Ex-ministro vê no grupo pontos semelhantes aos defendidos pelos ambientalistas e prega aproximação para mais diálogo. O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou hoje, na Live do Valor, que militares e ambientalistas defendem pontos semelhantes como a preservação da Amazônia e o seu desenvolvimento sustentável. Para ele, é necessário no Brasil que líderes políticos da sociedade civil exerçam essa liderança e façam uma aproximação com os militares, de forma a evitar o distanciamento e o isolamento.
“Se a elite política civil não leva em conta os militares, [eles, da elite política civil] também não serão levados em conta. Não cabe exclusivamente aos militares esse papel [de pensar a defesa do país e da Amazônia], que cabe à liderança política, que tem que estar à frente do processo e não está”, disse Jungmann.
Para o ex-ministro, o distanciamento entre militares e sociedade civil é um erro. “O mundo militar é uma ferramenta da nossa soberania”, afirmou.
Jungmann defendeu o diálogo e a criação de um projeto nacional sobre a área de Defesa e a preservação da Amazônia, com o seu desenvolvimento sustentável. O ex-ministro destacou a preocupação dos militares com questões como a existência de áreas indígenas e regiões de preservação próximas às fronteiras.
Jungmann explicou que os militares veem com preocupação a possibilidade de que no futuro um tribunal internacional possa vir a decidir por algum nível de intervenção caso se considere que populações indígenas em regiões de fronteira estão ameaçadas.
O ex-ministro frisou que esse é o principal temor dos militares quanto ao assunto. “Esse é o entendimento militar”, ponderou. “Preocupação que tem que ser reconhecida e tem que gerar diálogo”, acrescentou.
Para o ex-ministro, as ONGs “são importantíssimas” na Amazônia, embora haja o estereótipo de que elas não querem desenvolvimento da região. “A saída é dialogar e chegar a um consenso”, frisou, acrescentando que sociedade civil e militares querem desenvolver de forma sustentável a Amazônia.
“Mas onde está o Estado?”, questionou, ressaltando que há a necessidade de convergir a preocupação de soberania dos militares com a preservação defendida por ambientalistas. “Enquanto não se construir isso e transformar isso em atividades sustentáveis, vamos estar queimando árvores. E isso é queimar dinheiro”, afirmou.
Mourão e Ustra
O ex-ministro afirmou que o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi “infeliz” ao citar o ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra na semana passada e afirmar, em entrevista ao jornal alemão “Deutsche Welle”, que Ustra, acusado de torturar opositores durante o regime militar, era um “homem de honra” que “respeitava os direitos humanos de seus subordinados”.
Jungmann fez questão de frisar que o importante para o país no momento é “olhar para frente e construir”, mas sem esquecer o passado. O ex-ministro viu inclusive uma crítica velada de Mourão a Ustra, uma vez que, ao dizer que ele respeitava os direitos humanos dos subordinados, diz implicitamente que talvez Ustra não respeitasse os direitos de outras pessoas. Mas Jungmann disse que apenas Mourão poderia ou não confirmar essa crítica.
FONTE: Valor Youtube
O melhor desenvolvimento é a cidadania. Punir exemplarmente os criminosos ambientais, que os resultados virão em poucas décadas. As ONGs sérias podem até ajudar mas o motor fundamental da preservação é a própria sociedade, apoiada pelo Estado.