MARINHA DO BRASIL
DIRETORIA DE COMUNICAÇÕES E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA MARINHA
BOLETIM DE ORDENS E NOTÍCIAS
Nº 905 DE 22 DE NOVEMBRO DE 2018
BONO ESPECIAL
GERAL
ESTADO-MAIOR DA ARMADA
BRASÍLIA, DF.
Em 22 de novembro de 2018.
ORDEM DO DIA Nº 8/2018
Assunto: Mostra de Desarmamento do Navio-Aeródromo “São Paulo”
Em cumprimento ao disposto na Portaria nº 347, de 21NOV2018, do Comandante da Marinha, realiza-se na presente data a Mostra de Desarmamento do Navio-Aeródromo “São Paulo” (NAeSPaulo).
Capitânia de um grupo seleto de Marinhas, os Navios-Aeródromos (NAe) tiveram sua origem no biênio 1910-1911, quando ocorreram a primeira decolagem, a partir de um cruzador atracado, e o primeiro pouso. No ano seguinte, ocorreu a primeira decolagem, em navio em movimento.
Naquela época, a aviação militar, concebida para reconhecimento de posições inimigas, estava limitada às regiões costeiras, sendo inexequível abranger as dimensões dos espaços oceânicos. Mesmo com o advento dos hidroaviões e sua aplicação pelos meios navais, seu emprego acarretava elevado risco, pois impunha uma parada para o lançamento e recolhimento das aeronaves na água, para posterior decolagem e aterrissagem.
Na 1ª Guerra Mundial, os aviões eram vistos como “olhos da Esquadra”, servindo basicamente para reconhecimento e ajustes na pontaria dos canhões dos dreadnoughts, o mais potente armamento a disposição das marinhas daqueles tempos.
Após a 1ª Guerra Mundial, os países vencedores e detentores dos maiores poderes navais, como a Grã-Bretanha, os Estados Unidos e o Japão, começaram a planejar e a executar programas de construção de novos encouraçados e cruzadores de batalha. Tais programas sublinharam o risco da ocorrência de uma nova corrida naval, nos moldes daquela provocada pelos dreadnoughts do início do século, o que levou à realização, nos Estados Unidos da América, entre novembro de 1921 e fevereiro de 1922, da Conferência Naval de Washington.
As limitações impostas pelo Tratado de Washington padronizaram a forma de emprego da aviação embarcada e incentivaram, sobretudo, o desenvolvimento do que seria, como atualmente existem, os NAe. Em 1922, singrou os mares o primeiro navio concebido especificamente como um Navio-Aeródromo, operando, no final da década de 1930, com três tipos de aviões: torpedeiros, bombardeiros de mergulho e caças.
A experiência na 2ª Guerra Mundial provou o importante papel da aviação naval, como no afundamento do encouraçado Bismarck e na proteção dos comboios. Em época em que a tecnologia dos submarinos possibilitava curtos períodos submersos, os aviões podiam localizar e atacar com grande eficiência. A mesma relevância foi alcançada, entre outras, nas principais batalhas do Pacífico: Pearl Harbor, que provocou a entrada dos Estados Unidos da América na guerra e Midway, esta considerada como o ponto de inflexão no Pacífico.
Em 1956, a Marinha do Brasil, sempre procurando manter o nosso Poder Naval, no estado da arte e em patamar correspondente à magnitude dos interesses nacionais, adquiriu da Marinha Real Britânica, o NAeL Minas Gerais, primeiro Navio-Aeródromo de nossa Marinha. Construído entre 1942 e 1945, com 212 metros de comprimento, capacidade para 1.300 homens e com ala aérea de até 20 aeronaves, entre aviões e helicópteros.
Incorporado à Armada Brasileira, em 06DEZ1960, tornou-se o “elemento básico do 1º Grupo de Caça e Destruição de Submarinos”, como citado na ordem do dia da sua Mostra de Armamento. Permaneceu no serviço ativo até 09OUT2001.
Para substituição do NAeL Minas Gerais, foi adquirido o NAeSPaulo, “Foch”, na Marinha Nacional da França, que teve o batimento de sua quilha em 15FEV1957, no estaleiro I’ Atlantique, em Saint Nazaire. O seu lançamento ao mar ocorreu em 13JUL1959, e a Mostra de Armamento realizada em 28ABR1962.
Na Marinha Nacional da França, participou de diversas operações navais, das quais merecem destaque:
– A Operação “OLIFANT”, no ano de 1982, quando atingiu a marca de 178 dias de mar, com períodos de até 37 dias consecutivos entre atracações, com a finalidade de assegurar a presença francesa próxima ao Líbano;
– Missão de ajuda humanitária “CAPSELLE”, em agosto de 1989, próximo ao Líbano;
– Operação “BALBUZARD”, no período de 1993 a 1995, quando, supriu a ausência do “Clemenceau”, que se encontrava em prolongado período de reparos;
– Operação “TRIDENT”, realizada entre os anos de 1997 e 2000; e
– Operação “MYRRHE” 2000, conduzida nos Oceanos Índico e Atlântico, e no Mar Mediterrâneo.
Em 37 anos de serviço na Marinha Nacional da França, o NAe “Foch” atingiu as expressivas marcas de 3.000 dias de mar e 1.009.095 milhas navegadas.
No dia 15NOV2000, na cidade de Brest, na França, foi realizada a cerimônia da Mostra de Armamento do NAeSPaulo, presidida pelo então Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante de Esquadra José Alberto Accioly Fragelli.
Em 17FEV2001, navegou pela primeira vez na Baia da Guanabara, fundeando nas proximidades da Escola Naval, ocasião em que foi visitado pelo então Ministro de Estado da Defesa, Geraldo Magela da Cruz Quintão, pelos ex-Ministros da Marinha, Almirantes de Esquadra Alfredo Karam, Henrique Sabóia e Ivan da Silveira Serpa, pelo Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Sérgio Gitirana Florêncio Chagasteles, Comandante do Exército, General de Exército Gleuber Vieira e Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista.
O NAeSPaulo foi o terceiro navio da Marinha do Brasil (MB) a receber esse nome. O primeiro foi um navio de casco de madeira, de propulsão a vapor, que foi afretado pelo Governo Imperial para servir de transporte, durante a Guerra do Paraguai. O segundo, um encouraçado do tipo Dreadnought, construído na Inglaterra e incorporado em 23AGO1910. O Encouraçado São Paulo participou das 1ª e 2ª Guerras Mundiais, tendo servido à MB até 02AGO1947.
Em sua vida ativa, na MB, podemos destacar a sua participação nas seguintes operações:
Aeronaves Argentinas e Brasileiras a bordo do NAe São Paulo.
– URUEX I / ARAEX VI, em abril de 2002, realizadas em águas uruguaias e argentinas;
– TROPICALEX-02, realizada em setembro de 2002, quando visitou o porto de Santos e operou com as seguintes aeronaves: AF-1 Skyhawk, três SH-3A/B Sea King, três UH-14 Super Puma, dois UH-12 Esquilo, dois IH-6B Jet Ranger e dois S-2T Turbo Tracker da Escuadrilla Aeronaval Antissubmarina da Armada Argentina;
– CATRAPO-02, realizada em novembro daquele mesmo ano;
– ASPIRANTEX-03, em janeiro de 2003, capitaniando um Grupo-Tarefa (GT) constituído pelas Fragatas Constituição, União, Rademaker, Contratorpedeiro Pernambuco, Navio de Desembarque Doca Ceará, Navio-Tanque Almirante Gastão Motta e o Submarino Tapajó, ocasião em que visitou o porto de Fortaleza;
– TROPICALEX-03, em maio de 2003, realizada na área entre o Rio de Janeiro e Salvador, como capitânia da Força-Tarefa 705, composta por um Navio de Desembarque de Carro de Combate (NDCC), cinco Fragatas, dois Contratorpedeiros, três Submarinos, dois Navios-Tanque, dois Navios-Patrulha, além de aeronaves do 1º Esquadrão de Esclarecimento e Ataque, do 1º Esquadrão de Instrução, 1º Esquadrão Antissubmarino, do 1º e 2º Esquadrões de Emprego Geral e do Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque;
– HELITRAPO e CATRAPO, em fevereiro de 2004;
– Operação PASSEX-RONALD REAGAN, em junho de 2004, quando fez parte do GT 706.1, junto com o Submarino Tapajó, sob o Comando da 1ª Divisão da Esquadra, operou com o NAe Nuclear USS Ronald Reagan e o Cruzador AEGIS USS Thomas S. Gates; e
– ESQUADREX-04, em agosto de 2004, realizada na área marítima entre o Rio e Vitoria.
NAeSPaulo, após 18 anos de serviços prestados à MB, 206 dias de mar, 53.024,6 milhas navegadas e 566 catapultagens, ao arriar do Pavilhão Nacional, ato solene que encerra a vida operativa do “Obelix”, exalto o legado deixado pelos marinheiros que operaram em seus conveses, os quais contribuíram para formar a sua alma guerreira. Dessa forma, como homenagem e dever de justiça, a Marinha do Brasil apresenta os agradecimentos pelos relevantes serviços prestados.
Como nas ordens de serviço de passagem e assunção de comando, temos a expressão “permanecem em vigor as ordens emanadas pelo meu antecessor”, tenho certeza que o recém-incorporado PHM Atlântico, atual Capitânia da Esquadra, navegará conduzindo um legado de tradição, honra por servir à pátria do Cruzeiro do Sul e, principalmente, pela capacidade de avançar na direção do equacionamento dos desafios das Marinhas do amanhã e do futuro.
A Marinha do Brasil reverencia a bravura e o profissionalismo das tripulações do NAeSPaulo e, à semelhança do realizado no passado, mantém a tradição de estar na vanguarda do atendimento dos interesses nacionais, ao incorporar os conhecimentos obtidos durante o emprego da asa fixa embarcada, com as capacidades decorrentes do aprofundamento da interação com aeronaves do Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira, análise do emprego de aeronaves de decolagem vertical, de sistemas de vigilância, por satélites e radares além do horizonte, e de sistemas de aeronaves remotamente pilotadas, pela incorporação de submarinos convencionais e de propulsão nuclear e de navios de superfície de águas azuis, as Corvetas Classe Tamandaré; assim como, de tecnologias da informação, que ampliam a capacidade de execução das tarefas básicas do Poder Naval.
INVICTA MARINHA DE TAMANDARÉ, NON DUCOR, DUCO! – NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO!
BRAVO ZULU!
ILQUES BARBOSA JUNIOR
Almirante de Esquadra
Chefe do Estado-Maior da Armada
Por que o Brasil não pega o NAE São Paulo, reboca e fundeia ele no arquipélago de São Pedro e São Paulo? O convés do navio serviria como pista de pouso para helicópteros e os caça skyhawk da marinha. Dessa forma teríamos uma base no meio do Atlântico Sul, mais ou menos como as ilhas artificiais que a China está construindo no Mar do Sul da China.
Para isso teriam que ser feitas muitas obras internas. O navio está acabado. Corrosão demais.
O míssil ar-ar sidewinder só foi realmente capaz de atingir 100% de suas capacidades próximo do 2.000º lançamento. Ele era utilizado e mal tinha 15% de sua capacidade na guerra do vietinã, era muito pouco confiável, mas era o que se tinha e foi muito trabalho até chegar no nível de um dos melhores misseis já desenvolvidos. Isto está no livro Sidewinder – Creative development at China lake do professor Ron Westrum. Acontece que eles tentaram, e tentaram, nunca deixaram de tentar. sabiam que não havia outra opção. Aqui aproveitamos as compras de oportunidade, prateleira. quem quer mudar o ruma da história é tachado de louco com submarinos, navios e tecnologias de cunho nacional. Diferentemente daqui, do outro lado tem uma potência e por aqui, vivemos do lixo dos outros e vibramos quando sobra alguma coisa pra nós, mesmo que seja de capacidades inferiores, aliás nosso problema é a argentina, Bolívia E a Venezuela é a bola da vez. Nunca achamos que os imperialistas podem nos submeter e subjugar. Na discussão da aquisição do Acre, o Brasil transpareceu ganhar na diplomacia, mas foi seu poder militar que manteve na fronteira que forçou a assinatura do tratado. Fomos nós os algozes de peruanos e bolivianos, mas poderemos por enfraquecimento militar ser agora a vítima.
A India comprou uma sucata, fez de tudo, mas, modernizou, reformou sua sucata…
A China comprou uma sucata também, fez de tudo, mas, modernizou, reformou sua sucata e agora está construindo seus proprios…
Nós compramos uma sucata, modernizamos, mas, não tentamos até o fim…
Tenho 20 anos de manutenção, meu pai 50 anos, e tudo é possivel com investimento, só não teria mesmo jeito se o casco for o problema.
Não é tão simples assim por dois motivos: não há investimentos – pelo contrário há contingenciamento e tem o Atlântico que também demanda recursos para operá-lo com seus trezentos tripulantes, logística e manutenção (preventiva). As doutrinas de emprego das forças ocidentais são diferentes das orientais, o que resulta nessa diferença de opções sobre aeródromos de lá e de cá, tanto que a proposta dos ucranianos de nos venderem aquele cruzador velho não adiantou.
O próximo defunto a ser sepultado será o VF 1 e não vai tardar.
Valha-me Deus…fizeram a sua parte, embora indiretamente de maneira não desejada..mas…
1) Tornou-se obsoleto e de improvável modernização necessária;
2) Todos sabiam o que ele representava e cavalo dado não se olha os dentes ( embora levantar o véu fosse uma liberalidade de Alah..);
3) Salve, com as devidas restrições, o PROSUB, os AF1 (poucos) mas que trazem doutrina a MB e queiram ou não vai de CCT mesmo e oportunidades…
Só erra quem trabalha e não fica elocubrando o que desconhece…
Mas que se aprendam com os erros, estamos de olho!
“Análise do emprego de aeronave de decolagem vertical”: embora seja apenas uma avaliação dessa opção já demonstra uma nova doutrina de emprego por parte da Marinha. Isso se refletirá na própria configuração do futuro porta-avião e no uso simultâneo dessa aeronave com o Atlântico ( e porque não com o Bahia) caso essa “análise” se concretize. Quem sabe o consumo intenso desse avião por várias marinhas cause uma queda no preço de aquisição, operação e manutenção sem falar na futura baixa dos mesmos daqui a 30 anos considerando a modernização pelos usuários.
Adeus NAE São Paulo Descanse em paz – a não ser que vire museu.
BRAVO ZULU
Podem me dar mil motivos que não me convencem de que não modernizá lo era contraproducente.
Nossa, que confuso. Afinal em sua opinião seria melhor moderniza-lo ou não
Pra mim seria melhor modernizar.
22/11 – quinta-feira, btarde, até que enfim tiveram força para descomissionar o ”museu”, poucas pessoas sabem que ele foi comissionado na marinha Francesa, quando o saudoso ”Minas Gerais” chegou ao Brasil (1960), o M. Gerais serviu a MB (41) anos, sendo descomissionado em 2001 com (41) anos no Brasil. O São Paulo, chegou ao Brasil em fevereiro/2001, já com 40 anos de uso, muito usado, ficou mais no atracadouro que navegando, descanse logo na Índia.
E segue o enterro da MB, culpa da megalomania e insensatez dos seus almirantes! O EB e a FAB, que foram mais pragmáticos, estão conseguindo levar adiante seus programas de reequipamento.
Enterro da MB ? Onde ? O prosub está indo segundo o planejado, as classe Tamandaré já estão asseguradas, obtemos 2 grandes navios de guerra nos últimos 4 anos, onde está a “megalomania” do almirantado ? O são Paulo serviu para o fim que ele tinha, manter a aviação de asa fixa treinada, agora é seguir em frente com novas doutrinas.
O navio não trouxe o retorno que deveria para a Marinha Tireless durante maior parte da operação dele, então a perda não foi significativa. É como você ir do nada para o lugar nenhum com a baixa desse navio.
Tireless, as vezes eu discordo de alguns posts seus, mas via de regra tenho um pensamento muito parecido e neste você foi perfeito, e eu acrescentaria com a sua permissão que a MB que la´atrás, por determinação de um CM “aluado” que se alinhou ao desgoverno Brasil e ao partido das mentiras, embarcando nesta canoa furada, e deu no que deu.
Tireless, o atual comandante que temtodo o meu respeito teve a coragem de acabar com esta maluquice e o tempo se encarregou de mostrar a MB que vontade, verdade e realidade seguem caminhos diferentes.