EUA pedem para que Iraque impeça fluxo de armas para a Síria

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BAGDÁ, 24 Mar (Reuters) – O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pressionou o primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, para impedir que voos iranianos que cruzam o espaço aéreo iraquiano carreguem armas para a Síria, durante visita a Bagdá neste domingo.

Kerry também pediu para que os sunitas, xiitas e curdos do Iraque se comprometam com o processo político, já que o conflito na vizinha Síria representa mais tensão para o precário equilíbrio entre os diferentes grupos iraquianos.

Uma autoridade norte-americana, sob condição de anonimato, havia dito mais cedo que Washington acredita que trocas entre a Síria e o Irã, via o Iraque, por terra e pelo ar, ocorrem quase todos os dias, o que ajuda o presidente sírio, Bashar al-Assad, a reprimir a revolta de dois anos contra o seu regime.

Kerry afirmou ter tido “uma discussão animada” com Maliki sobre o tema e ter deixado claro o descontentamento dos Estados Unidos com as supostas transferências de armas em voos iranianos por meio do espaço aéreo do Iraque.

“Tudo que apoia o presidente Assad é problemático”, disse Kerry à imprensa. “Eu deixei isso muito claro para o primeiro-ministro, que os voos do Irã estão ajudando a sustentar o presidente Assad e o seu regime.”

A visita de Kerry a Bagdá não foi previamente anunciada.

Em declarações anteriores à reunião entre Maliki e Kerry, a autoridade norte-americana disse que o Iraque havia inspecionado apenas dois voos desde julho e que Kerry afirmaria que o Iraque não mereceria um papel nas negociações sobre o futuro da Síria se não tentasse cortar o suposto fluxo de armas.

O Iraque nega permitir que armas sejam levadas do Irã para a Síria pelo seu espaço aéreo. Abbas al-Bayati, do Comitê de Segurança e Defesa do Parlamento, disse: “Cumprimos com o nosso dever ao inspecionar randomicamente voos iranianos, e não encontramos armas.”

“Se os Estados Unidos querem que façamos mais, eles têm que nos dar a informação que eles têm sobre isso”, acrescentou.

Em entrevista à imprensa, Kerry afirmou que os Estados Unidos haviam “concordado em tentar fornecer mais informações” aos iraquianos. Ele sugeriu que o sentimento no Congresso norte-americano poderia estar se virando contra o Iraque por conta da transferência de armas.

O governo do Iraque, liderado pelos xiitas, afirmou não ter lados no conflito da Síria, mas os seus interesses se alinham com o do vizinho e xiita Irã, que dá apoio a Assad.

De acordo com jornalistas, quando Kerry e Maliki foram posar para uma foto conjunta, o norte-americano pareceu ter dito como brincadeira que Hillary Clinton, a secretária de Estado anterior, tinha dito que o Iraque faria o que Washington pedisse.

“Não iremos”, respondeu Maliki, também em tom de brincadeira, segundo os jornalistas.

FONTE: Reuters

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