PROSUB-EBN – Estaleiro e Base Naval em Itaguaí

Com uma área marítima atual de aproximadamente 3,5 milhões de Km², o Brasil está pleiteando junto às Nações Unidas estender essa área até os limites de sua Plataforma Continental, ultrapassando em alguns pontos as 200 milhas náuticas (370 km²) da sua Zona Econômica Exclusiva, gerando assim uma área adicional de 963 mil km². Se a ONU aceitar a solicitação do Brasil , a área marítima brasileira atingirá aproximadamente 4,5 milhões de km², ou seja, quase a metade do nosso território terrestre.

Cerca de 95% do comércio do Brasil com exterior é realizado pelo mar, através das LCM (Linhas de Comunicação Marítimas), movimentando em nossos portos as atividades de importação e exportação. A maior parte do petróleo e gás (elementos fundamentais para o desenvolvimento do País), que o Brasil extrai, vem do subsolo marinho, na plataforma continental. A atividade pesqueira e de outros recursos naturais ainda inexplorados, como os nódulos polimetálicos – concentrações de óxidos de ferro e manganês com significativas concentrações de outros elementos metálicos economicamente importantes, como níquel, cobre e cobalto.

A Marinha do Brasil identificou a necessidade de investir na expansão da sua força naval e no desenvolvimento da indústria de defesa, para fortalecer o sistema de defesa da área costeira e das águas jurisdicionais brasileiras, garantindo a soberania brasileira no mar.

Em 2008, Brasil e França firmaram um acordo de transferência de tecnologia militar que deu início ao PROSUB – Programa de Desenvolvimento de Submarinos, que prevê a construção de 4 submarinos diesel-elétricos (SBr) e 1 submarino de propulsão nuclear (SNB).

Em estudos realizados para a viabilização deste acordo, verificou-se a necessidade da construção de um complexo industrial, envolvendo um Estaleiro e uma Base Naval (EBN), a fim de tornar possível a transferência de tecnologia necessária para o desenvolvimento da industria nacional. A empresa francesa DCNS foi escolhida pela MB para construir este complexo e a mesma se associou à ODEBRECHT, formando a Itaguaí Construções Navais – ICN, consórcio responsável pela construção dos submarinos.

As condições geográficas e estratégicas foram determinantes para a escolha da baía de Sepetiba para a instalação do Estaleiro e da Base Naval. Como razões preponderantes podemos citar:

– A proximidade da NUCLEP – Nuclebrás Equipamentos Pesados;

– O porto de Itaguaí e

– A Base Aérea de Santa Cruz.

Unidade de Fabricação de Estrutura Metálica – UFEM

A UFEM – Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas, foi construída ao lado da Nuclep, estatal encarregada de produzir as seções cilíndricas que formarão os corpos dos submarinos. Ocupando uma área de cerca de 96 mil m², ela é a célula primária de fabricação para os submarinos da classe Scorpene e do futuro Submarino de Propulsão Nuclear (SNB), do Brasil. Na NUCLEP serão construídas as subseções e seções, bem como a pintura do casco resistente dos submarinos que serão levadas para a UFEM,  onde irão receber a montagem dos componentes internos.

 

Ao longo dos dois anos da obra da UFEM a integração e a sinergia entre a DCNS, a ODEBRECHT e a Marinha do Brasil  foram fundamentais para o cumprimento dos prazos, pois requereram muita disciplina entre as equipes e a correta compreensão das diferenças de ordem técnica, tais como especificações e normatizações, além das diferenças de idiomas e culturais.

A evolução do PROSUB 

A construção de partes do 1º SBR se deu na na França, com técnicos brasileiros recebendo o conhecimento necessário para a continuidade do projeto no Brasil.

Na NUCLEP  já é possível observar o local onde será instalada a prensa de 8.ooo toneladas, comprada para a construção da calota de vante dos nossos futuros submarinos, convencional e nuclear.

Área Norte da Base Naval

Atualmente, esta área se tornou um grande canteiro industrial para apoio à construção do Estaleiro e da área Sul da Base Naval. Nela são fabricadas estacas metálicas e blocos de concreto pré-moldado que são transportados por balsas até a área Sul.

Durante esta fase, aproximadamente 900 caminhões transitaram entre as áreas Norte e Sul através de um túnel com 700 metros de extensão, construído por dentro do morro que separa as referidas áreas. Atualmente cerca de 400 ainda trabalham ininterruptamente para a conclusão da obra. Todos os caminhões são lavados diariamente após o trabalho seguindo determinação do IBAMA.

A área Norte dista da UFEM cerca de 3,5 km e nela serão construídos um Hospital, um Centro de Descontaminação Radioativo, um Hotel de Trânsito, um Centro de Intendência da Marinha, uma Rodoviária e outros serviços, para oferecer toda a infraestrutura necessária para acomodar oficiais e visitantes.

Área Sul – Estaleiro e Base Naval

Logo  na saída do túnel, à esquerda pode-se observar o local escolhido para o depósito do material contaminado retirado da Baía de Sepetiba. Nesta área foi escavada uma vala com 7 metros de profundidade revestida por uma manta especial de alta resistência e  nela estão depositados os Geotubes com o material pesado, que não oferecem mais riscos de contaminação.

Seguindo o projeto, foram cravadas mais de 550 estacas na área Sul, distribuídas entre o estaleiro e a Base Naval.

A montagem dos pré-moldados, com peso entre 5 e 17 toneladas, na estrutura do cais é uma operação de alta precisão. Por terem formatos diferentes cada unidade é identificada para ocupar seu lugar exato na composição da superestrutura do cais.

 

Após a conclusão das obras, o conjunto terá 10 cais e 2 docas com 140 metros de extensão, além dos prédios administrativos e das oficinas. O conjunto Estaleiro-Base naval poderá atracar até 10 submarinos, sendo 6 de propulsão nuclear e 4 de propulsão convencional, 1 navio de socorro de submarinos, 3 rebocadores portuários, 1 lancha de apoio ao mergulho e 1 embarcação de recolhimento de torpedos.

Espera-se para 2015 a conclusão da obra e o lançamento do 1º submarino de propulsão convencional no Estaleiro.

Impacto no Meio Ambiente

Um profundo estudo foi realizado, a fim de identificar o impacto da implantação do complexo naquela área e definir os procedimentos de prevenção.

Haverá alteração no padrão das correntes marítimas e nas condições do tráfego náutico naquela área, além do estabelecimento de novos ambientes marinhos. Mas o estudo concluiu que o projeto é viável tanto do ponto de vista ambiental quanto social.

Uma série de programas ambientais irão se desenvolver durante o projeto e tudo ocorrerá em sintonia com o IBAMA e da CNEN.

A AMAZUL

“Com o propósito de abrigar os recursos humanos alocados ao PNM e PROSUB, foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidenta da República a Lei nº 12.706, em 08 de agosto de 2012, que autoriza a criação da empresa Amazônia Azul Tecnologia de Defesa (AMAZUL). Essa empresa pública tem como propósito estancar a evasão de mão de-obra e possibilitar a contratações de pessoas com a qualificação apropriada, mediante a adequação salarial.

Vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio da Marinha do Brasil, a AMAZUL foi criada mediante a cisão parcial da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) e adotará a forma de sociedade por ações, com personalidade jurídica de direito privado, patrimônio próprio e capital pertencente integralmente à União. Será uma empresa dependente, ou seja, os salários serão pagos pelo Governo Federal, à semelhança do que ocorre com a empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a NUCLEP. As atividades a serem desempenhadas pela AMAZUL estão voltadas ao PNM(Programa Nuclear da Marinha), isto é, para o domínio, desenvolvimento e preservação do conhecimento necessário ao projeto do ciclo do combustível nuclear; ao projeto e construção de reatores de propulsão naval e ao projeto de submarinos de propulsão nuclear. Tal conhecimento também terá aplicação no Programa Nuclear Brasileiro (PNB), no que diz respeito à tecnologia do combustível nuclear para alimentação das usinas nucleo elétricas e à tecnologia para projetar reatores utilizados na geração de energia elétrica.” AE Julio Soares de Moura Neto

 

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