“Paul Pryce especula que há duas razões por trás da intenção brasileira de possuir uma marinha de águas azuis. Não somente o país deseja demonstrar que é a primeira potência marítima do Hemisfério Sul, mas também quer que sua indústria naval seja uma plataforma de liderança para o crescimento econômico futuro.”
Por Paul Pryce
Embora muita atenção tenha sido direcionada para o destino incerto dos navios de assalto anfíbio da classe Mistral que estão sendo construídos em Saint-Nazaire, França, para exportação para a Rússia, existem pouquíssimos relatos sobre a silenciosa expansão naval brasileira. A Marinha do Brasil tem sido frequentemente considerada uma força de “águas verdes”, para distingui-la das convencionais forças de “águas azuis” ou de “águas marrons”.
Considerando que uma marinha de águas azuis se preocupa com operações em alto-mar e em expedições de longo alcance, as marinhas de águas marrons são voltadas para patrulhar as águas rasas de seu litoral ou para a guerra ribeirinha. As marinhas de águas verdes, no entanto, condensam ambas capacidades, concentrando-se primariamente em garantir a segurança do litoral do país, mas também mantendo a capacidade de se aventurar nas águas profundas dos oceanos.
Durante várias décadas, este rótulo de águas verdes foi preciso para a Marinha do Brasil. Apesar de possuir uma vasta gama de navios-patrulha e navios-transporte de tropas fluviais, para exercer soberania sobre muitos rios e bacias hidrográficas brasileiras, a Marinha do Brasil também possui o NAe São Paulo, um porta-aviões classe Clemenceau comprado da França em 2000.
Mas, recentemente, ocorreu uma mudança nas prioridades marítimas do Brasil, o que sugere que em breve poderá ser mais preciso, considerar a Marinha do Brasil como uma força de águas azuis, com alguns vestígios remanescentes de suas capacidades de águas marrons. Iniciada sob Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil a partir de 2003 até 2011, e incrementado sob o atual governo de Dilma Rousseff, o Brasil foi às compras para os equipamentos militares. Embora estas tenham incluído a aquisição de 36 aviões de caça Gripen NG da Saab para uso pela Força Aérea Brasileira, muitos dos contratos recentes dizem respeito à compra de navios destinados a modernizar a Marinha do Brasil.
Os cinco submarinos de ataque diesel-elétricos Tipo 209 do Brasil, adquiridos da Howaldtswerke-Deutsche Werft, se juntarão a quatro submarinos diesel-elétricos de ataque da classe Scorpène, a serem construídos localmente, com a conclusão do primeiro navio sendo esperada para 2017. Em março de 2013, a presidente do Brasil Dilma Rousseff inaugurou um estaleiro nacional em que o primeiro submarino movido a energia nuclear do Brasil – o apropriadamente chamado SN-BR Álvaro Alberto – será construído com o apoio francês. A entrega do navio concluído não é esperada até 2025, mas o sucesso do projeto trará o Brasil para um pequeno clube de países com submarinos de propulsão nuclear operacionais: os Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, Índia e China.
A corveta classe Barroso, comissionada no final de 2008, também parece ter inspirado uma nova série de navios para a Marinha do Brasil. O estaleiro nacional, Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, foi contratado para construir quatro navios com base no design da classe Barroso (NE:1), mas com maiores capacidades furtivas e com armamentos anti-navio e anti-aéreo. A entrega da primeira destas novas corvetas furtivas é esperada para 2019 e muitos detalhes específicos sobre o projeto ainda são desconhecidos. Além disso, a entrega de dois novos navios patrulha da classe Macaé está prevista para 2015, enquanto mais dois serão entregues em 2016-2017, trazendo o número desses navios-patrulha brasileiros para sete no total.
Mas porque esta rápida constituição de forças marítimas para o Brasil?
Até certo ponto, esses novos projetos de aquisição são destinados a compensar as capacidades diminuídas da Marinha do Brasil após a baixa de 21 navios entre 1996 e 2005. Isto, no entanto, não explicaria o foco em navios com capacidades expedicionárias de longo alcance. Alguns observadores podem atribuir a aquisição de navios com capacidades que claramente não se destinam ao patrulhamento das vias navegáveis interiores, tais como as novas corvetas furtivas da classe Barroso, pela ameaça representada pela instabilidade da Guiné-Bissau. Este país lusófono do oeste africano, que foi apelidado de um “narco-Estado”, tem sido um grande hub no comércio internacional de drogas; a cocaína colombiana eventualmente faz o seu caminho à Guiné-Bissau a partir da costa brasileira para depois ser exportada para a Europa. Mas o presidente José Mário Vaz, que foi eleito por uma margem decisiva de votos, para liderar a Guiné-Bissau em maio de 2014, rapidamente virou-se para o combate à corrupção nas forças armadas da Guiné-Bissau e parece determinado a fazer do combate ao tráfico uma prioridade durante seu mandato (NE:2). Mesmo que os políticos brasileiros acreditem que pode ser necessário exercer uma presença mais forte no Atlântico Sul para desencorajar o narcotráfico, um submarino de ataque de propulsão nuclear não é de todo a ferramenta certa para a tarefa.
Pelo contrário, parece mais provável que existam dois principais fatores de motivação para os projetos de aquisição da Marinha do Brasil. No que respeita ao SN-BR Álvaro Alberto e a potencial aquisição de um segundo porta-aviões, o Brasil almeja a primazia de ser a primeira potência marítima no Hemisfério Sul (NE:3). A participação em grandes exercícios marítimos internacionais, tais como a série IBSAMAR realizado conjuntamente com as forças indianas e sul-africanas, destinam-se a promover uma visão do Brasil como um poder que deve ser respeitado e consultado, nomeadamente no que os políticos brasileiros continuam a perseguir, um assento permanente para o seu país no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mais importante, no entanto, os projetos de construção naval nos quais o Brasil embarcou destinam-se a construir a indústria nacional e contribuir para o crescimento econômico.
O Brasil já está atraindo considerável interesse como construtor naval. Em setembro de 2014, a marinha de guerra angolana fez uma encomenda de sete navios-patrulha classe Macaé, com quatro a serem construídos em estaleiros brasileiros. Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem exportado vários navios e equipamentos para uso pela marinha da Namíbia. A Guiné Equatorial manifestou a sua intenção de adquirir uma corveta da classe Barroso para fins de combate à pirataria. O A-29 Super Tucano, um avião turboélice destinado ao apoio aéreo aproximado e reconhecimento aéreo, é produzido pela fabricante brasileira Embraer e tem sido exportado para uso em cerca de uma dúzia de forças aéreas nacionais. Se a indústria brasileira é bem sucedida na produção de submarinos e corvetas furtivas, a demanda por hardware militar brasileiro só vai crescer, gerando uma receita impressionante e criando uma enorme quantidade de empregos.
Uma preocupação, no entanto, são as intenções de longo prazo do Brasil no que diz respeito à construção do SN-BR Álvaro Alberto. Há poucas as marinhas do mundo com a infra-estrutura e know-how necessários para operar com sucesso um ou mais porta-aviões; afinal de contas, o clube dos países com porta-aviões em serviço é limitado a apenas nove. Mas a exportação de submarinos de ataque de propulsão nuclear comprometeria o tratado de não proliferação estabelecido pela comunidade internacional e poderia prejudicar a paz e a estabilidade internacional.
Há rumores sobre as tentativas da República Islâmica do Irã em tentar obter planos para um submarino movido a energia nuclear, enquanto a República Popular Democrática da Coreia alegadamente expressou um interesse particular na obtenção de submarinos nucleares da era soviética na Federação Russa. Isso não quer dizer que as autoridades brasileiras iriam considerar a exportação desses navios para o Irã, Coréia do Norte ou outros regimes similares, mas há certamente um mercado para futuros submarinos baseados no SN-BR Álvaro Alberto. Será necessário manter um olho muito próximo na construção naval e nas indústrias nucleares brasileiras na década de 2030, especialmente porque a demanda doméstica por esta classe de navio estará satisfeita (NE:4).
Para obter uma compreensão mais profunda dos objetivos estratégicos do Brasil a longo prazo e talvez exercer algum grau de influência sobre as exportações de armas brasileiras, seria aconselhável para a OTAN buscar uma parceria com o país. Em agosto de 2013, foi estabelecida uma parceria entre a OTAN e Colômbia, o que demonstra que a Aliança certamente está interessada em assuntos de segurança no Atlântico Sul. O Brasil também poderia contribuir enormemente com know-how para os membros da OTAN, especialmente porque a Aliança tenta encontrar seu lugar no pós-Afeganistão. Claramente, há muito trabalho a ser feito na área de construção de confiança, se tal parceria for estabelecida antes da conclusão esperada do SN-BR Álvaro Alberto: como as autoridades colombianas visitaram seus homólogos da OTAN para discutir a parceria, os políticos brasileiros estavam entre aquelas figuras latino-americanas que condenaram a Colômbia pela iniciativa (NE:5).
A parceria com o Brasil será muito desafiadora diplomaticamente, mas é um esforço que deve ser feito. Esta potência em ascensão em breve contará com uma marinha de águas azuis e, em decorrência, navios militares ostentando a bandeira brasileira se tornarão uma visão cada vez mais frequentes no Atlântico Sul.
NE1: As novas corvetas da Classe Tamandaré não serão construídas no AMRJ, mas sim em estaleiro privado a ser definido.
NE2: O autor parece ignorar a imensa responsabilidade da Marinha do Brasil com a proteção das Linhas de Comunicação Marítimas nacionais, com a garantia da exploração e explotação de petróleo na Zona Econômica Exclusiva pertencente ao Brasil, com a Zona de Responsabilidade SAR brasileira, com a questão da pirataria no Golfo da Guiné, etc. Justificar a necessidade de incremento da capacidade operacional da Marinha pela situação de instabilidade institucional na Guiné-Bissau é falta de bom senso.
NE3: Mais uma vez o autor apresenta uma visão limitadíssima sobre as necessidades de defesa brasileiras. Sugerimos ao leitor interessado a leitura da Política Nacional de Defesa, da Estratégia Nacional de Defesa e do Livro Branco da Defesa Nacional.
NE4: Aqui o autor repete a argumentação falaciosa utilizada por nações que não gostariam de ver a bom termo o desenvolvimento do Programa Nuclear da MB e a construção dos submarinos de propulsão nuclear pelo Brasil. Nosso país é signatário de vários tratados e acordos internacionais, como o TNP, o Tratado de Tlatelolco, a ZPCAS, entre outros, não tendo em sua história registro de proliferação ou violação de qualquer tratado/acordo. O autor não cita o arrendamento pela Índia de um SSN na Rússia, a cessão de mísseis Trident e de mísseis de cruzeiro Tomahawk capazes de portarem armas nucleares para a marinha do Reino Unido, entre outros exemplos que poderiam ser citados de proliferação. Citar Irã e Coreia do Norte como interessados em nosso SN-BR é sair da realidade e passar para a ficção.
NE5: Para saber mais sobre as intenções da OTAN em expandir sua área de atuação, notadamente para o Atlântico Sul, sugerimos a leitura aqui no DAN do artigo “Ameaças ao Brasil: Elas Existem (?)(!) – O Cenário Marítimo”, disponível na Coluna Mar & Guerra ou em https://www.defesaaereanaval.com.br/ameacas-ao-brasil-elas-existem-o-cenario-maritimo/
FONTE: Este artigo foi originalmente publicado por Offiziere.ch em 09 de janeiro de 2015.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO : DEFESA AÉREA & NAVAL (Marino)
NOTAS DO EDITOR: Marino
Poucos países podem, a partir do seu litoral, controlar todo um oceano, como é o caso do Brasil no Atlântico Sul. Esse é o temor do norte! Precisamos seguir nessa trilha de aperfeiçoamento constante da marinha. Bom texto para debate!
A OTAN e os EUA não querem ver o Brasil ocupando um lugar de potência entre eles, aliás ficando até mais forte que muito deles. O pensamento deles é que somente eles são o ocidente. Nós do sul não representamos nada, e isto está com o tempo contado!
As pequenas ilhas de Ascenção, Santa Helena e Tristão da Cunha pertencem à Inglaterra tanto quanto as ilhas Malvinas…. o Brasil a caminho da Africa pode tropeçar nelas e inflamar o “orgulho inglês” que de imediato tentará repelir tal “invasor” ….aí será nossa vez
Pessoal,
Acho muito importante refletirmos sobre alguns pontos:
1. A “Barroso” é uma corveta furtiva? Não me parece, a não ser eu o projeto esteja sendo muuuuuuuuuuito reformulado
2. E quem falou em exportação de submarino nuclear? Muito achismo mesmo… É claro que é Brasil, campeão nos rankings de corrupção… então não podemos dizer que um pontinha (bem pequena) de temor nesse aspecto tenha até um fundo de verdade…
3. Nada mais falido do que a ONU e seu conselho de segurança…
4. Parceria com a OTAN? Não no Brasil ‘esquerdizado’ e retrógrado que vivemos hoje…
No mais, canja de galinha e realismo não fazem mal a ninguém. O Brasil vai passar por uns bons 3 anos turbulentos em função da série de erros perpetrados e omitidos pela administração federal dos últimos 12 anos. Talvez por residir em São Paulo, onde as coisas acontecem mais rápida e intensamente, eu já tenha cristalizado essa minha opinião, mas com todos que conheço e converso, de diferentes cargos e áreas de atuação, são unânimes: pouco trabalho, demissões, empresas fechando as portas e reformulando seu modus operandi ao Brasil real que nos está sendo mostrado só agora (pós-eleições).
Estamos muito aquém de um futuro promissor… Péssimos índices educacionais… Desindustrialização e casos de corrupção nunca antes vistos na história “destepaiz”. NAe é caro? É caro, mas o Brasil é grande e “rico”… SSN é caro? É caro, mas somos um país grande e “rico”… Agora sem um crescimento sustentável em todos os sentidos (educação, exportações, etc), o não temos, esses planos me parecem, mais do que nunca, megalômanos e cada vez mais distantes…
Sds!
Suas argumentações são pertinente se o Brasil ainda estivesse seguindo padrões ocidentais,,mas,,o Brasil segue padrão Brics. A Ìndia consegue ter um dos maiores orçamentos militares e aina ter milhões de miseráveis,Basta convencer o povo de que o inimigo exxxterno é perigoso e possui milhares de agentes infiltrados no meio do povo.
Seremos uma marinha de aguas azuis por direito próprio, serão 6 submarinos nucleares patrulhando os nossos mares, serão 24 submarinos convencionais patrulhando o fundo do nosso litoral, serão 2 NAes de projecção do poder aero-naval brasileiro. Logo é quase certo que seremos uma marinha de Aguas Azuis.
Felipe, se concluirmos 2 Subnuc tornando operacionais por volta de 2025 e mantivermos o São Paulo operacional, quando um novo PA entrar em operação por volta de 2030, dou-me por satisfeito.
O Brasil tinha uma Esquadra de águas azuis em 1910,operando alguns encouraçados do tipo dreadnougt. O programa naval brasileiro depende de uma dotação orçamentária ininterrrupta,o que está se tornando politicamente complicado.Nem se fala mais do Prosuper de 6.000 toneladas.
Acho que o que falta para o Brasil ser uma nação respeitada e ter uma cadeira permanente no conselho de segurança da ONU é ter um arsenal nuclear e dominar a tecnologia de exploração espacial. Vamos ser franco, a política internacional é ditada pelas nações que tem força, e nosso país precisa mostrar que tem força.
Nem vou entrar no sentido bélico da coisa. Mas para que a (um dia promissora) indústria naval brasileira se torne um vetor de crescimento econômico, é preciso reformular todo o setor… como em diversas outras áreas, a Coréia do Sul é um ótimo exemplo a ser seguido!
Teclava no telefone e enviei antes do tempo CONTINUANDO . . . Isto eh inconteste, o valor pratico da visao de soberania, autonomia, que tem este governo. Mas ha quem disso nao goste, tambem eh evidente, mas o assunto que trago eh o de que de nada vai adiantar ficarmos falando sobre Defesa se as mais de 20 grandes empreiteiras brasileiras forem colocadas como inidoneas e pouco restara a protger se a Petrobras, PreSal forem tratados a luz luz dos claros intresses internacionais. E eh a isto que a operacao Lava Jato se dirige . Com forte cunho politico e com nuances partidarias estas tratativas quixotescas a pretexto. deSALVAR A PATRIA ja comecam a provocar danos de dificeis e caros reparos em toda a politica de desenvolvimento brasileiro, e no caso de que aqui tratamos, na construcao e implantacao de nossos elementos de defesa. Considero isto muito grave e observo estar isto em toda a base de qualquer discussao que secrelacione a Defesa, fora isto estaremos discutindo ilusoes. E nao se iludam, os caras tem peito e costas quentes para simplesmente anular os grandes vetores industriais do nosso desenvolvimento. Os medicos nao titubiarao em matar o paciente sob pretexto de ELIMINAR a dita doenca. Ninguem ve que isto esta na base de tudo da Defesa? Desculpem o texto mas digitei por telefone.
Em uma acao ate que meio desesperada, sem esperanca, tenho postado opinioes que talves por vies poltico nao estao sendo aqui publicadas. Ja tentei inclusive colocar aqui links diretos que me ajudariam a melhor embasar meu assunto, sem exito. Entao vou tentar desta forma mais simples e direta colocar agora esta questao que eh central para qualquer questao de seguranca. O governo do PT tem sido o que mais tem investido em Defesa, principalmente. poque tem declarada enfase em soberania
Concordo com você Edson, e uma coisa o cara falou certo “potência em ascensão”… Quanto a Irã e Coréia do Norte, não tiro a razão dele, a Europa e os EUA são capazes de qualquer desculpa para deixar o Brasil no atraso…
Gostei imensamente do fato deste trabalho estar aqui publicado. Obrigado e parabens.
Gosto muito quando a DAN publica matérias de autores estrangeiros sobre o Brasil. Acho importante sabermos o que eles pensam (certo ou errado) sobre nós. Obrigado !
Meu pai sempre me fez crer que toda historia tem 3 lados o meu e seu, e a verdade que normalmente esta entre um lado e outro!!
Desde que optamos por ter um submarino nuclear e um portaviões , passamos a ser uma marinha de aguas azuis,
Ótimas observações feitas nas NE. Depois de ler esse artigo tenho ainda mais certeza que nós aqui sabemos e entendemos muito mais a respeito “deles”, enquanto “eles” lá fora acham que conhecem tudo sobre nós “BR’s” quando na verdade continuam afirmando que nossa capital federal é Buenos Aires.
Este artigo é até válido, mas apenas à eles, ou seja, na visão deles é bom ter um certo cuidado com as pretensões brasileiros, afinal, querendo ou não, temos algumas posições refratárias aos interesses europeus e por isso (na visão dele) é interessante acompanhar de perto, nada mais do que natural.
Uma coisa interessante que ele colocou e que deveria ser sempre levada em consideração nas escolhas de equipamentos para nossas embarcações, aeronaves e veículos terrestres, além de outros sistemas, a sugestão de aproximação das indústrias de defesa no intuito de “ajudar” o desenvolvimento da nossa base Industrial, mas com o foco de poder influenciar sobre nossas exportações e na nossa geopolítica, ou seja, nos ajudar e colocar uma monstra de uma coleira no pescoço.
No mais, Padilha, ele não iria se desdobrar sobre os motivos adjacentes do reequipamento da MB, o interesse dele era mais pro lado bélico mesmo e não sobre às obrigações de proteção à navegação no Atlântico Sul.
Até mais!!!
Não é de hoje que comentaristas ou colunistas estrangeiros em temas de defesa cometem deslizes imperdoáveis sobre a realidade brasileira, seja pela ignorância, ou por interesses excusos camuflados de estudos de geopolítica global.
Neste texto há ilações que beiram à ingenuidade infantil; associar submarinos nucleares ao combate do narcotráfico, associar de forma sutil e leviana uma possibilidade do Brasil vir a ser um fornecedor de equipamentos nucleares a paises não democráticos e simpatizantes de movimentos terroristas. Pura sandice pessoal ou vontade de envenenar o banquete alheio?
De qualquer forma, elogio a iniciativa do Editor e Jornalista Luiz Padilha em nos proporcionar também as opiniões polêmicas.
Agradeço a deferência, mas a tradução e as notas são do nosso colaborador Marino.
O texto não é muito bom não, mas me fez refletir, em um momento me peguei pensando que faz todo sentido a marinha do brasil insistir tanto em operar porta aviões, ou seja, não queremos apenas defender o continente como a maior parte dos críticos do Nae São Paulo alegam, mas sim, grande parte do atlântico que o Brasil tem desejo de expandir. O problema são as partes do Reino (des)unido que ficam bem aí em frente muitas ilhas como: Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha estão bem no caminho, e podem gerar um certo desconforto da coroa na cabeça da rainha.
Ricardo
…O problema são as partes do Reino (des)unido que ficam bem aí em frente muitas ilhas como: Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha estão bem no caminho, e podem gerar um certo desconforto da coroa na cabeça da rainha.
Ilhas que foram portuguesas no passado e foram tomadas pelos britânicos com o esfacelamento do império português no tempo da independência do Brasil e que no meu entender deveriam ter sido “nossas” como legítimos herdeiros que somos das terras abaixo do equador.
As notas do editor são oportunas e vão direto ao ponto, concordo com suas ressalvas ao texto…
Já a OTAN é um aglomerado de países europeus, alguns com tropas estadunidenses estacionadas em seu território à 70 anos! E sob a liderança e influência avassaladora do EUA, ao ponto de perderem parte de sua independência…
E a OTAN tem seguido nas últimas duas décadas uma política intervencionista, através de uso massivo de força militar em diversas ocasiões…Tal doutrina de intervenção militar da OTAN é contraria as seculares tradições brasileiras de não intervenção e respeito pela soberania de outros países, justamente porque quer preservar sua própria independência e neutralidade….Portanto para ingressar na OTAN, o Brasil deve renunciar a sua doutrina de não intervenção, a sua soberania decisória e passar a seguir a grande potencia estadunidense cordeiramente.
E isto, certamente não nos convém…!
Fred,
O Brasil não precisa ingressar na OTAN ( aliás, não faria mesmo sentido algum… ). Existem as iniciativas dessa organização para parceria e cooperação de segurança, o que pode ser uma mão na roda, em caso de necessidade…