Há duas décadas, em um momento que ficou marcado na história do Programa Espacial Brasileiro, ocorria o maior acidente no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. No dia 22 de agosto de 2003, o trágico episódio que envolveu um foguete VLS (Veículo Lançador de Satélites) abalou a nossa nação e deixou uma profunda marca em nossa jornada espacial.
A “Tragédia de Alcântara” ceifou a vida de 21 heróis que compartilhavam o sonho de ver o Brasil conquistar os céus e explorar o espaço. Eles se preparavam para a missão “Operação São Luís”, que levaria ao espaço os satélites brasileiros SATEC e UNOSAT, símbolos do nosso avanço tecnológico e do compromisso com a pesquisa espacial.
Passados 10 anos, em 2013, um monumento foi erguido no Memorial Aeroespacial Brasileiro, em São José dos Campos (SP), para honrar a memória desses corajosos profissionais e relembrar o que fizeram em prol do Programa Espacial Brasileiro.
Hoje, a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), marca este momento não apenas para recordar o triste acontecimento, mas, também, para prestar homenagem a esses heróis, suas famílias e seus colegas de trabalho. Seus legados continuam vivos, impulsionando nosso setor espacial e inspirando todos os brasileiros.
Destemidos, esses profissionais trilharam um caminho difícil, enfrentaram desafios monumentais e deixaram uma herança valiosa para as gerações futuras. Eles personificam o espírito de perseverança que nos motiva a nunca desistir, mesmo diante das adversidades mais duras.
Neste dia, reafirmamos o nosso compromisso com o progresso do Programa Espacial Brasileiro. Das lições aprendidas e da coragem demonstrada por esses verdadeiros heróis encontramos inspiração para continuar avançando. Vamos transformar essa data em um marco de união, de força e de generosidade.
Que a memória desses bravos pioneiros ilumine nosso caminho rumo às estrelas e que, através das suas histórias, possamos continuar escrevendo os capítulos de nossa jornada espacial com dedicação, determinação e esperança.
FONTE: Agência Espacial Brasileira (AEB)
NOTA DO EDITOR: Nossa homenagem às vítimas desse trágico acidente:
- Amintas Rocha Brito, 47, engenheiro
- Antonio Sergio Cezarini, 47, engenheiro
- Carlos Alberto Pedrini, 45, engenheiro
- Cesar Augusto Costalonga Varejão, 49, engenheiro
- Daniel Faria Gonçalves, 20, mecânico
- Eliseu Reinaldo Vieira, 46, engenheiro
- Gil Cesar Baptista Marques, 44, cinegrafista
- Gines Ananias Garcia, 46, engenheiro
- Jonas Barbosa Filho, 37, técnico
- José Aparecido Pinheiro, 39, técnico
- José Eduardo de Almeida, 38, cinegrafista
- José Eduardo Pereira II, 43, técnico
- José Pedro Claro da Silva, 51, engenheiro
- Luis Primon de Araújo, 45, engenheiro
- Mario Cesar de Freitas Levy, 43, Engenheiro
- Massanobu Shimabukuro, 43, técnico
- Mauricio Biella Valle, 42, engenheiro
- Roberto Tadashi Seguchi, 46, engenheiro
- Rodolfo Donizetti de Oliveira, 35, técnico
- Sidney Aparecido de Moraes, 38, técnico
- Walter Pereira Junior, 45, técnico
A tragédia do VLS ou foi uma grande incompetência oriunda de quem deveria fazer toda segurança operacional ou foi sabotagem. Ambas hipóteses, são carregadas de pontos a favor, não importa a qual resultado chegou o relatório de Investigação, uma vez que esse, estaria sujeito a que se chegasse a uma conclusão já premeditada.
A título de curiosidade, lembrando o conteúdo dos e-mails revelados pelo wikileaks e enviados pelo DoD dos eua a autoridades da Ucrânia, por ocasião da parceria de desenvolvimento de foguetes entre Brasil e Ucrânia naquela época:
“Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”.
“Embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”.
Como alguns devem recordar, o interesse dos eua era o de obter o controle absoluto de Alcântara. E o acordo foi rechaçado pelo Senado, que o classificou como “afronta à Soberania Nacional”, pois no acordo o Brasil cederia áreas de Alcântara para uso exclusivo dos EUA sem permitir nenhum acesso de brasileiros e também previa inspeções americanas à base sem aviso prévio.
Neste tempo, o físico cearense Dalton Girão Barroso, do Instituto Militar de Engenharia do Exército, publicou um livro com simulações consideradas extremamente precisas que teriam decifrado os mecanismos da bomba nuclear W87 dos eua, o que acendeu um alerta por parte dos eua.
Algo que também contribuiu para alimentar uma teoria de sabotagem foi uma estranha e inexplicada visita que um grupo de estadunidenses fizeram a região de Alcântara. Tendo eles chegado poucos dias antes do incidente, se hospedado em um hotel próximo da base, ficando a maior parte do tempo reclusos, saindo apenas a noite, não para atividades de lazer e turismo pois não foram vistos em nenhum lugar público, e tendo desaparecido imediatamente após a explosão.
Honraria seria se tivessem feito pelo menos mais um vôo de alguma versão do VLS nesses 20 anos que se passaram, pelo contrário, nada foi feito. Abandonaram o projeto por outros projetos que até hoje não geraram nada de concreto. Índia começou depois do Brasil e está tentando pousar na Lua, China já pousou! Enquanto o programa de lançadores estiver nas mãos da FAB, não vai sair nada.
Qual o grande problema do nosso Programa Espacial assim como mutatis mutandis todos os outros grandes problemas nacionais? Dinheiro! Orcamento! Dinheiro! Budget! Desde a época do Milagre Brasileiro há quarenta anos que nossa economia não cresce mais do que uma média risível de 2% ao ano. O Governo Federal gasta todos os anos algo entorno de 50% com o pagamento da dívida interna e dos outros 50% que sobra são gasto quase na totalidade com folha de pagamento, sobra o quê pra investir? Nada ou quase nada, independente do nosso Programa Espacial está ou não nas mãos da FAB ou AEB. O Brasil precisa de uns 20 ou 30 anos de crescimento econômico sustentado de aproximadamente 5% do PIB, aí sim pagaríamos nossas, resgataríamos o grosso da população da pobreza e miséria e teríamos dinheiro pra fazer VLS, VLM, satélites, submarino nuclear, fragatas MEKO ou FREMM, novo tanque Osório, um caça supersônico nacional e o escambau a quatro. Alguém acha que nossos problemas na area de Ciência e Tecnologia são desafios técnicos? Não são, temos excelentes engenheiros do ITA, IME, USP, Unicamp e outros, o que nos falta é dinheiro, com dinheiro se faz ciência básica e desenvolve tecnologia de ponta, se contrata técnicos, faz engenharia reversa ou espionagem industrial se necessário, compra-se licenças e ou patentes e desenvolve o que quiser o que o país bem entender.
Essa desculpa de verba não cola mais. Gastam muito e mal. Brasil tem mão de obra barata assim como a Índia. Programa Chandrayaan-3 da Índia custou $75 milhões e está na Lua! Falta é gestão competente e vergonha na cara, comprometimento. O resto é conversa pra boi dormir.
“Gastam muito e mal.” Você resumiu o meu argumento, “o governo federal gasta aproximadamente 50% do Orçamento da União com dívidas e outros 40% com folha de pagamento”, assim, gasta-se muito e mal.
A Índia investe aproximadamente 1,5 bilhões de dólares por ano com o programa especial deles, esse valor de USD 75 milhões é apenas o custa da referida missão.
Mão de obra barata? Você acha mesmo que se faz ciência de ponta com mão de obra barata? Seria ótimo se fosse assim, porém, engenheiros, cientistas, técnicos especializados são caros pra formar, para atrair e para manter. Ou você acha que os PhD’s indianos formados nas melhores universidades americanas voltam pra Índia em troca de algumas migalhas de salário sendo que tem milhares de outras oportunidades bem remunerada no mundo querendo contrata.
Por fim, “gestão competente e vergonha na cara, comprometimento”? Só isso? Então só faltou voluntarismo pra nosso Programa Espacial? Nestes últimos 40 anos se sucedeu inúmeras administrações na FAB, na AEB, no Ministério da Ciência e Tecnologia e não apareceu nenhuma patriota voluntarista? Infelizmente não é assim tão simples camarada.
Mas acredito que concordamos com algo que bem sintetizou Peter Drucker:”não existem países subdesenvolvidos, existem países subadministrados”.
Que o nosso PEB honre o país e a memória desses heróis. Que descansem em paz.