Piloto de provas da FAB se tornou o primeiro a comandar o Gripen no Brasil

Em 2020, o Major Aviador Abdon de Rezende Vasconcelos, piloto de provas da Força Aérea Brasileira (FAB), foi o primeiro a receber o treinamento do Gripen C/D e o de conversão para o Gripen E. A capacitação começou em agosto e o treinamento prático com o caça seguiu até o fim do primeiro semestre de 2021.

Antes de subir no cockpit da aeronave, o piloto brasileiro passou por uma série de exercícios teóricos e recebeu preparação do equipamento necessário. Para se ter uma ideia, o primeiro dia do curso foi dedicado a ajustes no equipamento pessoal, como no macacão de voo, no equipamento anti-G, nas botas, na máscara de oxigênio e no capacete. Foi um processo meticuloso para garantir que tudo se encaixasse perfeitamente no piloto.

No dia seguinte, o cenário da preparação foi o Centro Fisiológico de Voo da QinetiQ, localizado em Malmslätt, Linköping. Lá, ele passou por treinamento na centrífuga 9G, um dos requisitos fundamentais para a pilotagem do Gripen. Antes da prática, o Capitão Johan Ekblad ensinou ao aviador como respirar e se preparar para suportar as enormes forças que colocariam seu corpo e mente em teste.

Treinamento na centrífuga 9G.

Após a aula teórica, o Major Abdon foi direcionado à centrífuga, acompanhado por especialistas e um médico. Nela, as forças G foram aumentadas aos poucos para que ele praticasse suas novas habilidades. Quando atingiu 8G, o Major optou por aguentar até 30 segundos, um longo tempo para esse tipo de força, e após alguns minutos de descanso, retomou para a última sessão, a de 9G. Nessa etapa ele permaneceu por 15 segundos, sem qualquer problema, sendo aprovado ao final do período e aliviado por ter vivenciado esse teste. “Foi a primeira vez que eu fiz esse tipo de treinamento. Foi muito importante porque aprendi e apliquei técnica correta para a manutenção dos 9G. Eu tenho certeza que isso será necessário durante a operação da aeronave”, disse o aviador.

O Major recebeu ainda uma instrução sobre os procedimentos de aterragem após uma ejeção. “Pude relembrar alguns procedimentos e aprender outros utilizados aqui na Suécia no caso de uma ejeção para um pouso seguro”, afirmou o piloto.

Antes de subir no cockpit da aeronave, o Major Abdon passou por uma série de exercícios teóricos e recebeu preparação do equipamento necessário.

O segundo dia de curso foi concluído com um treinamento teórico e prático de sobrevivência no mar. Houve um simulado dentro de uma piscina, com ondas, tempestade e tempo noturno. Ele recebeu orientações diversas sobre todos os procedimentos necessários caso ocorra uma aterragem dentro da água.

O treinamento sobre hipóxia, ou seja, a falta de oxigênio, ocorreu no terceiro dia, com uma aula teórica de preparação para que o piloto pudesse aprender como seu corpo é afetado pela falta de oxigênio.

“A redução do oxigênio para o cérebro resulta em perda da realidade e deterioração da capacidade mental. Algumas tarefas muito fáceis devem ser realizadas durante um fornecimento decrescente de oxigênio. As tarefas tornam-se cada vez mais difíceis de executar. Neste exercício o objetivo foi aprender sobre você e os sinais que seu corpo pode dar em caso de falta de oxigênio para que se tome as medidas necessárias a tempo”, explicou.

Aprovado!


Após intenso treinamento, o Major Abdon foi aprovado. “Todos os instrutores me receberam muito bem e transmitiram muito conhecimento sobre como operar a aeronave no dia a dia. A experiência é extremamente valiosa para mim como piloto e representante da Força Aérea Brasileira”, afirmou.

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