada na operação, capaz de atravessar galhos e troncos de árvores sem ficar presa (Fábio Oliveira )
Novo tipo de munição foi utilizada na operação, capaz de atravessar galhos e troncos de árvores sem ficar presa – Foto Fábio Oliveira

Por Fábio Oliveira

Trinta pontos de entrada em território brasileiro, localizados em toda extensão noroeste do Brasil conhecida como Cabeça do Cachorro, em plena selva amazônica, estão bloqueados pelo Exército Brasileiro desde o dia 17 de novembro durante a deflagração da operação “São Joaquim”. A manobra é realizada com o apoio das forças militares da Colômbia. O foco da operação é combater as principais organizações criminosas do Brasil e Colômbia que fazem ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC); Família do Norte (FDN); Bonde dos 13, do Acre; Amigos dos Amigos (ADA), do Rio de Janeiro.

O comandante Militar da Amazônia, General Theophilo, afirmou que atualmente as organizações criminosas da Colômbia estão mudando o foco de lucratividade, migrando do tráfico de drogas (principalmente a cocaína), para a mineração ilegal. “Isso nos preocupa muito porque nós temos muita mineração ilegal no Brasil e, principalmente, nas áreas de conservação como parques nacionais onde é difícil a penetração e fiscalização dos órgãos competentes”, explicou.

Segundo o General, 98% das minerações ilegais estão dentro de territórios brasileiros e colombianos. Conforme Teophilo, aproximadamente 1,7 mil militares do EB, que compõem o Comando Militar da Amazônia participam da operação, que termina amanhã. Porém, a parte de inteligência e levantamentos de dados começou desde o início deste ano. A Companhia de Forças Especiais do Exército Brasileiro também está atuando na operação.

Da parte colombiana, 16 mil militares ajudam no combate ao narcotráfico, conforme informou o comandante da 8ª Divisão do Exército da Colômbia, General Orlando Fajardo. De acordo com o oficial superior, desde o início da operação, foram presas 24 pessoas que faziam garimpo ilegal na região da Colômbia. Segundo ele, na área colombiana há, aproximadamente, 143 minas desabilitadas que são usadas por garimpeiros irregulares. Em abril e maio deste ano, as forças colombianas prenderam quatro brasileiros pelo mesmo crime.

Além do grupo de combate nos pontos de bloqueio, a operação conta também com grupos médicos que atenderam as comunidades mais necessitadas localizadas na região de fronteira entre Brasil e Colômbia. Todas as comunidades são formadas por famílias indígenas. De acordo com o capitão Infantaria Magnum Eduardo, oficial responsável pela comunicação social da 2ª Brigada, em toda a região que a brigada está responsável existem mais de 1 mil comunidades indígenas.

Em Melo Franco, região onde há uma comunidade de cinco famílias indígenas da etnia Tucano, e também um ponto de bloqueio, o vice-líder Cézar Fernandes destacou a importância da presença do exército brasileiro nas comunidades de fronteira.

Refúgio em área brasileira

A operação São Joaquim funciona no mesmo molde da operação “Martelo” e “Bigorna”. De acordo com o comandante do CMA, general Teophilo, as forças militares da Colômbia configura o martelo, efetuando como forma de prensa, onde empurra os criminosos para a região brasileira. “O refúgio desses são as áreas brasileiras e aqui estamos prontos e em condições de captura-los”, explicou Teophilo. Para isso, 16 mil militares da Colômbia estão “expulsando” os criminosos do país.

Todos os militares localizados nos 30 pontos de bloqueio estão usando uma nova munição: um projétil com mais força de penetração e eficiência ao atingir o alvo. Segundo o general Teophilo, a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), empresa que fabrica as munições para as forças Armadas, produziu um novo tipo de projétil de fuzil calibre 556. “Tem alto poder de penetração por causa da selva. Ela atravessa galhos e troncos de árvores e a munição não fica presa”, explicou.

Há também as munições com pontos de luz, vistos somente por óculos de visão noturna. “Estamos também usando as munições traçantes que têm sinal luminoso, mas que só são vistas por quem tem dispositivo de visão noturna”, complementou. A operação conta, também, com um dispositivo via satélite que permite o Comando saber a localização exata em plena da selva de uma porção de militares em deslocamento, conforme informou o comandante da 2ª Briga de Infantaria de Selva, general Barros.

FONTE: A Crítica

Sair da versão mobile