Exércitos do Brasil e Estados Unidos consolidam intercâmbio

O General-de-Brigada do Exército dos EUA Clarence K.K. Chinn (à esq., segundo da frente para trás), comandante do ARSOUTH, se reuniu com militares brasileiros em março, no Brasil. (Foto: Comando Militar da Amazônia)

Por Taciana Moury

O Exército Brasileiro (EB) firmou um acordo de intercâmbio de cinco anos com a Força Terrestre dos Estados Unidos. O plano quinquenal, elaborado por meio das Comissões Bilaterais de Estado-Maior (CBEM), definiu as atividades entre os dois exércitos neste período. O acordo foi estabelecido no final de 2016 e será concluído com a participação conjunta na Operação Culminating, prevista para ser realizada em solo norte-americano em 2020, com uma análise pós-operação em 2021.

Segundo informações do Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro (CCOMSEx), as CBEM são ferramentas de diplomacia militar das alianças entre as nações parceiras. “Os entendimentos e os compromissos internacionais balizam as necessidades geopolíticas de interesses de ambos os países”, explicou a assessoria do CCOMSEx à Diálogo.

Em março, o General-de-Brigada Clarence K.K. Chinn, comandante do Exército Sul dos EUA (ARSOUTH, por sua sigla em inglês), esteve no Brasil em Março e demonstrou intenções de ampliar as relações de cooperação militar entre os Exércitos do Brasil e dos Estados Unidos, ressaltando o valor do trabalho em conjunto. “É uma oportunidade de aprendermos sobre o Exército Brasileiro. Porém, o mais importante é a parceria. Nós temos sido parceiros desde a Segunda Guerra Mundial, então é uma honra ouvir sobre as grandes coisas que o Brasil tem feito na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti e sobre o grande trabalho realizado durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas”, afirmou o Gen Bda Chinn, segundo o site do EB.

Durante a visita do Gen Bda Chinn, o General-de-Divisão William Georges Felippe Abrahão, quinto subchefe do Estado-Maior do EB, destacou a importância da visita e disse que “a presença do comandante do ARSOUTH no Brasil é uma grande oportunidade de aumentar a integração e a coordenação no campo militar terrestre”. Segundo informações do CCOMSEx, o intercâmbio já está acontecendo. “Um exemplo são as operações combinadas Culminating, PANAMAX e AMAZONLOG. Este último é um grande exercício de logística realizado pelo EB, com a participação de pelo menos dez países, dentre eles os Estados Unidos, que vai acontecer em novembro em Tabatinga, no Amazonas”, disse a nota do CCOMSEX.

O EB declarou também que a instituição atingiu um nível de capacidade reconhecida em âmbito internacional como uma força militar moderna capaz de desempenhar elevadas responsabilidades e de despertar interesses em outros países. “A parceria entre as nações parceiras Brasil e Estados Unidos demonstra o grau de confiança e respeito que o Exército dos EUA deposita no EB e aponta na dinâmica de ampliar novos acordos de cooperação militar multidisciplinar, com futuras participações em outros exercícios combinados”.

Exercício Multinacional PANAMAX deu início ao intercâmbio

A parceria entre os dois exércitos começou com o Exercício Multinacional PANAMAX, que aconteceu no período de 12 a 16 de agosto. Segundo informações do CCOMSEx, 14 militares do EB atuaram na operação que visa simular um esquema de proteção para o Canal do Panamá. A operação foi criada há 14 anos, pelo Comando Sul dos EUA, pelo governo do Panamá e pelo governo do Chile.

O exercício engloba 25 países dos continentes americano e europeu e tem como foco a segurança do Canal do Panamá e seus arredores. “Durante a operação são realizadas operações conjuntas, combinadas e de interagências, a fim de atingir uma resposta integrada para uma variedade de ameaças transnacionais. O PANAMAX é reconhecido como o maior exercício de simulação de guerra do Atlântico Sul e Mar do Caribe”, declarou o CCOMSEx em nota.

Em 2018 a participação brasileira na operação será ampliada, conforme explicou o CCOMSEx. “Pela primeira vez, ocorrerão manobras do Comando de Componente da Coalizão das Forças de Terra desenvolvidas no território brasileiro e pretende-se manter a participação de dois oficiais generais e ampliar o efetivo de 14 para 20 militares”, afirmou.

Operação Culminating vai envolver 470 militares brasileiros

Após a realização do PANAMAX começa o período de preparação para o exercício combinado entre o EB e o Exército dos EUA, denominado Operação Culminating. Será um exercício de uma brigada do Exército dos EUA, no Centro de Treinamento de Prontidão Conjunto (JRTC, por sua sigla em inglês), em Fort Polk, Luisiana, Estados Unidos, no segundo semestre de 2020. O exercício simboliza a conclusão do plano quinquenal de intercâmbio entre os dois exércitos.

Segundo o CCOMSEx, nos próximos anos haverá uma preparação especial para a Culminating, como a capacitação dos oficiais e sargentos observadores, controladores e avaliadores (OCA) e o treinamento específico da tropa. Em setembro, militares brasileiros irão a Fort Polk, para a quarta Reunião de Coordenação no JRTC. O objetivo é entender o processo de avaliação e os desafios logísticos e de preparação da Operação Culminating.

A tropa brasileira que participará da Operação Culminating será composta por militares da 12ª Brigada de Infantaria Leve e da Brigada de Infantaria Paraquedista. Além dela, uma equipe de OCA e de oficiais de ligação da Equipe de Combate da 1ª Brigada da 82ª Divisão Aerotransportada do Exército dos EUA. A terceira companhia será uma subunidade de Infantaria do Exército norte-americano. O exercício deve reunir aproximadamente 470 militares brasileiros. De acordo com informações do CCOMSEx, é o exercício de maior complexidade com a participação do EB em território norte-americano.

Para o EB a Culminating é uma oportunidade ímpar de estreitar a cooperação e de realizar intercâmbios de doutrinas. Além disso, a instituição destacou a importância operacional do JRTC, principal centro de treinamento das forças militares estadunidenses da ativa e reserva. “É o local onde são treinadas as tropas, incluindo os Fuzileiros Navais, o Exército, serviços especiais de Polícia, Segurança Nacional e, ainda, de Forças Especiais”, explicou o CCOMSEx para a Diálogo. Fort Polk possui grande quantidade de sensores e capacidade de monitoramento de todas as etapas do treinamento, bem como equipes específicas para ações e desafios que uma força militar possa encontrar em um emprego real. “O objetivo é de estressar e testar as tropas ao máximo, expondo-as a uma pressão física e mental continuada, com mudanças constantes de ambiente operacional”, disse a nota.

Benefícios da parceria

Para o EB, as operações combinadas são excelentes veículos difusores de capacidade profissional dos integrantes da força terrestre, além de ser um transparente exercício da diplomacia militar brasileira. Essas atividades também colaboram para o fortalecimento da segurança hemisférica, que é um dos objetivos capitais da Política Militar de Defesa brasileira.

“Os militares brasileiros e norte-americanos podem ampliar parcerias na área de planejamento e de execução da manobra nas áreas de logística, inteligência, comando e controle, comunicações, cibernética e no intercâmbio de produtos de defesa para ambos os exércitos”, disse o CCOMSEx. Uma das vantagens dos exercícios combinados é capacitar o EB para enviar uma força expedicionária numa operação conjunta, fato que requer um esforço da força terrestre que engloba praticamente todas as suas funções de combate.

Outra vantagem é a troca de conhecimentos, que contribui para o aperfeiçoamento da doutrina e, consequentemente, para a capacidade de interoperabilidade do EB no cumprimento de suas missões. “Experiências vivenciadas por oficiais e praças no desempenho das atividades operacionais, técnicas e táticas que sejam captadas, tanto no preparo como no emprego dessas operações, convém ser de conhecimento dos demais integrantes da Força Terrestre”, declarou o CCOMSEx.

FONTE: Diálogo Américas

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