Para o jato de combate Dassault Rafale, a intervenção francesa no Mali foi outra chance de demonstrar a sua capacidade multitarefa. Começando com uma missão de interdição de 3.400 milhas, lançada a partir da França na noite de 13 de Janeiro, até seis aeronaves posteriormente partiram em missões diárias da sua base deslocada em N’Djamena, no Chade, também realizando missões de reconhecimento e apoio aéreo aproximado (CAS), sendo que seis deles ainda estão lá.
Naquela primeira missão, quatro Rafales decolaram da base aérea de St. Dizier, com menos de 48 horas de antecedência, e destruíram 21 alvos rebeldes pré-estabelecidos no meio do país. Cada aeronave levava três tanques de combustível de 2.500 litros, seis bombas guiadas à laser de 500 libras GBU-12 , mais um pod designador Thales Dâmocles ou seis armas inteligentes guiadas por GPS AASM Sagem Hammer. Pousaram em N’Djamena depois de nove horas e 45 minutos de voo, tendo sido reabastecidos no ar seis vezes.
Missões posteriores também se basearam fortemente no reabastecimento aéreo, enquanto o avião permaneceu na estação para apoiar as tropas terrestres, da França e de Mali, à medida que avançavam em território controlado pelos rebeldes. “O Mali é um país grande, com muita areia e um grande rio. Estávamos voando 800 milhas de N’Djamena só para chegar lá, dia e noite ida e volta com missões de duração de até nove horas”, disse o tenente-coronel François Tricot, comandante da EC02.030, um dos dois esquadrões de Rafale da Força Aérea que estão envolvidos nessa missão. Além disso ele prestou homenagem às tripulações dos KC-135 da USAF, que complementavam os cinco C-135FR franceses que reabasteceram os Rafales: “Nos nossos encontros às 02:00 hs, em um continente escuro estando a milhas de qualquer lugar, é muito reconfortante e prova o sucesso do nosso treinamento conjunto e interoperabilidade da NATO!”. No entanto, ele admitiu que houve alguns desvios não planejados para Niamey, Chade, quando os aviões demoraram mais em Mali, para fornecer mais apoio aéreo, e não havia aeronaves de reabastecimento disponíveis.
Missões de reconhecimento foram um pouco mais curtas durando cerca de cinco horas e 30 minutos. Eles aconteceram entre 25.000 e 30.000 pés, usando o pod Thales Reco NG. “Ninguém pode nos ver ou ouvir a essa altitude”, observou o Tenente-coronel Tricot. O pod Reco NG contém sensores infravermelho de longo alcance que trabalham na faixa 2 e sensores de espectro visível que podem capturar imagens de alta altitude, bem como sensor infravermelho faixa 3, que é projetado para missões de alta velocidade e baixa altitude. Para economizar o tempo necessário para interpretar as imagens, algumas imagens pré-selecionadas são transmitidas via datalink, para uma estação terrestre em Niamey, enquanto a aeronave voa de volta para N’Djamena. Os Rafales também ofereceram cobertura ISR “não tradicional”, enquanto equipado para missões de AI ou CAS. “Pudemos ver e relatar as pessoas escondidas em trincheiras e veículos escondidos sob coberturas, usando os nossos óculos de visão noturna e pelas imagens capturadas pelo nosso designador de alvos”, explicou Tricot. A maioria das missões CAS aconteceram à noite “porque é quando as tropas terrestres preferiam avançar”, acrescentou.
“Nós fornecemos apoio aéreo aos para-quedistas lançados a noite na retomada de Timbuktu,, em 26/27 de Janeiro, com duas aeronaves na estação prestando apoio a qualquer momento”, disse o tenente-coronel Tricot. “Todo mundo ficou surpreso com a rapidez com que lançamos a operação e a subsequente para retomar Gao. Tudo foi planejado e executado em 48 horas”, continuou ele.
A versão guiada por GPS da AASM provou ser particularmente útil quando os planejadores de missão selecionaram vários alvos para serem atingidos em rápida sucessão, parapreservar o elemento surpresa. “Um Rafale pode lançar a AASM rapidamente em múltiplos alvos, e lançamos 12 de duas aeronaves dentro de um minuto em uma missão. Eles atingiram alvos espalhados em uma ampla área de armazéns de munições, campos de treinamento e uma sede “, disse Tricot. Naquela missão no início de Fevereiro, outros dois Rafales estavam armados com GBU-12, de modo que se qualquer alvo não fosse destruído, poderia ser atacado usando uma arma guiada à laser.
A nova versão, da arma guiada à laser AASM, ainda não estava disponível para os esquadrões de Rafale, embora a AASM IR guiada já estava, porém não foi utilizada no Mali. O Rafale também pode agora levar a arma de maior alcance guiada à laser de 500 libras GBU-22 e a de 2.000 libras GBU-24, mas os pilotos ainda não haviam sido qualificados quando a intervenção Mali foi lançada. A bomba de dupla guiagem (GPS /orientação à laser) de 500 libras GBU-49 também já está disponível no Rafale.
O Tenente-coronel Tricot observou que a taxa de disponibilidade do Rafales foi superior a 90%, apesar das condições difíceis. Os pilotos voaram a cada 2 dias. As missões contra alvos conhecidos levavam cerca de duas horas de planejamento, utilizando o sistema SLPRM da Sagem. “O debriefing das missões poderiam levar até cinco horas”, observou ele. Tricot disse que a inteligência “quente” das missões do Rafale foi enviada diretamente para as unidades terrestres em missões, bem como para o centro de operações combinadas aéreas (CAOC) através dos canais de comunicação normais. Ter o CAOC localizado em N’Djamena foi “uma grande vantagem”, acrescentou.
Resumindo, o comandante do esquadrão, disse que as missões sobre o Mali “não eram novidade para nós, pois já realizamos missões sobre a Líbia e o Afeganistão.” Mas, ele observou, a eficiência que passou a ter com uma aeronave multimissão, se reflete nas equipes e que não podem atualmente ser correspondida na maioria dos outros aviões. “Eu gosto de ver um Rafale sujo, ele é uma máquina de guerra!”, acrescentou.
A operação SERVAL continua no Mali
Em 11 de Janeiro deste ano, a França em sua campanha militar em curso. chamada Operação Serval, rapidamente respondeu à chamada de Mali para ajudar a prevenir o avanço de militantes islâmicos de seus redutos do norte para o sul do país e sua capital, Bamako. Cerca de 4.000 soldados e aviadores franceses reverteram a situação, empurrando os rebeldes de volta para suas fortalezas nas montanha do norte e, em seguida, continuaram a atacá-los com a ajuda do renovado exército do Mali. Soldados franceses ainda estão lá ajudando a treinar as forças armadas do país, como parte de uma missão da União Europeia.
Os primeiros ataques aéreos foram realizados pelos Mirage 2000D da Força Aérea Francesa (Armée de l’Air), que estavam deslocados no Chade. Eles atingiram alvos rebeldes em Diabalie e Konna. Seis dessas aeronaves posteriormente voaram missões AI e CAS, a partir da capital do Mali, Bamako, usando bombas guiadas à laser GBU-12 e bombas de dupla guiagem (laser / guiada por GPS) GBU-49. Os Mirage F1C da Armée de l’Air, que sairão em breve de serviço, também estiveram em ação, com dois deles executando missões de foto-reconhecimento armado a partir de N’Djamena.
Os helicópteros Gazelle, Puma e Tiger HAP foram levados ao teatro de operações para executar missões de reconhecimento armado e busca e salvamento em combate (C-SAR). Veículos blindados AMX10 chegaram em seguida. A frota de transporte da era composta por dois C-130, três C160s e seis CN235s, complementada por aeronaves de transporte aéreo de outras nações (veja abaixo). Cinco aeronaves de reabastecimento francesas C-135FR e um E-3F AWACS, também foram utilizados. Aeronaves A340 e A310 do Governo francês transportavam tropas para a região e os jatos Falcon evacuaram os feridos.
A cobretura de Vídeo em tempo real (FMV) de Mali, foi fornecida por dois drones EADS Harfang (IAI Heron) MALE UAVs operando a partir de um local não revelado, e um ATL2 da Marinha francesa, mais usualmente empregado em tarefas de patrulha marítima. As imagens de satélite foram amplamente utilizado, notadamente dos sistemas Helios e Pleiades patrocinados pelos franceses.
A operação aérea inteira foi coordenada a partir de um centro de comando em Lyon composta por 30 oficiais franceses, mais um alguns da Bélgica, Dinamarca, Alemanha e Reino Unido, completado por um Centro de Operação Aérea Combinado (CAOC), em N’Djamena.
Aliados da OTAN ajudam na Operação Serval
Embora a Operação Serval, campanha militar em curso que visa expulsar militantes islâmicos do norte do Mali, foi uma iniciativa francesa, aliados da OTAN forneceram algumas aeronaves de transporte aéreo adicionais e a muito necessária capacidade ISR. Essa ação não teria sido possível sem a cooperação dos cinco países da África ‘francesa’, que forneceram acesso a bases para operações: Chade, Djibuti, Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.
Além do apoio dos KC-135 a partir dos EUA, aeronaves de reabastecimento também foram fornecidos pela Alemanha (A310), Itália (KC-767) e Espanha (KC-130). O Força Aérea Inglesa (RAF) enviou um avião de reconhecimento por radar Sentinel que voou a partir de Abidjan, e Força Aérea dos EUA forneceram UAVs Reaper que também forneceram alguma transmissão de vídeo em tempo real.
A RAF e a USAF também forneceram C-17 para o transporte aéreo de equipamentos pesados da França para a África. Dois C160 Transalls alemães complementaram a frota de aeronaves semelhantes francesas, assim como C-130 Hércules da Bélgica, Dinamarca e Espanha. Mas a França também tiveram que fretar os caros Il-76, An-124 e An-225 de empresas comerciais para atender as necessidades de transporte aéreo. No início de Março, mais de 8.000 toneladas tinham sido despachados, em 540 voos.
FONTE: AIN Online
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Defesa Aérea & Naval
Uma coisa é atacar posições de forças esfarrapadas como as guerrilhas no Mali, as quais não dispõem de sistemas de defesa anti-aérea modernos como misseis SAM S-300, pantsir S1, TOR M2, ou baterias eficazes como Patriot misseis SM2 Standart. Tais forças ficam inertes quando sobrevoadas pelos Rafales. Por isso o aparente sucesso dos Rafales no Mali, como no Afeganistão não podem servir de parâmetros para saber se tais jatos poderiam ser utilizados com eficiência contra forças bem aparelhadas. Por exemplo: Se tais jatos tivessem que ter a missão mais séria de atacar posições israelenses por exemplo. É certo que não voltariam nem um só jato para suas bases. Seriam todos abatidos.