Sequestro em hotel de Brasília chega ao fim depois de sete horas

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FOTO: Evaristo Sá – AFP

BRASÍLIA — Após sete horas de tensão no hotel Saint Peter, o sequestrador libertou o funcionário do local, mantido refém no 13º andar, e se entregou. Por volta das 16h, Jac Souza dos Santos retirou o colete da vítima e apareceu, na sacada do prédio, algemado com o refém, mas ainda com uma arma no bolso. Houve uma grande movimentação de policiais. Pouco depois, os policiais ocuparam o apartamento, e o sequestro chegou ao fim. A vítima foi levada para o hospital de helicóptero.

O sequestro começou quando um funcionário do hotel Saint Peter, em Brasília, foi feito refém por volta das 9h da manhã desta segunda-feira. A polícia isolou o local, cerca de 300 pessoas deixaram o prédio e a área foi isolada. Desde a manhã de hoje, o sequestrador aparecia com a vítima algemada e com um colete no 13º andar do prédio, localizado no Setor Hoteleiro Sul. Por volta das 16h, ele retirou o colete da vítima e apareceu na sacada com prédio algemado com o refém, mas ainda com uma arma no bolso.

Três negociadores estavam em contato com o sequestrador, e atiradores de elite estavam espalhados em prédios em volta do local. O sinal de TV e do telefone do quarto foram cortados. O contato, que era realizado por telefone, passou a ser feito por viva voz, já que os negociadores estavam próximos ao apartamento.

O sequestrador tem 30 anos, mora na cidade de Combinado (TO), onde já foi secretário de Agricultura entre 2009 e 2012. Jac também foi candidato a vereador em 2008, pelo PP, mas não conseguiu se eleger. Atualmente, estaria trabalhando em uma campanha política.

Ele fazia exigências de caráter político, como a aplicação da Lei da Ficha Limpa nestas eleições, a extradição do italiano Cesare Battisti e a reforma política. De acordo com a Polícia Civil, ele deu o prazo de até as 18h para que as exigências sejam cumpridas. Caso contrário, ameaçava acionar o colete explosivo que foi colocado na vítima. Porém, a todo momento, ele sinalizaria que poderia fazer isso antes.

A polícia chegou a afirmar que os explosivos tinham grande poder de destruição, e aumentou o perímetro de afastamento da imprensa e pedestres de 60 para 100 metros. De manhã, eram 30 metros. Uma agência dos Correios em frente ao hotel também foi evacuada, e o trânsito nos arredores do local foi interrompido.

— O que a gente percebe é que ele (o sequestrador) está ficando irredutível. Ele nem está mais negociando. (As negociações) estão um pouco emperradas — afirmou o delegado.

O diretor de comunicação disse também que o sequestrador deixou claro que tanto ele quanto o refém iriam morrer. Durante toda a negociação, o delegado dizia que o refém estava fisicamente bem, apesar de abalado psicologicamente.

A negociação foi feita pela Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil. Em Palmas, onde ele morava, a Polícia Civil encontrou três cartas, do dia 26 de setembro, deixadas pelo homem: uma na própria residência, outra na casa da mãe e uma terceira na casa do tio. Em todas elas há mensagens de despedida que, segundo o delegado, sinalizam que ele vai cometer suicídio. Ainda de acordo com a polícia, nas cartas, o sequestrador fala que está desesperado e pede desculpa para a mãe e para os tios, diz que depois da tempestade vem a bonança e que quer mudar o panorama político do país.

Segundo o diretor, o sequestrador chegou nesta segunda-feira em Brasília, de carro, e deu entrada no hotel como hóspede, por volta das 5h30m. A informação é de que ele começou a criar tumulto no hotel, a ponto de uma camareira ter alertado a gerência. Por causa disso, o chefe dos mensageiros foi verificar o que estava acontecendo e foi feito refém, por volta das 9h. Depois, ele passou a entrar também em outros apartamentos. Segundo relato de hóspedes, ao ser perguntado se era um assalto, o sequestrador disse que era “ um ato terrorista”. O veículo em que ele estava já foi apreendido.

Por volta das 13h, o sequestrador apareceu na sacada com o refém algemado, com a pistola na mão e jogou um pedaço de papel. Cerca de 100 policiais civis estavam no local, além de a agentes da Polícia Federal, Abin e representantes do ministério da Justiça.

O hotel tem 120 funcionários, mas nem todos estavam no local. São 482 apartamentos. De acordo com informações do G1, um publicitário de Ribeirão Preto (SP), que está no DF a trabalho, conta que foi abordado pelo homem às 8h40m.

— Ele bateu na porta do meu quarto e mandou juntar todas as coisas e descer. Estava armado e com o mensageiro já algemado, cheio de bombas no corpo — disse.

FONTE: G1 – Demétrio Weber

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