“Fuzileiros Navais”
DAN – Houve a notícia da aquisição de um segundo lote de Clanfs para o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Quando este lote será entregue?
AE Leal Ferreira – A Marinha do Brasil (MB) obteve um primeiro lote de Viaturas Blindadas Anfíbias Sobre Lagartas CLAnf em 1986 e um segundo em 1997, totalizando 26 unidades.
Uma nova aquisição encontra-se em estágio avançado de estudos. O equipamento em análise é denominado Reliability, Availability, Maintainability/Rebuild-to-Standard (RAM/RS), que conta com o sistema de suspensão e o motor utilizados nos veículos de combate norte-americanos Bradley, torre de armamentos modernizada e blindagens suplementares instaladas.
DAN – O CFN poderá adotar o novo fuzil IA2 fabricado pela Imbel? Há estudos neste sentido?
AE Leal Ferreira – A MB está conduzindo uma série de avaliações, a fim de selecionar um novo fuzil calibre 5,56mm para substituir o fuzil “FAL” calibre 7,62 mm nas unidades de Fuzileiros Navais subordinados aos diversos Distritos Navais. O fuzil “IA2”, fabricado pela IMBEL, é um dos modelos que vem sendo testado.
DAN – Qual o retorno dado pelo CFN face a adoção de armamentos e sistemas nacionais, como o Radar Saber M60, o MSS 1.2 e ALAC por exemplo?
AE Leal Ferreira – Somente o Radar SABER M60 foi incorporado ao acervo do Corpo de Fuzileiros Navais e encontra-se operando normalmente. O mesmo foi utilizado por ocasião da Copa do Mundo FIFA 2014 e na Operação Formosa 2014. A MB não possui, até o momento, míssil MSS 1.2 e o Arma Leve Anticarro (ALAC) em seu inventário.
DAN- O Senhor poderia comentar sobre o que mudou na doutrina do CFN com a incorporação do ASTROS CFN?
AE Leal Ferreira – A incorporação da Bateria de Lançadores Múltiplos de Foguetes “ASTROS CFN 2020” não trouxe alterações significativas à doutrina do CFN. Em que pese essa afirmação, releva-se constatar a significativa ampliação que proporcionou o alcance da artilharia, permitindo o emprego de fogo para barrar penetrações inimigas em áreas afastadas, que possam interferir nas operações desenvolvidas pelos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais.
DAN – Qual é a perspectiva da compra e recebimento de um sistema Pantsir? Qual a prioridade de defesa? Itaguaí?
AE Leal Ferreira – Este assunto está sendo coordenado pelo Ministério da Defesa e, caso seja viabilizada, a compra será administrada pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC) da Força Aérea Brasileira.
Caso seja adquirido, o Pantsir será incorporado ao acervo do Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra.
DAN – Os mísseis Mistral serão substituídos pelo Igla S?
AE Leal Ferreira – Não há estudos, até o momento, nesse sentido. O Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea da MB possui o míssil “Mistral” em seu acervo.
DAN – O Senhor poderia nos atualizar sobre a intenção da MB em criar Batalhões de Infantaria de Selva de Fuzileiros Navais em Belém, Ladário e Tabatinga?
AE Leal Ferreira – Atualmente, a MB possui um Batalhão de Operações Ribeirinhas em Manaus – AM.
De acordo com o Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (PAED), a MB planeja, em curto prazo, transformar o Grupamento de Fuzileiros Navais de Belém-PA e, a médio prazo, o Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário-MS em Batalhões de Operações Ribeirinhas, bem como criar outro em Tabatinga-AM.
Bom, este debate está sendo interessante para os leitores que se interessam pelo tema, pois creio que ninguém adotou a tese de “incorporar” o CFN ao EB.
Basta um pouco de bom senso.
Sabe, a prioridade para a Negação do uso do Mar é motivada pela falta de recursos em atender todas as Tarefas Básicas do Poder Naval, ao mesmo tempo.
Assim, uma delas foi priorizada, com as outras não sendo esquecidas.
A END diz textualmente:
“Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao inimigo, o Brasil precisa manter a capacidade focada de projeção de poder e criar condições para controlar, no grau necessário a defesa e dentro dos limites do direito internacional, as áreas marítimas e águas interiores de importância político-estratégica, econômica e militar, e também as suas linhas de comunicações marítimas.”
Aí está.
A END reconhece que uma MARINHA deve ser capaz de realizar as Tarefas Básicas.
Priorizou uma, por motivos econômicos, mas não se esquece das outras.
Citas as águas interiores, tão esquecidas pelos comentaristas interessados no tema Defesa.
Não por outra razão o CFN da Colômbia tornou-se o segundo maior do mundo, vindo logo após o USMC.
E nós, temos menos bacias hidrográficas que a Colômbia?
Devemos deixar a bacia amazônica e a do Paraná-Paraguai sem hipóteses de emprego de uma tropa especializada?
Desta maneira, a Marinha não quer seu “exército particular” para cuidar de um assunto menos prioritário. Ela deixaria de ser considerada uma MARINHA sem esta CAPACIDADE.
O país não tem condições de dotá-la com meios suficientes e modernos HOJE?
Paciência, creio que todos aqui gostaríamos de ver o PAEMB cumprido na íntegra.
Mas o planejamento existe, a necessidade foi apresentada as claras.
Cabe ao poder político da nação priorizar onde seus recursos irão ser investidos. Se não são nas FAs AGORA, paciência.
Mas a tropa especializada está lá, pronta, doutrinada, adestrada.
Navios, são extremamente urgentes, mas virão a seu tempo, acredito.
Podemos ler também na END:
” A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto tem implicações para a reconfiguração das forças navais. A implicação mais importante é que a Marinha se reconstruirá por etapas, como uma Força balanceada entre o componente submarino, o componente de superfície…”.
Assim Oséias, sua argumentação precisa ser renovada.
Projetar poder sobre terra não se limita a assalto anfíbio e nas diversas possibilidades de projeção anfíbia como evacuar nacionais de países hostis ou de desastres naturais(é só uma das possibilidades) ; obriga que a tropa esteja em prontidão para o embarque e como a rotina a bordo de um navio não é tão simples como você deva estar imaginando; esse SOLDADO-MARINHEIRO tem que estar muito bem adaptado.
De novo ………..esse seu pensamento nunca funcionou em nenhum lugar do mundo.
A estrategia nacional de defesa diz claramente o seguinte: A prioridade da marinha é negar o uso do mar, a segunda é controlar o mar e a terceira é projetar poder. Essas prioridades são subsidiarias, isso é dizer que uma prioridade é atendida depois da anterior e mais importante.
Submarinos estão intimamente ligados a negação do mar, e por isso vem em primeiro. Já controle do mar é uma atividade tipica de escoltas de superficie, no nosso caso fragatas e corvetas. Fuzileiros navais entram na terceira e menos prioritaria função da marinha, que é projeção de poder. Estão eu pergunto, como a marinha vai criar o seu exercito particular para cuidar de um assunto menos prioritario se nem tem equipamento(corvetas e fragatas) para fazer oque é mais prioritario?
O segundo ponto é mais pratico, a marinha tem alguma condição, minima que seja, de fazer um desembarque anfibio? a resposta é totalmente negativa. Os poucos meios anfibios da marinha são velhos e insuficientes. E não existem navios com bandeira brasileira que possam ser requisitados para transporte de tropas, os poucos navios nacionais são de petroleo, containers e talvez alguns de minerio. Tambem não se faz um desembarque anfibio sem boa escolta. Imaginem o drama de fuzileiros brasileiros viajando no NDD Ceara escoltado por fragatas centenarias. Na guerra, o CFN viraria uma divisão de luxo do Exercito, nada de dia D ou desembarque anfibio.
Muitos paises do mundo possuem fuzileiros navais. Mas são forças majoritariamente enxutas e pequenas. Nada parecidas ao USMC. Não vejo problema em se ter uma infantaria na marinha focada em estabelecimento de cabeça de ponte. Mas nada alem disso.
Amigo Oseias, com todo respeito desse mundo, entenda o conceito de PROJEÇÃO ANFÍBIA e talvez você entenda a estruturação do CFN na MB.
A questão se divide em duas partes.
A primeira sobre a necessidade de um Corpo de Fuzileiros Nvais.
Basta reconhecermos que o país possui 8.500 km de litoral, e mais, milhares de kms de rios e vias navegáveis, onde em caso de conflito operações ribeirinhas teriam que ser realizadas, para que qualquer país sério investisse imensamente em uma tropa especializada.
A segunda, é o reconhecimento por qualquer um que estude assuntos militares que esta tropa especializada, com doutrina diferente, com treinamento diferente, profissional, com armamento diferente, que vem PELO MAR, tem que pertencer a Marinha.
Isto acontece em TODOS OS PAÍSES DO MUNDO.
Misturar esta tropa com fragatas e corvetas é desconhecimento das Tarefas Básicas do Poder Naval.
Uma Marinha TEM que Controlar Área Marítima, Negar o Uso do Mar, Projetar Poder e Cintribuir para a Dissuasão.
Se não fizer estas quatro Tarefas, chame-a de guarda costeira, prefeitura naval, polícia marítima, o que quiser, mas não MARINHA.
Uma MARINHA tem que ter navios, aeronaves, submarinos e TROPAS COMO NOSSO CFN.
Como escrevi, uma solução milagrosa que ninguém usa, é uma solução inviável, inaplicável, falaciosa.
Uma unificação que criaria uma jaboticaba, só existente no Brasil, seria gastar dinheiro na sua criação e MUITO MAIS para desfazer a “solução brilhante”.
Apoiado! Marinho!
Quando temos uma ideia genial, que resolverá um problema inexistente, uma primeira prova a ser feita com esta ideia é se a mesma já foi adotada por alguém, por algum país, por alguma Força Armada.
Isto, está simples medida, evitaria propormos absurdos.
Eu não diria que o problema é inexistente. Basta ver a situação da frota de superficie da nossa força naval para saber se é adequado que mantenham uma força terrestre de projeção de poder com milhares de combatentes enquanto as fragatas e corvetas caem aos pedaços.
Todo ser humano tem a tentação de “defender o seu”. Por isso é importante um controle externo sobre as forças armadas. Quanto mais unidades existirem, mais cargos e titulos existirão.
No Brasil ou nos outros paises é assim que funciona. Quais generais/brigadeiros/almirantes vão concordar com uma unificação que vai acabar com seus cargos?! É assim que funciona a humanidade.
Durante a criação do Ministério da Defesa, acho que houve um estudo sobre isso e chegou a mesma conclusão que todos os países que tem um semalhante ao nosso CFN tem, não tem características operacionais para fazer parte do EB.
Por mais que seja muito bacana a tradição dos fuzileiros navais, acredito que essas forças deveriam ser incorporadas ao exercito. Numa comparação com os paraquedistas e a FAB, o exercito poderia manter uma brigada ou divisão anfibia e a marinha ficariaresponsavel só pelo transporte dessa tropa.
O Brasil não tem cacife e nem necessidade de manter grande numero de forças e organizações redundantes de defesa como faz os americanos, que tem orçamento “infinito” e necessidade de intervir em outros paises.
Esse negocio de infantaria na marinha, aviação no exercito, etc é para quem pode.