Por Luiz Padilha
Falta menos de 1 mês para o anúncio do consórcio vencedor do Programa Corveta Classe Tamandaré (CCT) da Marinha do Brasil (MB). Segundo o comandante da Marinha, AE Ilques Barbosa Jr, em entrevista ao DAN durante o lançamento do filme exposição sobre o AE Álvaro Alberto, o anúncio oficial se dará no dia 22 de Março.
A expectativa é enorme entre as empresas que compõem os consórcios, que estão trabalhando diariamente na busca da melhor oferta (neste momento, preço).
Os consórcios tem até o dia 8 de Março para entregar para a Marinha do Brasil a proposta final, ou o “Best And Final Offer (BAFO). Como alguns participantes me disseram, “a sorte estará lançada!”
Conversamos com os principais representantes dos consórcios participantes para saber qual a expectativa deles sobre o resultado final. Veja abaixo a opinião de cada um deles:
Consórcio Villegagnon
O Sr. Eric Berthelot, presidente da Naval Group no Brasil, disse ao DAN estar muito animado, com a equipe empenhada em trazer ao cliente (Marinha do Brasil) a melhor proposta. “É como uma Copa do Mundo. Nosso time está com o espirito de uma final de Copa do Mundo.” disse Eric Berthelot.
Ele acredita que o Consórcio Villegagnon, composto pelo Naval Group S.A., Naval Group BR, e o grupo Odebrecht (CNO e OEC) tendo como principais parceiros o estaleiro Enseada e a Mectron, possui uma proposta técnica de alto nível e com o preço competitivo. Para embasar essa afirmação, Eric menciona as 2 corvetas Gowind, em vias de ser confirmadas pela Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos, e o bom posicionamento na concorrência de 4 corvetas Gowind para a Marinha da Romênia, no qual o preço ofertado pelo Naval Group é um dos mais baixos.
“A Marinha sabe o que o Naval Group pode oferecer, com base na experiência do PROSUB, inclusive com o sucesso da transferência de tecnologia, um dos pontos altos desse programa. Um dos requisitos é que o navio oferecido fosse “Sea Proven”, e a Gowind é, estando 100% operacional com a Marinha do Egito, além de contar com o sistema de gerenciamento de combate SETIS, baseado no CMS projetado pelo Naval Group para os seus navios de superfície e já testado em teatro de operação. Nossa proposta prevê o acompanhamento e manutenção do navio durante todo seu ciclo de vida útil, e para isso contamos com o apoio da industria nacional, como apresentado durante os nossos encontros organizados com as Federações de Industria, para que, com esses parceiros locais, possamos manter as corvetas classe Tamandaré com o nível de disponibilidade que a MB deseja”, completou Eric Berthelot.
“Sabemos da importância estratégica deste programa para a Marinha e, com base em nossa relação, estamos dedicados a oferecer a melhor proposta técnica e comercial. O espírito é de parceria”
Consórcio FLV
A Fincantieri S.P.A. é líder do consórcio FLV (Fincantieri-Leonardo-Vard), constituído para participar da licitação da Marinha do Brasil para a construção de quatro Corvetas Classe Tamandaré (CCT).
O Sr. Stelio Vaccarezza, presidente da Fincantieri do Brasil, falou ao DAN sobre a expectativa do consórcio nesta reta final da disputa para a construção de quatro corvetas Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil.
“Estamos muito confiantes em um resultado positivo, pois nossa proposta é baseada no projeto da Marinha do Brasil”, disse Stelio. “O Consórcio FLV propõe o projeto CCT (Corveta Classe Tamandaré) da Marinha do Brasil, garantindo a plena conformidade com os desafiadores requisitos da MB, em particular os de assinatura acústica e choque, atendendo a todos os critérios definidos na RFP nº40005/2017-1. Ademais a propriedade Intelectual (IPR) do projeto permanece com a Marinha do Brasil.
O Consórcio FLV fornece uma garantia global para todo o programa, da construção ao apoio logístico, por ser o proprietário do Vard Promar, que é um estaleiro moderno, com instalações adequadas e com as capacidades necessárias para a construção de unidades navais tecnologicamente avançadas.
Estamos entre os 4 finalistas da Short-list do programa CCT e nosso objetivo é fornecer à MB a melhor oferta, com o melhor preço, transferência total de tecnologia, qualidade e suporte aos navios durante sua vida útil na Marinha. Cobrir o ciclo de vida dos navios, é um dos principais requisitos deste programa e o consórcio FLV junto com as empresas nacionais, fornecerá tudo o que for necessário para que os navios estejam com altos índices de operacionalidade”, completou Stelio.
“Há anos a Fincantieri investe no Brasil, e colabora com a Marinha do Brasil no desenvolvimento de programas de modernização da sua frota. Desde a aquisição do Estaleiro Vard Promar, em 2013, está presente no Estado de Pernambuco com uma relevante área industrial. Como prova do seu objetivo de consolidar a sua posição no País, a Fincantieri investiu neste estado, nos últimos anos, cerca de 1.6 milhões de reais em modernização tecnológica, graças aos quais o estaleiro atualmente apresenta condições para a construção de navios militares”, disse Stelio Vaccarezza.
Consórcio Damen-Saab Tamandaré
Magiel Venema, diretor comercial da Damen Schelde Naval Shipyard e Marianna Silva, diretora geral da Saab do Brasil, falaram ao DAN sobre a fase final da concorrência.
Para Magiel Venema, “o diferencial da proposta apresentada pelo Consórcio Damen-Saab Tamandaré é sua cadeia de parceiros, que possibilitará uma curva de aprendizado reduzida em relação aos processos do projeto. Isso porque as empresas integrantes do Consórcio já têm um longo histórico de parcerias mútuas no Brasil e no mundo. A exemplo disso, a Damen e a Wilson Sons somam quase 30 anos de parceria e já trabalharam juntas em mais de 90 projetos; a empresa brasileira CONSUB atua com a Marinha do Brasil há mais de 20 anos e a também nacional WEG já trabalha há mais de 10 anos com a Wilson Sons e é parte da cadeia de suprimentos global da Damen. Além disso, outras brasileiras como a Akaer, Opto Eletrônica e Atmos Sistemas, que fazem parte do Consórcio Damen-Saab Tamandaré, já trabalham em parceria com a Saab no desenvolvimento do Programa Gripen brasileiro”.
Segundo Marianna, “a proposta do Consórcio Damen-Saab Tamandaré tem o diferencial de oferecer uma plataforma e sistemas de combate testados e comprovados, cooperação já estabelecida e um forte histórico de transferência de tecnologia. O consórcio também agrega experiências consolidadas no mercado brasileiro, tanto em parcerias com a indústria local, quanto em fornecimento às Forças Armadas. Esta combinação é realmente única entre todos os concorrentes. Além disso, o Consórcio Damen-Saab Tamandaré tem extrema confiança no potencial de desenvolvimento do país e vislumbra fortalecer a parceria de longo prazo com o Brasil.”
De acordo com o cronograma estabelecido pelas empresas, os módulos 3 e 5 da 1ª corveta serão construídos no estaleiro da Damen, na Holanda, ao mesmo tempo em que os demais módulos serão construídos no estaleiro da Wilson Sons, no Guarujá (Brasil).
Durante este período, engenheiros e técnicos brasileiros poderão adquirir conhecimento in loco durante um treinamento que, de acordo com o cronograma, deve durar de 3 a 6 meses. Ao retornarem ao Brasil, esses profissionais terão adquirido conhecimento suficiente para efetivar a transferência de tecnologia às indústrias locais. A partir disso, todos os módulos, da 2ª à 4ª corveta, serão desenvolvidos no Brasil.
Outro objetivo do grupo é alcançar o máximo possível de conteúdo local no que diz respeito a fornecedores de materiais e serviços. A fim de ampliar a parceria com novas empresas locais, o consórcio tem promovido encontros com as indústrias brasileiras para apresentar o projeto das corvetas e mapear possíveis fornecedores.
Consórcio Águas Azuis
O consórcio Águas Azuis é formado pela thyssenkrupp Marine Systems e pela Embraer Defesa & Segurança e apresentou em sua proposta a corveta Meko A100.
Infelizmente, após contato com seus representantes no Brasil, não foi possível obter um comentário sobre a expectativa da thyssenkrupp para o resultado da licitação da Marinha.
O DAN procurou os representantes dos consórcios para que comentassem sobre suas expectativas, fornecendo à todos o mesmo espaço.
Boa tarde amigo Padilha, teremos novidades para MB quando voce voltar de viagem?
Fábio, minha viagem foi para fazer um trabalho baseado em realidade. Se será bom ou não, dia 22/3 saberemos.
Prezado Padilha,
Parabéns pela matéria. Muito legal saber as expectativas dos participantes.
Até o final desse ano (após definir o vencedor da CCT), esperamos que a concorrência para os NPaOc seja aberta.
Grande abraço para ti e para o Wiltgen.
Obrigado Luiz. Estou trabalhando num outro artigo muito interessante para nossos leitores e porque não, para a MB também.
Assim que voltar ao Brasil iniciarei os trabalhos.
Que legal!
Suas viagens sempre trazem novidades boas para todos nós.
Quis expor a questão da concorrência dos NPaOc, pois isso encerra o PROSUPER na forma que originalmente previsto. A solução para a falta de recursos será o desmembramento.
Boa viagem e nos traga grandes novidades.
No aguardo.
O SICONTA será utilizado nas corvetas ou mais um desenvolvimento feito durante anos para que seja jogado fora, tudo às custas de compras feitas às pressas para uma necessidade que nunca surge e para um aparelhamento que nunca está à altura do que dita essa própria necessidade?
Prezado Eduardo,
Os sistemas de cobante ofertados pelos concorrentes, somente eles podem divulgar. Todavia, posso te dizer que qualquer que seja, precisa ter os códigos liberados e a arquitetura ser nacionalizada por meio de transferência de tecnologia. Assim, pode se tornar uma grande evolução para o SICONTA.
Grande abraço
Muito obrigado por esclarecer este ponto, comandante.
Prezados membros do DAN. Gostaria da opinião de vocês sobre a possibilidade de a Marinha do Brasil, usando da criatividade e diante da falta de recursos, utilizar o PHM Atlântico e/ou o NDM Bahia como plataformas de lançamento de mísseis de cruzeiro após a entrada em operação do MTC-300, com a embarcação de unidades lançadoras Astros 2020 no convôo, podendo até servir de lançamento de foguetes SS-60, SS-80 e SS-150 para “limpar” a área de desembarque anfíbio. A escalada na crise com a Venezuela me fez imaginar um cenário em que, diante de eventual conflito militar e para escapar do alcance das aeronaves venezuelanas, notadamente os SU-30, a Marinha poderia coordenar um ataque à distância, em alto mar, utilizando-se dos novos mísseis de cruzeiro, atacando a infraestrutura da Venezuela. Abraços!
Prezado Ricardo,
Possível é. No entanto, não é o ideal se colocar uma plataforma do Astros que não seja estabilizada para o ambiente naval. Para disparo, as condições do mar teriam que ser ideais.
Por outro lado, com preparo em sua estabilização, poderia ser utilizado em condições de mar mais crespo.
Grande abraço
Obrigado Luis pelo comentário. Fiz uma pesquisa e me deparei com o fato de que a Marinha do Egito estuda algo semelhante com os navios da Classe Mistral adquiridos da França, colocando alguns Humvee equipados com sistemas antiaéreo. Parece que a “Marine Nationale” estuda algo semelhante. É algo bem interessante de se pensar. Abs.
Talvez esteja nessa reta final entre a SAAB/Damen e a Naval group mesmo …esperemos o resultado.
Espero que na fase de testes e certificações o navio seja levado para Itaguaí a fim de avaliar o processo de manutenção lá. O elevador já foi testado com o submarino então para a corveta dá no mesmo, então fica para o transporte em direção á oficina – espero que esteja pronta até essa etapa. É claro que outra fase de testes poderia ser executado com o Atlântico, um de seus principais objetivos como corveta. Talvez uma participação planejada em uma Missilex ou Aspirantex limitada dedicadas exclusivamente para integrar o navio ao padrão de operações da Esquadra.
Quanto ás fragatas type 22 talvez os mesmos serão alvos dos próprios navios feitos para substituí-los com a participação dos novos submarinos com seus Exocet subaquáticos e torpedos F21. Além dos Exocet disparados de helicóptero a bordo do Atlântico ou do Bahia. Que vença o melhor para a Marinha do Brasil.
Minha maior preocupação não é quem vai ganhar a licitação, mas se vão enrolar até assinatura do contrato, tempo de construção (que não leve 15 anos como a barroso) e que no mínimo construam as quatro corvetas, não paralisem com menos da metade dos navios como aconteceu em outros programas de corvetas.
Padilha, pelo fato de ser modular a Sigma 10514 tem uma construção mais rápida?
Sim. Ajuda bastante.
Obrigado!!
Na torcida pela Meko 100. Diferença de tonelagem grande (2.600 x 3.200) que acredito que faça muita diferença.
Que fique registrado aqui minha torcida pela TKMS/EDS
Que se Damen a concorrência pois SAAbemos quem vai construir as CCT’s!!!rs
Se os franceses ganharem, vai ser uma choradeira dos infernos…
Que vença o melhor para a MB!
(Embora torço um pouco pela Fincantiere/Vard, pois os vasos serão construídos Pernambuco – meu estado)
Como complemento e curiosidade , Como está a tal de lista da Royal Navy dos descomissionamentos? Li que sairia ainda em Fevereiro ? Alguem tem uma informação ?
Ainda não saiu.
26/02/19 – terça-feira, bnoite, PADILHA, nós já SAABemos quem.ira construir as CCT’s.
Neste caso não seria já Damemos quem vai construir? (Quem constrói é a Damen) Kkkkkkkkk
26/02/19 – quarta-feira, bdia, Padilha você está correto quem constrói é a DAMEN, só que o trocadilho não ficaria muito bom, então parti para o que se encaixa na frase. Pode até não ganhar, entretanto o trocadilho está perfeito. SDS.