Por Guilherme Wiltgen
Em 17 de fevereiro de 2001, por volta das 11H30, o recém incorporado Navio-Aeródromo São Paulo (A 12) entrava pela primeira vez na Baia da Guanabara, fundeando próximo a Escola Naval.
Nessa ocasião, recebeu a bordo o Ministro da Defesa (MD), Geraldo Magela da Cruz Quintão, o Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Sérgio Gitirana Florêncio Chagasteles, os Almirantes Alfredo Karam, Henrique Saboia e Ivân Serpa, todos ex-Ministros da Marinha, além dos Comandantes do Exército e da Aeronáutica.
O navio foi incorporado a Marinha do Brasil em 15 de novembro de 2000, em Brest, durante uma cerimônia que marcou a transferência ao Brasil do Navio-Aeródromo São Paulo (A 12), agora ex-Foch (R 99).
A cerimônia foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante-de-Esquadra José Alberto Accioly Fragelli, e contou com ma presença do Comandante da Marinha francesa (Marine Nationale), Almirante-de-Esquadra Jean-Louis Battet e do Capitão-de-Mar-e-Guerra Bertrand Aubriot, último comandante do PA Foch. Nessa ocasião, assumiu como primeiro Comandante o Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio Alberto Marinho Nigro.
Operação ARRIVEX
No dia 1º de fevereiro, o NAe São Paulo suspendeu de Brest com destino ao Brasil, tendo a bordo 600 marinheiros brasileiros e 16 franceses, que deram assistência durante a travessia.
Nesse dia, o fotógrafo francês Jean Guichard realizou uma seção de fotos do navio pegando uma tempestade no Mar de Iroise, nas proximidades de Brest, que renderam lindas imagens do nosso porta-aviões.
No dia 16 de fevereiro, o A 12 se juntou aos navios do GT 802.1, que foi composto pelo NAeL Minas Gerais (A 11), então Navio-Capitânia, Fragatas Liberal (F 43), Greenhalgh (F 46) e Rademaker (F 49), Corveta Frontin (V 33) e pelo Contratorpedeiro Pernambuco (D 30).
Nesse dia, uma cena inédita aconteceu. Pela primeira vez, dois porta-aviões da Marinha do Brasil navegaram juntos. Dificilmente vamos ter a oportunidade de presenciar algo parecido novamente.
Transferência para o Setor Operativo
No dia 28 de abril, atracando no Porto de Santos, o NAe São Paulo foi transferido da Diretoria Geral de Material da Marinha (DGMM) para o Comando de Operações Navais (CON), e deste para o Comando-em-Chefe da Esquadra (ComemCh) em cumprimento a Portaria Nº 94/MB, de 19/04/2001, do Comandante da Marinha.
A cerimônia foi presidida pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e contou com as presenças do Ministro da Defesa, Geraldo Magela da Cruz Quintão, e do Comandante da Marinha Almirante-de-Esquadra Sérgio Gitirana Florêncio Chagasteles.
CATRAPO I
Em maio, foi realizada a comissão CATRAPO I, quando foram realizadas as primeiras atividades aéreas embarcadas, com toques e arremetidas dos caças AF-1 (A-4KU Skyhawk II), do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1).
O primeiro pouso a bordo do “Falcão” ocorreu em 30 de julho, e dois dias depois, em 1º de agosto, foi realizado o primeiro lançamento pela catapulta de avante. No dia 3, foi a vez de se realizar o lançamento pela catapulta lateral.
Durante a CATRAPO I foram realizados 21 pousos e decolagens, visando a validação dos Boletins de Lançamento e Recolhimento.
Embarque no NAe São Paulo
Em 2011, por ocasião das comemorações pelo 7 de Setembro, os hoje editores do DAN embarcaram no NAe São Paulo para participar de exercícios aéreos com os helicópteros e da Parada Naval pelo Dia da Independência, realizada entre a Barra da Tijuca e a entrada da Baia da Guanabara.
O GT foi formado pelas Fragatas Niterói (F 40) e Independência (F 44), a Corveta Barroso (V 34), o Navio-Tanque Almirante Gastão Motta (G 23). Na manhã do dia 7, também se juntaram o Navio-Hidrográfico Cruzeiro do Sul (H 38), os Navios-Patrulha Guajará (P 44) e Gurupá (P 46) e o Submarino Tamoio (S 31).
Infelizmente, essa foi a nossa única oportunidade de estar a bordo e conhecer um pouco deste complexo navio e assistir as operações aéreas.
Na manhã do dia 7 de setembro, foi realizada uma Fotex a bordo de uma aeronave AH-11A Super Lynx, decolando e pousando no Capitânia da Esquadra.
Após essa comissão, o NAe São Paulo em 2011 visitou pela última vez o Porto de Santos.
Os 16 anos de serviço ativo na Marinha do Brasil do NAe São Paulo :
– 2001: Catrapo I (52 pousos enganchados e catapultagens),
– 2002: URUEX I/ARAEX VI (69 toques e arremetidas, 31 enganches e 33 catapultagens de aeronaves Super Etendard e Turbo Tracker argentinos, e do AF-1)
– 2002: TEMPEREX-I/02 (105 catapultagens e 106 enganches)
– 2003: ASPIRANTEX 03, TROPICALEX 03 e CATRAPO
– 2004: PASSEX- USS Ronald Reagan, CATRAPO III/HELITRAPO III e ESQUADREX 04,
– 2005: Acidente
– 2005 a 2011: PMG
– 2011: QRPB, HELITRAPO I e visita a Santos.
Repercussão do anúncio da desmobilização
Após a Marinha do Brasil tomar a difícil (e corajosa) decisão de anunciar que dará baixa em seu porta-aviões, o único do hemisfério sul, a notícia, que foi dada em primeira mão pelo Defesa Aérea & Naval, repercutiu na imprensa nacional e internacional:
Le Monde
Aviation Week
UK Defence Journal
A Marinha do Brasil ainda não anunciou quando será realizada a Mostra de Desarmamento do NAe São Paulo (A 12).
“Non Ducor, Duco” (Não sou conduzido, conduzo)
Adriano tenho muita dúvida se esta oferta realmente existiu, mas se a MB naquela época realmente não aceitou porque TALVEZ imporia um peso não suportável ao orçamento da força naval meu sentimento é que nesta atual conjuntura seria o inverso a FAB não ofereceria esta opção e desta vez a MB aceitaria de bom grado para manter e ampliar sua aviação de asa fixa.
Por isso que aguardo ansioso a posição da FAB, vai pedir o fim da asa fixa na MB ou vai recolocar esta opção que comentas.
O que sei é que a tal permissão que FHC deu a MB para voltar a operar aviões estava vinculada a operação de um Porta-Aviões.
Se a FAB quiser impor dentro do Ministério da Defesa a legislação atual a Marinha terá de desmobilizar sua Aviação Naval de asa fixa e se a FAB tomar esta iniciativa o sangue ruim entre as forças se tornará ainda PIOR.
O Ministério da Defesa tem de, num curto espaço de tempo, ou alterar a legislação para que a MB possa legalmente operar sua aviação de asa fixa sem ter uma unidade de Pòrta-Aviões ou determinar o fim operacional dos A-4 e dos planos de futura aquisição do Sea Gripen.
E se o EB ainda quiser ter sua aviação de asa fixa é bom CERRAR FILEIRAS com a MB no Ministério da Defesa e resolver uma solução para AMBAS as forças.
Eu também Gilberto, e gostaria mais ainda se a Marinha aceitasse incorporar a aviação de patrulha da FAB (foi oferecida em certa ocasião, mas não aceita, segundo me explicaram em outra matéria sobre o A12). Aviação de asa fixa da MB passaria a operar, baseada em terra, com A-4, P-3AM e P-95M, a partir de mais uma base no litoral (Salvador), para todas as missões: SAR, patrulha e esclarecimento marítimo e guerra ASW e ASuW.
Outra ideia que me vem a cabeça seria transformar o esquadrão aeronaval de asa fixa em uma unidade Agressor para exercícios com a FAB e nos exercícios internacionais da FAB no nosso território com forças aéreas amigas….
Se bem melhor não, tem muito sangue ruim entre as forças pelo passado da proibição da asa fixa na MB…
Espero que a FAB não aproveite o descomissionamento do São Paulo para exigir o fim da aviação de asa fixa na MB….
Foi bom o histórico para LEMBRAR certas pessoas que foram os próprios militares da MB e o íntegro FHC que compraram o Ex-Foch da Marine Nationale.
E ao contrário do que dizem por aí o PREÇO cobrado pela unidade mostra que os franceses advertiram ao comprador sobre o estado do navio e recebemos EXATAMENTE o produto pelo qual pagamos, um bom CASCO DE PORTA-AVIÕES.
Se fomos nós que quisemos brigar com a realidade não é culpa dos franceses.
E para o que PAGAMOS ainda temos o produto um CASCO que pode ser escavado e ser transformado num moderno porta-aviões.
SE quisermos pagar o tempo, dinheiro e esforço necessário para APRENDER sobre construção de Porta-Aviões.
Como fizeram a Índia e a China não somos melhores e nem piores que eles.
Desde que não reinventemos a RODA DE PROA…
O Problema maior será o que fazer com os pilotos aeronavais e se a MB interromperá o fluxo de formação dos pilotos aeronavais.
Partindo do princípio que no próprio anúncio do desarmamento do São Paulo a MB mostrou que ainda pretende operar unidades deste tipo só há duas opções mandá-los para a US Navy ou para a FAB.
SE o casco permanecer sob posse da MB até o primeiro ano do próximo mandato presidencial PODE SER que o projeto de modernização da unidade seja TOTAL e não a modernização barata e meia sola que vinha até então sendo planejada pela MB.
Para fazer um aprendizado similar como foram as modernizações da Marinha Indiana e Chinesa com seus cascos russos, AGORA, a MB tem dois anos e meio para aprofundar os estudos em segredo e fazer uma unidade realmente nova do casco do Ex-Foch.
Preparar-se para apresentar o novo projeto e seus motivos ao futuro presidente do Brasil por volta de Maio/Junho de 2019…
O problema será convencer a FAB a deixar os pilotos da MB se qualificarem no Gripen…
Carlos Eduardo resumiu bem…
Bom dia ! Obrigado Guilherme Wiltgen
Infelizmente o q estamos vendo aqui neste momento eh uma justa homenagem aos falecidos c um requiem de setimo dia….nada mais a acrecentar diante do descalabro em q se encontra a MB e o Brasil.
Pena. Esse é o sentimento que fica após a desmobilização do navio. Infelizmente o São Paulo não foi modernizado adequadamente quando de sua compra. Poderia acrescentar muito à capacidade de defesa do país.
Uma dúvida: a verba alocada para manutenção do São Paulo permanece no orçamento da MB ou será retirada após a baixa?
Boa tarde pessoal ! Leio em alguns sites que agora com a desativação do São Paulo , a MB vai buscar nos EUA alguns caças tipo Sea Harrier . Confere esta informação ?
Cleber,
Não procede a informação.
Abs
Sabemos que um novo NAe é a terceira prioridade da MB, mas já existe algum projeto para um futuro NAe ??
A impressão que fica é fizemos como aquele indivíduo irresponsável de classe média baixa que quer ter carro importado e ostentar e não tem dinheiro para comprar as peças nem pagar o seguro…