A intenção do Brasil de construir seu primeiro submarino nuclear repercute no exterior. O projeto é tocado há mais de uma década, mas foi o governo petista que, de fato, compreendeu a sua importância.
O site noticioso Voz da Rússia publicou uma extensa matéria sobre o assunto, algo revelador, já que os russos são o segundo maior exportador de armamentos do mundo, só atrás dos Estados Unidos, detêm desde a década de 50 a tecnologia de construção de submarinos nucleares, e certamente acompanham atentamente o desenvolvimento do projeto brasileiro.
O artigo está transcrito na íntegra a seguir:
O site informativo Lenta.ru publicou um grande artigo intitulado “Carnaval Atômico”, em que se constata que a construção de um submarino atômico ajudará o Brasil a elevar a sua economia. Quando se soube que na cidade de Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, foi criado um estaleiro de construção de submarinos, os peritos indagaram: contra quem e em prol de que pretende lutar o país mais bem-sucedido da América Latina?
A direção do Brasil e os representantes dos círculos militares do país declararam reiteradas vezes que a frota de submarinos será utilizada exclusivamente a fim de defender as reservas submarinas de petróleo do país e as plataformas de pesquisa, destinadas a ampliar ainda mais estas reservas.
Na cerimônia de inauguração do estaleiro de Itaguaí a presidente Dilma Rousseff chamou a atenção para o fato de que esta arma será utilizada exclusivamente a fim de manter a paz. “Eu gostaria de louvar um fato que é muito importante: uma indústria de defesa, como disse o ministro Celso [Amorim, da Defesa], é uma indústria da paz. Mas eu acho que a indústria da defesa é, sobretudo, a indústria do conhecimento. Aqui se produz tecnologia, aqui tem também um poder imenso de difundir tecnologia. É isso que nos outros países a indústria de defesa faz. Nós somos uma nação muito característica. Nós somos um país continental, nós vivemos em profunda paz com todos os nossos vizinhos. Nós somos uma região do mundo que não faz disputas bélicas, não tem conflitos e, sobretudo, uma região pacífica. Todos nós temos consciência, no entanto, que o mundo é um mundo complexo. O Brasil assumiu, nos últimos anos, uma grande relevância. Um país como o Brasil tem esse mérito de ser um país pacífico. Isso não nos livra de termos uma indústria da defesa e temos toda uma contribuição a dar na garantia da nossa soberania, e nos inserirmos cada vez de forma mais pacífica e dissuasória preventivamente no cenário internacional.”
O projeto de criação do submarino atômico próprio – atualmente em fase de desenvolvimento no Brasil -, permitirá a este país atingir um novo nível geopolítico. O Brasil está convencido de que a criação do submarino atômico próprio permitirá tornar mais próximo o objetivo almejado – ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Foi isso que a presidente Rousseff anunciou com orgulho. “Nós podemos dizer, com orgulho, que essa obra, ela é produto da iniciativa de várias, de múltiplas instituições privadas e públicas. Podemos dizer que, de fato, com ela nós entramos no seleto grupo que é aquele dos integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – únicas nações que têm acesso ao submarino nuclear: Estados Unidos, China, França, Inglaterra e Rússia.”
O Brasil será o sétimo país do mundo possuidor de submarinos atômicos. O plano de criação destes submarinos foi anunciado ainda em 2008. Foi resolvido, afinal, construir cinco novos submarinos, cada um dos quais irá custar 565 milhões de dólares. Um dos navios terá um reator atômico. Os militares brasileiros afirmam que os submarinos serão utilizados exclusivamente para defender as reservas submarinas de petróleo e as plataformas de pesquisas, destinadas a ampliar estas reservas.
O perito militar Viktor Litovkin assevera que o Brasil olha dezenas de anos à frente. Existem duas regiões de interesses brasileiros – na África, onde são possíveis colisões políticas com os países europeus e com a China, e, hipoteticamente, na Antártida.
“O Brasil, um país de economia emergente e de crescente potencial militar, faz desta maneira um requerimento para o futuro, demanda o seu direito de participar da geopolítica em pé de igualdade com outros jogadores mundiais” diz.
Não se pode subestimar as ambições do Brasil, que demanda o papel de uma superpotência regional. De acordo com a Estratégia de Defesa Nacional do Brasil, o submarino atômico deve surgir em 2013. Já foram dados passos preliminares em direção a este objetivo: no país foi criada uma empresa que irá produzir hexafluoreto de urânio, começou o desenvolvimento do projeto do sistema de propulsão nuclear, foi criado um estaleiro e realiza-se a preparação de quadros de operadores de reatores nucleares.
Na realidade, o Brasil pode repetir o êxito da companhia aeronáutica Embraer, – mas desta vez no mar. Apesar da ausência de razões militares para a realização do projeto de criação da frota submarina, ele não deixa de ter bases políticas e econômicas.
Fonte: Luis Nassif on line – do Blog Crônicas do Motta
Devagar se vai ao longe! De um em um chegaremos a uma significativa frota de subs nucleares, futuramente. Subs que já deverão ser totalmente nacionais e, quem sabe, muito melhores do que outros pelo mundo, como acontece hoje com a Embraer… O importante é desenvolvermos essa tecnologia estratégica, pois o Brasil deve mesmo, futuramente, ter maior importância no cenário mundial. Sem falarmos dos possíveis ou prováveis perigos futuros!… Então, é absolutamente necessário termos nossos submarinos nucleares…..
Não acredito nessa lenga lenga de ameaça às reservas de petróleo brasileiras, mas é munição para nossos governantes e a mídia alegar uma razão urgente para melhorar a segurança marítima.
A mais de 20 anos o Brasil está buscando desenvolver esse elefante branco vinculada com a pesquisa a um pequeno reator de propulsão naval.
Estão se preocupando gastando bilhões sem se preocuparem pelo visto nos armamentos que equiparão o submarino. Mísseis balísticos ou torpedos mais avançados.
Um submarino nuclear armado com estilingue não tem propósito e para mim só tem propósito político e nada mais.
Esses Bilhões estariam muito bem empregados em submarinos convencionais e na frota de navios brasileiros, lembrando que temos embarcações com mais 80 anos de uso. Dinheiro de sobra ( e muita sobra) para comprar as fragatas de oportunidade que deixaram passar E falar que manutenção e modernização dos sistemas deixa os navios aptos parece a piada dos F-5 modernizados. Remendos e nada mais…
William os objetivos da marinha é ter 3
Em relação ao fato de ser bem sucedido também acho um exagero ja que sempre se lê aqui nos foruns de defesa, e noticiários em geral, que outros países da região são mais avançados que o Brasil em muitas áreas, inclusive militar. Esse submarino ja deveria estar ativo a muito tempo se o projeto fosse levado a sério pelo governo onde iniciou (que era militar, diga-se de passagem) e pelos sucessores. O prosub acaba sendo uma conta a ser paga pelo que não foi feito desde o inicio do Programa Nuclear da Marinha.
“contra quem e em prol de que pretende lutar o país mais bem-sucedido da América Latina?” impossivel ser mais direto.
Tassio, me perdoe, mas não entendi esta citação. a quem se refere?
Uma observação.
Estarmos procurando fazer é importantíssimo e válido e sou 1000% à favor do PROSUB.
Este exemplo deveria ser seguido pela FAB, e pra ontem. Vejam, o Prosub está estimado em R$15 bilhões, bem superior aos R$4 bilhões da licitação do FX. Porque ainda não fechamos então a aquisição dos mesmos? Sei, falaremos então de transferência de tecnologia e outras coisas mais…. mas não estamos ‘demorando’ demais para chegarmos à algum lugar?
Sei lá, não vou chamar de delírio mas, não é pra tanto. Um ‘único’ submarino nuclear e de ‘ataque convencional’…. acho que estão exagerando nossas ‘pretensões’. E vejam, é pra 2023, querendo Deus, se o prazo for atendido.
Teríamos sim que ter uns 4 ou 5 submarinos nucleares e com capacidade de lançamento de mísseis balísticos… aí sim eles estariam quase certos.
Na verdade , a idéia é a construção de seis submarinos nucleares. Outra coisa interessante é que as dimensões dos S-Br convencionais, são as mesmas da 1ª classe de submarinos nucleares franceses, Classe Rubis, até parece que a MB pretende no futuro nuclearizar também estes submarinos.
Em vez de 2013 devem ter errado.Seria 2023!