Submarino ‘Riachuelo’ conclui a RANAE e está quase pronto para ser entregue à Marinha do Brasil

Por Guilherme Wiltgen

O primeiro dos quatro submarinos modelo Scorpène brasileiro está em fase final para sua entrega definitiva para a Marinha do Brasil.

O Submarino Riachuelo (S 40) concluiu recentemente o período de manutenção chamado RANAE (Remise à Niveau Après Essais), onde cada detalhe é trabalhado de forma minuciosa, e com o máximo de atenção possível, pelas equipes da Itaguaí Construções Navais (ICN), responsável pela construção dos quatro submarinos negociados com a francesa Naval Group.

O RANAE é uma grande manutenção realizada no submarino antes de sua entrega, que durou pouco mais de dois meses e foi feita no Main Hall do ESC (Estaleiro de Construção), para onde o S-BR1 foi levado e que agora se prepara para ser colocado novamente no mar para os últimos testes antes do seu comissionado na Marinha do Brasil.

Os próximos testes serão de aceitação do Sistema de Sonar, o Lançamento das Armas e a medição de ruído, visando garantir a configuração de equipamentos para a melhor discrição do Submarino quando estiver submerso.

O Submarino Riachuelo (S 40)

Primeiro de uma série de quatro submarinos convencionais, o Riachuelo (S 40) foi lançado ao mar em 14/12/18 e teve como madrinha a a Sra. Marcela Temer, esposa do então Presidente da República Michel Temer.

Nos dias 20 e 21 de Novembro de 2019, foram realizadas as primeiras imersões estáticas do S 40 nas águas abrigadas da Baía de Sepetiba, a cerca de 4,5 milhas náuticas do Complexo Naval de Itaguaí. Em Maio de 2020, foram realizados no cais os testes do motor elétrico de propulsão, primeiro passo para o submarino navegar por meios próprios.

No dia 12/08/20 foi realizado com sucesso a primeira navegação independente, ou seja, utilizando o seu próprio sistema de propulsão, sem a necessidade do uso de rebocadores. Nesse estágio de testes de mar foi possível cumprir todos os exercícios, tendo sido realizados a mais de 8 milhas náuticas (aproximadamente 15 Km) do cais 12, seu ponto de partida do Estaleiro de Construção (ESC), localizado na Base de Submarinos da Ilha da Madeira (BSIM). Também foram testados o sistema de controle dos lemes, de sistema de combate, da mesa tática, do radar, dos periscópios e de todos os sistemas de combate.

Em 04/09/20 foi realizada uma nova imersão estática no interior da Baía de Sepetiba, mas, diferentemente da imersão estática realizada em novembro de 2019, agora o submarino se deslocou até a posição da imersão utilizando seu próprio sistema de propulsão, realizando com sucesso e capacitando o submarino a passar para a próxima fase de testes, a primeira imersão dinâmica, quando esta é feita em velocidade, utilizando o sistema de propulsão. Ela foi realizada em 27/11/20 fora da Baía de Sepetiba.

Em 16 de dezembro de 2020, o Submarino Riachuelo realizou o teste de IGP (Imersão em Grande Profundidade), que consiste em atingir por três vezes a cota máxima de operação, garantindo a integridade do casco e demais peças de passagem do casco resistente, como dos lemes horizontais, vertical e eixo propulsor. Para a execução desse estágio das provas de mar, o submarino cumpre uma minuciosa preparação de verificação de todos os seus sistemas, a fim de suportarem a pressão do mar à máxima profundidade de projeto.

Reta final

Na primeira quinzena de junho, iniciou-se a RANAE, uma fase em que o submarino precisa pausar suas operações para uma manutenção geral, quando todos os seus componentes serão revisados, corrigidos, ou se for caso, até recuperados.

Concluído este período de manutenção técnica, a ICN/Naval Group terá a certeza que a embarcação se encontra 100% pronta para navegar na imensidão das águas da Amazônia Azul e cumprir com êxito a sua missão.

Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB)

Iniciado em 2008, o PROSUB consiste em um acordo de transferência de tecnologia através de uma parceria estratégica entre o Brasil e a França, visando a construção no país de quatro submarinos convencionais e do primeiro submarino com propulsão nuclear da América Latina. O ambicioso programa brasileiro tem um custo de US$ 8,9 bilhões.

Apesar do Brasil ser um País de tradição pacífica, o programa coloca o Brasil em uma importante, e estratégica, posição de destaque no Atlântico Sul. Ao fim do programa, a Marinha do Brasil terá a mais moderna e avançada Força de Submarinos da América Latina, que vai lhe permitir patrulhar o Atlântico Sul com muito mais efetividade.

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