Cancelamento da compra dos navios Mistral foi mal que veio para o bem.
A ideia da compra dos porta-helicópteros franceses Mistral por parte da Rússia surgiu em 2008 e teve motivações puramente políticas. Na época, as relações franco-russas estavam em alta, depois de o então presidente francês, Nicolas Sarkozy, ter desempenhado um papel crucial na resolução do conflito entre a Rússia e a Geórgia.
Da parte russa, a negociação tinha o apoio do presidente, Dmitri Medvedev, mas Vladímir Pútin, que na época era primeiro-ministro do país, nunca foi um entusiasta da compra dos navios e disse há dois anos: “Assinamos esses contratos para apoiar os nossos parceiros e dar trabalho aos estaleiros deles, mas sinceramente para nós, do ponto de vista do apoio da nossa capacidade de defesa, os contratos não têm qualquer importância”.
Os navios franceses estavam condenados a se tornar um corpo estranho dentro da frota russa, e havia o problema do fornecimento de peças de reposição, que não seguem os padrões russos. Quando o relacionamento com o fornecedor é bom, é possível contornar tais dificuldades, mas o que acontece quando o país se encontra sob regime de sanções? Isso fez com que grandes dúvidas surgissem quanto à necessidade da Marinha russa de ter aqueles dois “brinquedos” caros.
O Mistral é um navio polivalente e pode tanto servir como embarcação de comando quanto como posto de comando durante operações militares no mar. Uma das razões para a aquisição dos navios era, precisamente, o desejo de obter acesso às modernas técnicas ocidentais de gestão de uma guerra naval. No entanto, a principal função do Mistral é a de desembarcar tropas longe da costa, operação que a Rússia não costuma realizar e que nem sequer faz parte de sua doutrina naval. A não ser, eventualmente, se Moscou quisesse desembarcar tropas na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad ou usar esses navios para combater piratas perto da costa da Somália. Mas tais usos podem compensar os altos custos?
Os navios franceses, na verdade, não se encaixavam no conceito tradicional de uso militar dos fuzileiros navais russos. Ao contrário dos navios de desembarque russos, o Mistral não consegue se aproximar diretamente da linha costeira. Ele precisa de meios adicionais para o desembarque de equipamento pesado, para o qual, aliás, tem pouca capacidade de transporte a bordo. A instalação desses meios requer tempo e um grupo de embarcações militares que cubra esse segmento das operações. Essas embarcações, por sua vez, existem em pouco número na Marinha russa, devido precisamente à falta de prática no desembarque de tropas navais.
O equipamento militar usado pelas tropas navais russas no desembarque não está adequado ao Mistral segundo uma variedade de padrões. Os helicópteros Ka-52 e Ka-27, por exemplo, que iriam supostamente ter sua base a bordo desses navios, não conseguem entrar na abertura do elevador que os desceria para o hangar dos helicópteros. Além disso, os navios franceses usam um combustível mais inflamável do que as forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o que se torna crítico devido à maior vulnerabilidade do Mistral. E havia muitas outras dificuldades técnicas e incompatibilidades de padrões. O mais provável é que os navios tivessem que ser adaptados às condições russas, sem perspectivas claras quanto ao seu uso.
Mas o que realmente prejudicou a negociação foi o fato de a França, sob pressão dos aliados da Otan, ter se recusado a vender os navios com os dispositivos eletrônicos tradicionais da aliança – ou seja, o sistema informativo e de controle Senit 9 e o mais novo sistema da Otan de troca de dados e gestão das forças heterogêneas, o SIC-21. Isso derrubou o único argumento forte a favor da compra dos navios franceses.
Se apesar de tudo os Mistrais fossem entregues, eles provavelmente estariam condenados a uma utilização muito limitada, atuando principalmente como embarcação de transporte, adequada também para operações de resgate em situações de relativa paz.
Deve-se também levar em consideração que a própria França construiu para si mesma apenas dois navios Mistral e que suas tentativas de vendê-los a outros países ainda não foram bem-sucedidas nem uma vez. Se não fosse a encomenda russa, os estaleiros em Saint Nazaire estariam ameaçados de fechamento.
O sonho brasileiro dos Mistral
A Marinha russa de fato necessita de um veículo anfíbio de desembarque de nova geração. O mais provável é que agora ele vá ser criado com base no navio Priboi, que já vem equipado com um sistema eletrônico nacional e totalmente adaptado aos padrões russos.
A construção do primeiro navio desse tipo está prevista para 2020. O Priboi é inferior ao Mistral em alguns aspectos – se desloca a uma velocidade menor e tem uma autonomia de navegação 20% menor -, mas em outros leva vantagem: tem um calado mais baixo, uma autonomia de permanência no mar até 30% superior e pode levar a bordo 30 helicópteros, em vez dos oito abrigados pelo navio francês.
De fato, é de se lamentar os sete anos perdidos com a negociação de compra dos navios Mistral. No entanto, devemos lembrar do ditado: “há males que vêm para o bem”. Ou ainda: “antes tarde do que nunca”.
Geórgui Bovt é cientista político e membro do Conselho para a Política Externa e de Defesa da Rússia.
FONTE: Gazeta Russa
Dalton, também acho superestimado esta perspectiva dos Priboi transportar 30 helicópteros, posto que nas imagens disponibilizadas do Lavina (que é maior que os Priboi) é perfeitamente perceptível a capacidade deste operar simultaneamente 8 helicópteros (3 Ka-52 e 5 KA-27), havendo marcações maiores no convês que indicam a possibilidade de se operar nestes dois pontos aeronaves acima de 30 toneladas. Desta forma presumindo-se que a capacidade do hangar seja para transportar entre 8 e 10 aeronaves, acredito que a capacidade máxima de transporte dos Lavina esteja na faixa de 16 helicópteros e no máximo 500/600 marines com seu equipamento básico.
Quanto aos Priboi, cabe ressaltar que em entrevista a TASS o engenheiro chefe do Estaleiro Nevsky, fresponsável apela construção dos Priboi, informou que as especificações do Priboi já teriam sido aprovados pela Marinha Russa e que o navio deslocaria 16.000 toneladas, seria capaz de operar até 6 helicópteros simultaneamente e transportar um batalhão de fuzileiros (cerca de 500) com todo o seu equipamento e que se espera o primeiro navio finalizado em 2020. Assim com base nestas informações acredito que a capacidade máxima de transporte embarcado dos Priboi seja de no máximo 10/12 helicópteros, 6 no deck e no máximo 6 no hangar.
Cabe ainda afirmar que já circula nos fóruns russos a informação do desenvolvimento de uma nova embarcação designada preliminarmente de Surfer e que seria similar em capacidade aos HMS Ocean.
Eu pessoalmente, caso fosse conselheiro de Putin, tentaria uma aproximação com a industria naval chinesa e adquiria os direitos de fabricação dos type 71 (LPD) e type 81 (LHA), encurtando desta forma o tempo de desenvolvimento do projeto e de fabricação, isso sem contar na economia de custos, sendo que com dois navios de cada tipo a Marinha russa teria uma capacidade expedicionária excelente, posto que os LHA Type 81 podem chegar a ter 40.000 toneladas e transportar nada menos do que 25 helicópteros pesados do porte do Super Frelon, e com certeza esta encomenda não custaria mais de 1,5 bilhões de dólares.
Inegavelmente o mistral é um excelente navio, mas com toda obra de engenharia tem seus defeitos e suas limitações, a mais grave a meu ver e sua velocidade posto que a velocidade de cruzeiro é de 15 nos, enquanto a velocidade máxima e de apenas 19 nos.
Quanto a capacidade de transporte embarcado dos Mistral o certo é afirmar-se que ele pode carregar 10 helicópteros no hangar enquanto carrega 6 no seu convés, ou seja o número máximo de helicópteros transportados é de 16 unidades, porém isso não quer dizer que ele tenha capacidade de operar todos simultaneamente, bem como cabe afirmar-se que dos 6 pontos de operação em seu convés apenas um esta preparado para operar aeronaves acima de 30 toneladas.
Da mesma forma, não é possível a qualquer pessoa de bom senso e, principalmente comprometido com verdade, que a aquisição e operação dos mistrais pela Rússia implicaria na adoção de novas técnicas de desembarque anfíbio, técnicas estas mais modernas diga-se de passagem, já que não implicaria na aterragem dos navios na praia para o desembarque de seus fuzileiros, como no acaso dos Ivan Rogov, porém cabe a ressalva que esta mudança de estratégia já estava sendo implantada na Rússia a mais tempo, posto que os próprios Ivan Rogov tinham capacidade LST e LPD, bem como podiam operar 4 helicópteros simultaneamente em seu deck.
Também é certo afirmar-se que além de ser um gesto de aproximação, a compra dos Mistrais tinha como claro objetivo capacitar os estaleiros russos nas modernas técnicas de construção naval modular e este proposito foi alcançado posto que o estaleiro russo responsável pela construção de 24 blocos do Vladivostock, foi totalmente adaptado as exigências francesas.
Cabe ainda ressaltar que apenas os custos de desmontagem dos sistemas russos e a substituição por equipamentos ocidentais esta alçado no valor de 200 milhões de dólares, sendo que os técnicos russos que procederão a desmontagem dos sistemas russos já são aguardados na França e todos os custos serão suportados pela França.
Desta forma, a venda para terceiros implicará a Paris um prejuízo de no mínimo 500 milhões de dólares posto que foi devolvido a Rússia cerca de 1,3 bilhões de dólares, mais o custo da reforma, de 200 milhões e mais a indenização que os estaleiro francês de Saint Nazaré deseja de 1,5 milhões de dólares por dia, em uma conta simples podemos chegar facilmente a um custo total de 1,7 bilhões de dólares, quando o preço de um mistral novo é de 590 milhões de dólares.
E não há de se afirmar que as diferenças entre os Mistrais franceses e os Mistrais russos são poucas, basta um exercício de comparação entre um é outro, sendo plúrimas as fotos de ambos na rede, devendo-se se notar a diferença da ilha de comando e enormidade de sensores e radares russos instalados no Vladivostok e em seu irmão gêmeo.
Quanto a pergunta do Dalton, um navio de mesma tonelagem pode embarcar mais viaturas do que o outro, basta perceber que as acomodações dos Mistrais franceses permitem seu uso como embarcação de comando, navio hospital e sua própria função anfíbia, assim, apenas o hospital dos Mistrais franceses ocupa uma área de 710 m2, enquanto o hangar e transporte de veículos tem uma área de 2.610 m2.
Quanto ao fato dos Kamov não caberem nos elevadores originais isso se deve ao fato destes helicópteros serem coaxias, portanto, mais altos que os Tiger e NH90 o quer implicou a modificação da altura dos hangares em um rearranjo interno dos Mistrais russos.
Cabe ainda a ressalva de que a compra dos Mistrais pelos russos sempre foi alvo de severas críticas, tanto que a construção de outros dois navios foi suspensa pela marinha russa muito antes da recusa francesa em entregar o Vladivostock e o Sebastopol, bem como mesmo oma construção dos Mistrais a Rússia continuou a construir seus próprios LPD, ainda desenvolvidos na extinta URSS, e já esta aprovado e em construção uma série de 6 navios Ivan Green, os quais são muitos superiores as classes Ivan Rogov, Ropucha e Aligator.
Desta forma, ainda que os Mistrais não tenham sido entregues à Rússia, não é de todo errado afirmar-se que grande parte dos objetivos russos foram alcançados, principalmente a modernização implementada no estaleiros USC em Sevastopol, que serviu de base para modernização que esta sendo implementada em todos os estaleiros russos, bem como possibilitou a indústria russa de desenvolver seus próprios projetos, bem como ainda existe a possibilidade no horizonte cada vez mais crescente de ua maior integração entre as indústria navais da China e da Rússia, fato este que pode gerar bons frutos no futuro.
Pergunta do Dalton?
Rprosa…
só fazendo uma pequena retificação quanto à classe Ivan Green,
já foi anunciado meses atrás que apenas 2 serão completados
ao invés dos 6 previstos.
Quanto ao futuro “Priboi” sendo menor que um Mistral e igualmente
dispondo de doca alagável não há como ele poderá transportar
30 helicópteros, muitas fontes citam a mesma capacidade do
Mistral.
Mesmo os LPHs classe Iwo Jima que não dispunham de doca
alagável e tinham um tamanho intermediário entre o Mistral e
o futuro Priboi embarcavam em média 25 helicópteros entre os
quais 4 pesados CH-53s.
Há uma diferença entre “transportar” e “operar efetivamente” e
a segunda opção significa sempre uma quantidade menor.
Os russos pretendem construir uma classe até maior que o
futuro “Priboi”, o “Lavina” este sim será maior que o Mistral e
poderá embarcar mais helicópteros, talvez o número “30”
seja compatível com ele, desde que sejam 30 “leves”.
O texto menciona que 30 helicópteros poderão ser transportados
no futuro navio russo enquanto que apenas 8 podem ser transportados
pelo Mistral, mas, considerando um mesmo tamanho para os helicópteros
a capacidade deverá ser igual.
Vendo por esse ponto de vista sei que foi por falta de verbas mais os comandantes da marinha não queriao o mistral também acho que Ta explicado
O que dizer do texto? Bravatas!
Nada disso! O texto foi muito bem colocado. No mais, ainda estou aguardando a recuperação da Crimeia e dos territórios rebeldes pela OTAN/EUA. Espero que não demore tanto quanto às promessas israelenses de bombardear as usinas Iranianas….
Sds.
Algumas incoerências do texto:
– Ka-52 e Ka-27 não passam pelo elevador? Que besteira.
– o texto supõe que a compra daria acesso à Russia à equipmentos de comunicação da OTAN? É óbvio que não.
– a França produziu para si 3 navios e não 2.
Concordo que a compra não era necessária e que a Russia poderia projetar e construir navios semelhantes, mas isso demoraria mais, e quiseram queimar etapas, visto que essa capacidade foi considerada importante após a guerra da Georgia. Mas alguns dos argumentos do texto não tem fundamento.
Topol, Scailer,
O próprio texto diz que um dos objetivos da compra era justamente aprender técnicas modernas de assalto anfíbio… Por tanto, não tem essa de “quebrar o gelo” ou só “fortalecer laços econômicos”…
No mais, qual país ocidental iria propiciar um meio de projeção estratégica de força a um país que claramente se distancia da política do Ocidente…?
RR
Aumenta mas não inventa, o texto diz que eles gostariam de “obter acesso as modernas técnicas ocidentais de GESTÃO de guerra naval” isto significa utilizar o navio como POSTO DE COMANDO e fica explícito no próprio texto que esses navios nem sequer fazem parte da doutrina naval russa.
Realmente eles contribuiriam em nada ou quiçá em muito pouco para a capacidade de defesa pensada na doutrina da VMF hoje e está muito claro que a tratativa de compra foi SIM uma tentativa de aproximação política com a França para mostrar a Washington que não é possível isolar a Rússia, fato este que Sarkozy compreendeu mas que o seu sucessor pau mandado Fraçois Hollande não teve …. para assumir, admitir e levar adiante…
Em relação a sua pergunta a resposta é muito simples:
FRANÇA
Dependendo de quem está no comando daquilo, abaixo de Washington é claro… Aceite de uma vez por todas que a mudança de opinião em não entregar os navios não partiu deles e sim de uma ordem SUPERIOR… Se dependesse só deles já teriam entregado faz tempo, fato INCONTESTÁVEL !!!
Topol,
Inventar o que, amigão…?
“Uma das RAZÕES para a aquisição desses navios era, PRECISAMENTE, o desejo de obter acesso as modernas técnicas ocidentais…”
Tá lá no texto…
Quem deseja, é porque precisa… Ninguém paga bilhões por armas apenas pra fazer firula… Tenha dó…
E se os russos não fizeram um até agora é porque não tem o expertise pra isso… Simples assim… Não tem mais nem menos… Ora pois! O próprio texto põe uma previsão para um navio equivalente por volta de 2020, prova de que os russos não tem nada pronto… Se tiver, é algum rascunho e olhe lá…
“Se dependesse só deles já tinham entregado faz tempo…”
Poderiam fazer o que bem entendessem de um jeito ou de outro, como é com qualquer fornecedor… Aliás, isso não é novidade… Os próprios franceses já embargaram armas para aliados do Tio Sam ( Israel ) e até pra outros países ocidentais ( Argentina )… É só pisar no calo de qualquer fornecedor pra ver se ele entrega alguma coisa… Entenda meu caro: a política atual da França é a política pró-Ocidente; e os russos estão contra essa política…
RR
Não é fazer firula, é lógico que os navios são excelentes e tem serventia, acontece que essa capacidade de projeção de poder estava em segundo plano nas intenções de Dmitri Medvedev e seu então 1° Ministro Putin na época durante as tratativas de aquisição…
O principal motivo dessa aproximação era mostrar a Washington que a Rússia não estava “isolada” como eles queriam, talvez agora esteja bem mais isolada do que antes, depois que EUA mexeu os seus pauzinhos como sempre impondo os seus interesses, ainda que escusos, aqui classificados como legítimos e benéficos… ora, para cima de mim não camarada !
Você fala em pisar no calo, mas no calo de quem ??? Da França é que não era… quem se importa com os calos dos outros acima dos seus próprios para mim é capacho, puxa saco, pau mandado, escolha qual adjetivo se encaixe melhor e coloque sempre a frente do nome da França esse singelo pronome de tratamento em letras garrafais pois eles merecem.
E anote e aí … Dentro de pouco tempo os Navios de Assalto Anfíbio da classe Priboi sairão do papel, mesmo tendo pouca serventia na doutrina da marinha russa, agora será uma questão de honra…
Parece que você não sabe como é o modus operandi daquele povo, isto não ficará assim, pode escrever aí… A primeira “rasteira” já foi o lobby para o cancelamento do MMRCA na Índia, e ainda virão mais uns três ou quatro tombos diferentes… você vai ver.
E eu ainda não descartei a possibilidade das coisas mudarem de novo e esses Mistrals acabarem indo para a Rússia, a coisa ainda está imprevisível.
E não me venha com esse argumento que a França mudou de opinião, mudou de opinião o escambau, eles acataram foi ordem de cima mesmo, só você que insiste em defender essa posição traiçoeira e submissa da França.
“…França mudou de opinião, mudou de opinião o escambau, eles acataram foi ordem de cima mesmo, só você que insiste em defender essa posição traiçoeira e submissa da França.”
Muito bem colocado, Topol.
Sds.
Topol…
Você automaticamente condiciona todos os membros da OTAN a posição de “subordinados” aos EUA, o que não é uma verdade absoluta… Tanto é que há divergências entre eles e a PRÓPRIA FRANÇA já abandonou essa organização no passado, em pleno auge da Guerra Fria…
Os franceses já provaram mais de uma vez que não dão tanta importância ao interesse americano. Aliás, isso se prova com o embargo a Israel, que colocou os israelenses ( PRINCIPAL ALIADO AMERICANO NO ORIENTE MÉDIO ) numa saia justa no final dos anos 60…
A França não “mudou de opinião…” NESTE MOMENTO, ela está alinhada com os interesses da OTAN, organização a qual ela pertence… Seus interesses IMEDIATOS são os interesses da OTAN. Simples assim…
E a ATUAL relação que os franceses tem com esta organização é maior que uma venda de armas… Nem mais, nem menos… Não tivesse Putin intervido na Crimeia e os russos estariam recebendo os Mistral…
Quanto a doutrina, a própria ideia de se investir em cruzadores maiores, o desejo de se ter um novo porta-aviões, além de navios de assalto anfíbio, mostram que os russos tem intenção de minimamente revisa-la…
Na boa RR, é mimimi demais, tente convencer a outra pessoa que não a mim… Eu sei muito bem como a banda toca, não me tenha como alguém de mente senil, assim como respeito sua inteligencia, menos nesse ponto.
Topol,
Jamais ousaria desrespeitar a inteligência de outra pessoa.
Apenas não compartilho de sua visão da situação. E acredito que são outros os fatores que levam a França a tomar suas decisões. Só isso…
Saudações.
RR
Você diz que a França já abdicou de sua patológica obediencia aos EUA e usa como argumento seu embargo ao fornecimento de armas a Israel nos anos 60. kkkkkkkk, tenho que rir dessa, se os EUA fossem assim tão amigos porque não colaboraram com a França quando a mesma estava tentando suprimir a rebelião na Argélia, que a forçou a tomar a decisão de ficar ao lado dos árabes e contra os judeus… me diga quem foi o maior beneficiado com esse embargo ??? Quem foi que se transformou no fornecedor oficial de Israel atropelando todos os tratados e nunca mais largou o osso? Quem foi que em uma pancada só vendeu quase 150 Phantons e SkyHawks para a IAF e de lá para cá vem emplacando cada vez mais vendas … F15, F-16, F-35, C-130, Apache, E-3 etc… literalmente TOMANDO o mercado da França ??? Se a colaboração com os interesses alheios mostrada pela França hoje tivesse sido recíproca os EUA os teriam ajudado a conter a rebelião em sua área de interesse e não lhes tomado seu maior cliente de armamentos… Mas não, ficaram bem quietos, a França suspendeu as vendas para tentar evitar mais uma guerra, os EUA foram lá e abocanharam o osso.
A Dassault tomou uma paulada que nunca mais conseguiu se recuperar, pois essa lacuna seria preenchida por caças Mirrage F1 e futuramente pelos Mirrage 2000 e hoje a IAF estaria equipada com o Rafale.
Agora a Dassault levou outra paulada nas costas que foi o cancelamento do MMRCA na Índia, fruto direto das eFECAZES atitudes do governo francês …
E a DCNS está tomando mais uma paulada com a quebra desse contrato e ficou com os navios parados sem ter para quem vender acumulando prejuízos… a DCNS está tão satisfeita que está até se propondo uma parceria com o governo russo para auxiliar na construção dos seus navios anfíbios na Rússia em um acordo direto da empresa com o governo, ou seja mais uma bola nas costas das empresas estratégicas de defesa francesas, tudo por culpa dessa parceria passional e cega em nome dos interesses dos EUA e da OTAN.
Topol…
Os franceses, naquele período, tinham negócios em bilhões com os árabes; petróleo em particular… E Israel se tornou uma ameaça aos árabes… Ou seja, agiram de acordo com seus interesses…
Israel estava longe de ser o único e maior ganha pão da industria francesa de armas… Produtos franceses foram parar no Iraque, Líbia e Egito, antes e após o Yom Kippur… A colaboração dos franceses com o regime de Saddam Hussein até hoje é vista com reservas por Washington, principalmente sua atitude no conselho de segurança da ONU em 2003, tencionando bloquear qualquer resolução favorável a uma invasão.
Na moral… Com todo o respeito, amigão… Mas… Rir de quê…?
Tudo o que você disse apenas reforça minha posição de que a França pensa com cabeça própria, dando uma banana na cara do Tio Sam mais de uma vez… Não é, nem nunca foi, o país subalterno que você acredita… E mesmo hoje, esse comportamento não mudou em essência…
O fato é que qualquer expansão russa em direção a oeste é sim uma ameaça as intenções francesas ( e também as europeias ) de longo prazo. Por isso os Mistral não foram entregues. E seria ingenuidade acreditar que os franceses agiriam de outra maneira…
Esse fato é risível sim senhor e eu lhe explico, se caso você não tenha entendido o humor negro envolvido nesse episódio, é um caso sadomasoquismo político, ou em um termo Francês, um boundage!!!
Então se a ajuda mútua entre França e EUA fosse recíproca os EUA deveriam ter intermediado e apaziguado os ânimos entre Israel e os países árabes usando sua diplomacia para beneficiar a França na crise de Suez, mas pelo contrário o que ocorreu foi um ultimato dos EUA para que seu “aliado” a França se retirasse do canal Egípcio e retirasse suas tropas e ao mesmo tempo posicionando sua diplomacia ao lado de Israel… A França com sua eFECAZ política externa deu um tiro no pé, virou as costas a seu maior cliente (do jeitinho que os EUA queriam) e embargou a venda de armas para Israel… Os EUA foram lá e gentilmente lhes roubou o mercado na cara dura sem pedir licença…
Como dizem no Ceará, foi uma trairagem da bixiga, mas ao invés de ficar insatisfeitos os franceses fazem é lamber as botas dos americanos uma dezena de vezes depois disso, o caso dos navios Mistral é só mais um entre tantos outros…
E se o fato de qualquer expansão russa em direção ao Oeste é intimidador para a França, então por que eles concordaram em vender os navios ??? por que não embargaram e disseram não desde o início ??? Por que já íam inclusive instalando uma filial da DCNS em Sebastopol para fabricar o 3 e o 4 Mistral ??? São perguntas que todos sabemos as respostas porém sempre existem aqueles que estão sempre dispostos a “se doar por inteiro”, como dizia Ménem, numa relação carnal com os EUA, não é mesmo meu amigo RR …
Topol…
Concordaram em vender os navios porque até aquele momento a Russia não estava contra os interesses franceses e havia um ponto comum… Simples assim… E esse ponto comum foi pro espaço com a Crimeia…
E o interesse francês DE HOJE é comum ao interesse americano… Nem mais e nem menos…
E já disse mais de uma vez pra você: interesses são mutáveis… Aliás, todo esse relato seu, tudo o que você disse até, apenas reforça isso.
Tudo bem, então chegamos a conclusão que é mesmo um caso de sadomasoquismo político, um bondage bilateral. Me dou por satisfeito com essa definição… TKS meu nobre colega.
Até breve.
Primeiro, não são dois Mistral, são três: Mistral, Torrene e Dixmunde…
Segundo: os Mistral podem levar até 35 helicópteros de pequeno porte. Em combinações, poderiam levar quantidades variadas, mas é perfeitamente crível montar um time de assalto com uns 10 helicópteros do porte de um EC-725 e uns 10 do porte de um Cobra ou Tiger; o que é uma força de assalto respeitável…
E esses navios fazem muito mais que qualquer meio que França já dispôs nessa categoria, em todos os sentidos… Também é um exagero acreditar que os estaleiros franceses estariam “ameaçados de fechamento” só por causa disso…
Levar navios de desembarque próximos a costa é hoje algo muito mais perigoso… Em uma estratégia assimétrica de defesa, um adversário bem organizado pode posicionar-se com mísseis de pequeno porte ( Kornet, TOW, Spike, etc… ) ao longo de pontos de difícil visualização próximos a costa e atacar esses navios enquanto eles se aproximam… Esse foi um dos fatores que gerou LHDs e LPDs atuais, que levam até as imediações da área de atuação os equipamentos necessários, ficando ao máximo possível fora de alcance…
Nesse caso, após as forças do ar varrerem o terreno, o desembarque das forças que devem tomar a praia seria realizado por veículos tipo CLANf partindo dos navios anfíbios, com o equipamento pesado e os reforços sendo desembarcados por lanchões de desembarque somente após a praia estar assegurada… Assim, nunca se coloca em risco os navios maiores, que se constituem em “base móvel” para as operações…
O Mistral não transporta mais que 16 helicopteros NH-90 ou Tiger.
Fernando,
São variações de helicópteros que podem ser transportados. O dado de 35 helicópteros deve se referir a tipos como o Gazzele e/ou “Puma”…
Cosiderando que o NH-90 tem pouco mais de 16m de comprimento e o Gazelle menos de 12m, o mistral não transporta mais que 20 helicopteros Gazelle.
35 helis só se for estacionando mais aeronaves no convoo, o que prejudicaria as operações aereas embarcadas.
Muito bom texto. A ilustração das crianças é sensacional!
Isso é fato ! eu acho que esse acordo tinha por objetivo oxigenar a industria naval russa com tecnologias industriais ocidentais , ou seja , inovar na gestão de construção de belonaves.
O equipamento russo é bom , mas existem criticas quanto a gestão da cadeia de produção e logistica das peças de reposição e isso precisa ser aperfeiçoado constantemente.
Na realidade, a compra dos mistrais feita no governo Sarkozy tinha o único objetivo de fortalecer laços econômicos com a Russia….. E aprimorar o acesso ao mercado russo pelos franceses…..
Acontece que a França abriu a tecnologia dos navios à Russia em troca de alguns milhões
Mais uma vez, a França se ferra só pra fazer uma vontade estúpida dos EUA…
E eu me pergunto: “Vale a pena ficar contra a Russia (uma potência nuclear, energética e tecnológica) apenas pra ajudar meia dúzia de nazistas do Maiden?”
Vale a pena empurrar Moscou pro colo de Pequim?
Não seria melhor trazer a Russia para perto de si e construir uma parceria?
A política externa dos atabaques dos EUA e de seus aliados é deprimente
Entendo sua frustração com os franceses, questão de opinião. Contudo é preciso fazer um reparo. A única política externa dos atabaques é a praticada aqui no Brasil desde 2003…
Se realmente vc acredita em tudo isso de trazer a Rússia para perto de ocidente, das parcerias e de que ela está sendo empurrada no colo da China e que vc é muito inocente…
Eu nunca entendi essa compra pela Russia, o projeto da classe Priboi poderia ser adaptado, foi projetado principalmente como porta-helicopteros tendo pouca capacidade para tropas, porém nunca entendi a dificuldade em adaptar esse projeto a um completo multiproposito de desembarque tipo europeu ocidental. Deve ter sido uma forma de tentar se aproximar da França em parcerias navais futuras.
Só daqui mais ou menos 50anos luz
Eu mesmo já alertei diversas vezes que a compra desses navios estava mais para uma tentativa de aproximação política e econômica para quebrar o gelo do que uma aquisição que representasse um real reforço na capacidade de defesa da Rússia…
Cada vez mais fico abismado com a trapalhada francesa na condução dessa questão, país de governo volátil e submisso.
Concordo! Esse presidente francês atual é um cara sem personalidade e apagado. É uma vergonha para a tão outrora orgulhos França o estado submisso atual deles.
Manda pro Brasil q ta tudo certinho ..inclusive compramos os ka-52 citados … um final feliz pra todos ^^
Para o Brasil esses mistrais não seriam elefantes brancos, e sim uns MAMUTES BRANCOS
Navio novo ”mamute” ? So pq tem DNA russo ? … questão de opinião …
Se abandonassemos o caro sonho de ter um NAe por um tempo, daria para nossa esquadra adquirir esses dois navios, desde que a França se virasse pra reformulá – los aos padrões necessários ao nosso país sem nos acrescentar tais custos. Olhando pelo ângulo da versatilidade esses meios seriam úteis para nós, mas precisaríamos de esquadrões de caça em terra com autonomia para defender nossos mares a longas distâncias, já que não teríamos caças embarcados, seria bom se fossem esquadrões compostos por SU-34.
Claro que sonhar é positivo e de graça,
más os SU-34 não virão para o Brasil.
Por enquanto, nossa defesa aérea marítima serão mesmo os P-3 armados com Arpoon… E se os Gripen E/F, forem também armados com mísseis anti navios e agirem apoiados pelos E-99 e reabastecedores KC-390,
teremos uma defesa aérea marítima credível e do tamanho do nosso bolso…
Uma questão de sonho caro Fred, somente sonho, pois nosso país nunca teve seriedade pra esse nível de aquisição. Sds
Caro Arc,
Quem quer projeção de força, precisa de NAe. E o Brasil, detentor de uma costa enorme e detentor de arquipélagos longe da costa, precisa de capacidade expedicionária, o que implica em ter NAe. É isso ou resumir-se a táticas meramente defensivas, o que não garantiria em primeira instância a defesa dos arquipélagos…
Não concordo.
Países como Japão , Coreia do Sul,Canada e Holanda possuem territórios ultramarinos e arquipélagos , mas não possuem porta-aviões e sim porta-helicópteros multifunção.
No caso do Brasil , um ou dois navios Classe Dokdo somados a uma força de escoltas modernas e uns 10 submarinos dariam conta do recado.
Gabriel…
Japão, Coréia do Sul, Canada e Holanda tem o guarda chuva do Tio Sam… O Brasil, não…
Caro RR,
Não temos nenhum inimigo que exija tamanho poder de dissuasão … se o Tio Sam nos atacasse não haveria como vence-los no mar…a China não se aventuraria desta forma no quintal do tio Sam…os franceses tem um P.A.(quem tem um não tem nenhum)…Inglaterra não tem motivo para nos afrontar e mesmo que tivesse os meios citados por mim poderiam facilmente dar jeito neles.
Caro RR, não fiz menção a desistir de um NAe mas sim protelar essa aquisição para restaurar nossas capacidades de superfície que estão se desintegrando.
Um ponto que vale destacar é a capacidade dos Mistral de embarcar helicópteros equipados para guerra anti submarina, o que daria certo poder de projeção para cobrir nossos arquipélagos, e quanto aos céus ainda creio que se tivessemos caças da envergadura do Su-34 poderíamos ter autônomia para defender nossa Costa.
Procuro ser realista RR, não temos condições de comprar e manter um NAe nas condições em que se encontram nossa MB, quase não temos mais esquadra, tudo aos farrapos. Sds
ainda saiu ganhando uma fortuna por quebra de contrato.
Resumo da Opera os Franceses ficaram com 2 elefantes Brancos, e que para serem vendidos vão ter que passar por uma total reformulação do futuro comprador.
PS. Esses mistrais não devem ter capacidade de operar o F-35 devido ao seu piso não ser adaptado?