Seminário sobre Mulheres, Paz e Segurança

De 8 a 10 de maio de 2024, a Junta Interamericana de Defesa e a Força Aérea
do Chile realizarão o Seminário “A implementação da perspectiva de gênero nas Forças Armadas: implicações operacionais, avanços e desafios”.

No evento, serão discutidos o impacto e a relevância de considerar a perspectiva de gênero em operações militares reais, além de serem apresentados os avanços e melhores práticas na implementação da Resolução nº 1.325 das Nações Unidas sobre o tema, de acordo com as experiências da União Europeia, do Comando Sul dos Estados Unidos, da Junta
Interamericana de Defesa, do Ministério da Defesa do Chile e da Força Aérea Chilena.

O Seminário tem inscrição gratuita, será transmitido de maneira virtual e representa uma valiosa oportunidade para o intercâmbio de informações que possibilitem às organizações de defesa e segurança, aos agentes civis e ao público em geral a obtenção de novas perspectivas a respeito do avanço da
agenda de Mulheres, da Paz e da Segurança.

Para trazer aos nossos leitores informações detalhadas sobre o assunto,realizamos uma entrevista com a Capitão de Corveta Taryn Machado Senez, da Marinha do Brasil, Assessora de Gênero e Direitos Humanos da Secretaria Geral da Junta Interamericana de Defesa.

Pergunta – Você pode falar um pouco mais sobre o Seminário? Quando, como e onde vai ocorrer? Como os nossos leitores podem participar?

Capitão de Corveta Taryn – O Seminário é uma iniciativa conjunta da Junta Interamericana de Defesa e da Força Aérea do Chile. Será realizado entre os dias 8 e 10 de maio de 2024 e representa uma valiosa oportunidade para
apresentar e discutir o impacto da implementação de políticas de perspectiva de gênero nas operações militares, bem como compartilhar os avanços e desafios na implementação da Resolução nº 1.325 das Nações Unidas (ONU).
Importante registrar que o seminário será totalmente virtual, possibilitando assim
uma ampla participação. Os interessados poderão assistir às palestras e participar das sessões de discussão, através de nossos moderadores virtuais, sem qualquer custo, já que a inscrição é gratuita. Uma ótima ocasião para que membros das forças armadas, agentes civis de segurança e defesa e o público
em geral possam alcançar novas perspectivas sobre a Agenda de Mulheres, Paz e Segurança, da ONU, além de uma oportunidade também para aqueles interessados em entender como a inclusão da perspectiva de gênero pode contribuir para a evolução das operações militares e a construção de uma paz sustentável e duradoura.
Para participar, os leitores podem se inscrever através do site da Junta Interamericana de Defesa (www.jid.org), onde encontrarão todas as informações necessárias, incluindo a agenda detalhada do evento.

Pergunta – Quais os principais objetivos do Seminário e qual a importância da participação de um importante parceiro, como a Força Aérea do Chile, na organização do evento?

Capitão de Corveta Taryn – O Seminário tem como principais objetivos fomentar um debate aprofundado sobre o impacto da inclusão de gênero nas operações militares e compartilhar os avanços e desafios enfrentados na aplicação da Resolução nº 1.325, das Nações Unidas. O evento também busca capacitar os participantes nessa Agenda, proporcionando educação sobre a importância da perspectiva da igualdade de gênero nas forças armadas e de segurança, fortalecendo ainda o diálogo internacional entre diferentes organizações de defesa e segurança.
A colaboração com a Força Aérea do Chile é particularmente significativa, considerando que o Chile foi o primeiro país da América Latina a adotar um Plano Nacional de Ação (PNA) para a implementação da agenda de Mulheres, Paz e Segurança, já em 2017, e que neste ano lançará o seu terceiro PNA. A expertise e a experiência da Força Aérea do Chile em políticas de
gênero oferecem insights valiosos e práticas recomendadas, reforçando o compromisso com a igualdade de gênero e ampliando o alcance e a relevância do Seminário.

Pergunta – Você pode citar algum destaque do evento?

Capitão de Corveta Taryn – A nossa Agenda esta repleta de destaques e especialistas no tema, mas posso citar alguns que merecem esopecial atenção no primeiro dia, 08 de maio: Iniciaremos com uma intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA), discutindo os caminhos para a paz e a
segurança. Hilary Anderson, especialista em questões de gênero da Comissão
Interamericana de Mulheres (CIM/OEA), proporcionará insights valiosos sobre as
políticas e práticas recomendadas. Outro destaque será a apresentação da Tenente-Coronel Duilia Mora Turner (USA), Especialista em questões de genero do “Gordon Institute for Public Policy”, da Universidade da Florida (FIU) e Investigadora Senior do “Women
International Security” (WIIS), que discutirá a perspectiva de gênero em conflitos armados, oferecendo uma análise detalhada de como as questões de gênero afetam e são afetadas por situações de conflito.

Posteriormente, a General de Brigada Aérea Paula Carrasco explorará os desafios enfrentados na justiça militar sob o enfoque de gênero, uma área que continua a evoluir à medida que as forças armadas em todo o mundo buscam integrar plenamente as considerações de gênero em suas práticas e políticas.

Além disso, o Comandante de Grupo Pablo Varela Nistal abordará novas lideranças para a retenção e alcance de padrões de alto rendimento, destacando estratégias para melhorar a inclusão e eficácia dentro das forças armadas através de uma liderança inovadora e adaptativa.

Paula González Yáñez, do Ministério da Defesa do Chile, apresentará as políticas de defesa e igualdade de gênero, examinando como as políticas nacionais estão moldando a integração da igualdade de gênero no setor de
defesa.

Finalizando a manhã, o Capitão Chris Rochon, das Forças Armadas Canadenses, discutirá a Iniciativa Elsie, focada na promoção da participação plena e significativa das mulheres nas Forças Armadas e de Segurança.

No segundo dia do seminário, o foco será na análise da situação atual da Agenda de Mulheres, Paz e Segurança nas Américas e na União Europeia, proporcionando uma visão abrangente sobre os avanços e os desafios
enfrentados nessas regiões. Já no encerramento do evento contará com a
participação de um especialista do Departamento de Defesa dos Estados
Unidos, que trará atualizações importantes do Grupo AD-HOC MPS da Conferência de Ministros de Defesa das Américas (CMDA). Este será um momento crucial para entender as novas diretrizes e ações planejadas no âmbito desta importante agenda.

Pergunta – Qual a importância dessa Agenda MPS no contexto mundial? Já dispomos de exemplos concretos que demonstrem os bons resultados alcançados pelos países e forças militares após a implementação dessa agenda?

Capitão de Corveta Taryn – Diversos estudos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) destacam a importância crucial da participação das mulheres em todas as fases do processo de paz. Um desses estudos revela que os acordos de paz tendem a ser mais duradouros e eficazes quando as
mulheres estão envolvidas, devido à sua capacidade de ganhar a confiança das comunidades locais, incluindo outras mulheres e crianças, um fator vital para o bom resultado dessas operações. Assim, a presença de mulheres transcende a questão da igualdade de gênero, tornando-se fundamental para a legitimidade e o sucesso das ações militares.

Outras pesquisas ainda sublinham o valor único que as mulheres aportam com suas perspectivas e experiências distintas, enriquecendo o processo de tomada de decisão e o planejamento operacional, levando a abordagens mais inovadoras e efetivas.

Constata-se que organizações que apresentam uma maior diversidade de gênero tendem a exibir desempenho mais elevado, sendo a inclusão de mais mulheres em cargos de liderança e no processo de tomada de decisão importante para garantir que as legítimas preocupações e pontos de vista de metade da população mundial sejam representados e
integrados nas políticas e estratégias. Ademais, forças armadas que refletem a diversidade de gênero não apenas espelham melhor a sociedade como um todo, mas também aprimoram a interação e o entendimento mútuo entre militares e civis.

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