Por meio de um memorando de entendimento, os quatro países estabeleceram acordo de cooperação em relação ao emprego e à manutenção da aeronave A-29 Super Tucano, usada em operações de interceptação aérea, ataque e vigilância.
Por Andréa Barretto
Com a chegada do segundo semestre de 2017, pilotos de aeronaves A-29 Super Tucano do Brasil e do Chile se preparam para um intercâmbio sobre questões relacionadas à operação desse caça leve de ataque. A data precisa ainda não foi divulgada, mas a iniciativa faz parte de uma série de atividades que Brasil, Chile, Colômbia e Equador vão desenvolver a partir do memorando de entendimento estabelecido pelas forças aéreas das quatro nações.
Com o documento, as instituições assumiram o compromisso da criação de um fórum para cooperação quanto a aspectos técnicos, logísticos e operacionais do Super Tucano. Todos os esquadrões que empregam essas aeronaves nos países partícipes vão integrar o grupo de operadores atuantes no fórum.
“A expertise dos operadores do A-29 poderá ser compartilhada por intermédio de conferências periódicas e também pelos intercâmbios operacionais e logísticos”, afirmou o Coronel da Força Aérea do Brasil Marco Antonio Telles Ramos, chefe da subchefia de Acordo e Intercâmbios Internacionais do Estado-Maior da Aeronáutica do Brasil. “Esses intercâmbios permitirão, por exemplo, diminuir custos de manutenção e operação do equipamento”, ressaltou ainda o Cel Ramos.
Ele diz que a ideia da criação do grupo de operadores foi da Força Aérea do Chile (FACh), motivada pelos bons resultados da experiência de troca mantida com outros países sobre outra aeronave, a F-16 Fighting Falcon. Com isso, veio a proposta para a Colômbia, o Equador e o Brasil. Este último é o fabricante dos caças Super Tucano por meio da empresa nacional Embraer.
O encontro para a assinatura do convênio ocorreu em Santiago, capital chilena, às vésperas da comemoração dos 87 anos da Força Aérea desse país, no último 20 de março. O evento teve a presença do Tenente-Brigadeiro-do-Ar Paulo João Cury, comandante do Comando-Geral de Apoio da Força Aérea Brasileira (FAB); do Brigadeiro Patricio Mora Escobar, comandante da Força Aérea do Equador e do Tenente-Brigadeiro-do-Ar Jorge Robles Mella, comandante-em-chefe da FACh. A Força Aérea da Colômbia (FAC) ainda assinará o documento.
“A assinatura do acordo é a materialização do interesse comum das forças aéreas do Brasil, Colômbia, Equador e Chile em ter uma ferramenta que permita o desenvolvimento de capacidades e a estabilidade de custos de operação através de melhorias de logística e planos de obsolescência, considerando-se que operamos em diferentes cenários, missões e configurações”, ressaltou o Ten Brig Robles na ocasião.
A-29 na América Latina
Em 2003, a FAB recebeu suas primeiras aeronaves A-29, compradas com o objetivo de serem usadas nas atividades do projeto Sistema de Vigilância da Amazônia. Atualmente, estão em operação no Brasil cerca de 90 desses aviões, empregados principalmente na formação de pilotos de caça e nas ações de defesa aérea da fronteira amazônica. “A aeronave é ideal para missões de interceptação a aeronaves de baixa performance utilizadas em atividades ilícitas nessa região”, informou a Assessoria de Comunicação da FAB.
No Brasil, quatro esquadrões da FAB operam o Super Tucano: o Primeiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (1º/3º GAv), em Boa Vista (Roraima); o Segundo Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (2º/3º GAv), em Porto Velho (Rondônia); o Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (3º/3º GAv), em Campo Grande (Mato Grosso do Sul); e o Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAv), em Natal (Rio Grande do Norte). Nesse último, chamado de Esquadrão Joker, nascem os pilotos de caça brasileiros. Por meio do Curso de Especialização Operacional da Aviação de Caça, os militares são treinados durante nove meses em uma aeronave A-29.
A Colômbia possui 24 unidades do Super Tucano. Elas foram adquiridas pela FAC em 2005, tendo em vista a necessidade dessa força de contar com um avião de combate como meio para fortalecer a luta contra a guerrilha e o narcotráfico. As unidades foram entregues entre 2006 e 2008, fazendo da Colômbia o primeiro destino de exportação do Super Tucano na América do Sul.
Depois de Brasil e Colômbia, o Chile foi o terceiro país latino-americano a constituir uma frota de aeronaves A-29. Entre 2009 e 2010, a FACh recebeu as suas 12 unidades, compradas inicialmente com o intuito de servir ao treinamento de pilotos. Já o Equador passou a usar o A-29 entre 2010 e 2011. A compra de 18 aeronaves foi motivada pela necessidade de sua Força Aérea de recuperar a capacidade de realização de operações nas regiões amazônica e de fronteira.
Quando uma força aérea estrangeira adquire o Super Tucano, muitas vezes, como no caso do Chile e da Colômbia, pilotos da FAB realizam um intercâmbio operacional para instrução de voo na aeronave. Com o memorando de entendimento e a criação do grupo de operadores, essa troca passa a ser permanente, como enfatizou o Cel Ramos. “A importância desse acordo para a FAB, e para os outros países, está na criação de um fórum permanente para troca de experiências operacionais e logísticas, possibilitando um intercâmbio de ideias e de interesses mútuos, além do fortalecimento da amizade que une essas nações e suas forças aéreas.”
FONTE: Diálogo Américas
É só ler o artigo direito…
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Pergunta: Porque os EUA e o Afeganistão não estão participando também?