A polêmica da venda de um navio de guerra francês à Rússia ganhou um novo capítulo na tarde desta quinta-feira (4), durante a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no País de Gales. O presidente François Hollande disse que só entregará a primeira das duas embarcações encomendadas pela Rússia, se houver um cessar-fogo e um acordo político do país com a Ucrânia.”
“Hoje, essas duas condições não estão reunidas”, disse Hollande, que está sendo bastante criticado pela oposição francesa desde que anunciou o cancelamento da entrega do equipamento militar. “Como eu poderia autorizar a entrega de um barco que pode amanhã ser usado em guerra enquanto há essa crise na Ucrânia?”, justificou Hollande, depois de se encontrar com seu colega ucraniano, Petro Porochenko.
O presidente francês disse que assim que as exigências forem cumpridas – em sua avaliação “em outubro ou novembro” -, as embarcações serão entregues. A venda dos equipamentos significa um contrato de € 1,2 bilhão e, destacou Hollande, “muitas horas de trabalho para os canteiros de Saint-Nazaire”, região do sudoeste da França onde os navios do tipo Mistral são construídos
Até o mês de agosto, o governo francês dizia que o primeiro navio encomendado seria entregue, pois já estaria pronto e praticamente pago. O discurso até então era de que apenas a segunda embarcação ficaria condicionada ao fim do conflito na Ucrânia. Mas o crescimento da pressão tanto da opinião pública francesa quanto dos países ocidentais fez o país anunciar estar semana que mesmo a entrega do primeiro equipamento seria embargada. Hollande negou que se deixe levar por estas pressões: “Quando a crise ucraniana começou, eu adverti que não poderíamos ter sanções que colocassem em risco contratos já assinados, portanto eu não estava me submetendo a nenhuma pressão”.
Idas e voltas do Mistral
O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, afirmou, no mês de agosto, que o governo não iria voltar atrás na venda de um gigantesco navio de guerra para a Rússia – o primeiro de uma encomenda de dois exemplares (que poderá chegar a quatro) estimada em € 1,2 bilhão. “É um acordo que foi assinado em 2011, no governo anterior, mas isso pouco importa. Há uma regra que vale em assuntos nacionais ou internacionais: contrato assinado e pago deve ser honrado. O presidente diz que o contrato para o primeiro navio, que deve ser entregue em outubro, será honrado, e o segundo barco, que ainda não foi construído, depender da atitude dos russos.”
Fabius também aproveitou para alfinetar a Inglaterra, primeiro país a condenar a concretização da venda. “Os ingleses foram extremamente amáveis, entre aspas, dizendo “nós jamais faríamos isso!”. Pois eu recordaria um princípio, que existe para todos, e também para eles: caros amigos britânicos, falemos também de finanças. Creio que não há poucos oligarcas russos em Londres.”
Estrela naval francesa
Além dos ingleses, os Estados Unidos também classificaram a venda de “totalmente inapropriada”. O Mistral é uma das estrelas das Forças Armadas francesas, com suas 22 toneladas e 199 metros de comprimento. Com capacidade para 450 homens, 16 helicópteros e 60 blindados – ainda dotado de um hospital -, o navio é, segundo especialistas, exatamente o que falta á marinha russa. Some-se a isso um aumento do orçamento militar russo da ordem de 40% – comparável ao da União Soviética – e a necessidade da França de manter os mil empregos garantidos na construção das embarcações e, voilá a conta que fará o Mistral singrar os mares rumo á Asia.
O contrato foi assinado por Nicolas Sarkozy em 2011 em um contexto diferente: o conflito russo não era na Crimeia, mas na Georgia, e o então presidente francês tentava mediar a contenda. Sarkozy também cortejava o Brasil, ainda alimentando esperanças de concretizar outro acordo de grandes proporções, a venda dos aviões Rafale – o que acabou não acontecendo. Os caça hoje interessam á Índia, mas o negócio não foi fechado.
FONTE: RFI
Exatamente, blefe para acalmar a opinião pública e uma tentativa de dissuadir a Rússia de um combate de grandes proporções, mas françamente (rsrsrsrs), no final nós sabemos que a França vai entregar o navio, agora quanto ao segundo Mistral aí já são outros 500, em minha opinião é a Rússia que não irá mais querer a segunda unidade.
Será que eles vão fazer como a China no caso do F-35 “…nós precisamos apenas de um…” ?
A não entrega do Mistral para a Russia implica não só no pagamento de uma multa, mais sim na perda da independência da França frente a interesses Americanos (OTAN), quem mais perde com isto, são os próprios Franceses que alem de arcar com as multas, sofrerão para fechar novos negócios, não com os Russos , mais sim com qualquer pais que não seja membro da OTAN. Ou vocês pensam que essa decisão não vai ser levado em conta na hora de fechar novos negócios.
Mais creio eu que isso não passe de um blefe, para acalmar a opinião publica francesa, e que em outubro a embarcação vai ser entregue sem atrasos e sem embargos.
Claro que é só uma questão de opinião, mas pra mim a França tem que se ater ao fato de que tá em jogo a sua reputação daqui pra frente como comerciante da indústria bélica. Que segurança vão ter os países que no futuro assinarem contrato com os franceses e verem que esses por causa de fatos supervenientes vão deixar de entregar o que foi contratado? E, por favor né?! Não vão querer passar o cachorro de que os países compradores de armas francesas, no futuro, devam ter um ‘atestado de virtudes ilibadas’ que ‘justifiquem’ que a França não dê pra trás na hora de entregar a mercadoria…mas, se nem a própria França tem…
“Como eu poderia autorizar a entrega de um barco que pode amanhã ser usado em guerra enquanto há essa crise na Ucrânia.
Se não for usado em caso de guerra,será usado em quê?Turismo,pescaria?
Vendeu,recebeu,construiu,tem que entregar.
Se não entregar irão perder não só em multas,mas também em futuros contratos,que o diga a Dassault com os Rafales….Vende muito…..
“Como eu poderia autorizar a entrega de um barco que pode amanhã ser usado em guerra enquanto há essa crise na Ucrânia?”
E para que serve a embarcação senão para fins bélicos? Estes dois últimos mandatários da França são uma piada. Permitir a aplicação de uma multa bilionária e estranhíssima contra um de seus bancos pelos EUA tudo bem, mas manter alguma dignidade na sua política internacional nada a ver.
E, sejamos francos, não é a Rússia que deve negociar com Kiev.