PM armado estava em área proibida próximo a Dilma e foi tratado como alvo até ser identificado Episódio abriu crise entre polícias Civil e Militar; Secretaria da Segurança admitiu erro de comunicação
Uma falha no esquema de segurança quase terminou em morte dentro do estádio do Itaquerão, em São Paulo, durante o jogo de abertura da Copa entre Brasil e Croácia, no último dia 12, visto por mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo.
Com a bola rolando, um atirador de elite avistou um homem armado próximo à tribuna onde estavam a presidente Dilma Rousseff, chefes de Estado e autoridades da Fifa, e chegou a pedir a autorização de seus superiores para abater o suspeito.
O disparo foi evitado após o homem ter sido reconhecido como um policial, mas o episódio abriu uma crise entre as polícias Civil e Militar, que apresentaram versões diferentes para explicar a presença do agente no local.
Confirmado à Folha pela Secretaria da Segurança Pública paulista, o caso é investigado e resultou num reforço dos protocolos de segurança para os jogos seguintes.
A suspeita foi levantada por um sniper (atirador) do GER (Grupo Especial de Resgate) da Polícia Civil. Ele avistou um homem com um unifome do Gate (Grupo de Ações Táticas), da Polícia Militar, numa área de acesso proibido.
Além de Dilma Rousseff, estavam lá o vice-presidente, Michel Temer, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, entre outras autoridades.
Tensão
Via rádio, o sniper avisou a seus superiores sobre o suposto intruso. A informação chegou à sala de comando, montada dentro do estádio, de onde veio a resposta de que não havia nenhum PM do Gate na área restrita.
Diante da suspeita de que se tratasse de um criminoso disfarçado de policial, o sniper pediu autorização para fazer o disparo fatal.
Temendo causar pânico e tumulto entre torcedores e autoridades, a ordem foi para que o atirador esperasse mais um pouco.
A tensão tomou conta da sala de monitoramento, onde estavam policiais civis, militares e integrantes do Exército, responsável pelo comando das operações no estádio.
Alguns minutos depois, um policial, cuja identidade não foi revelada, analisou as imagens na sala de monitoramento e reconheceu o suspeito como sendo, de fato, um policial do Gate.
O PM que era tratado como suspeito retirou-se do local, provavelmente após receber uma ordem.
Explicações
O caso fez o secretário da Segurança, Fernando Grella Vieira, pedir relatórios ao comando das duas polícias.
Segundo a Folha apurou, a Polícia Civil diz que o policial do Gate invadiu uma área restrita sem autorização. Já a PM alegou que ele tinha autorização de seus superiores, pois apurava uma suspeita de bomba, que acabou não se confirmando.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública reconheceu que houve um “erro”, mas sem gravidade.
“A Secretaria da Segurança Pública esclarece que, no episódio em questão, houve um erro de comunicação que foi rapidamente sanado, sem maiores consequências.”
A pasta não informou se a razão da presença do policial militar no local proibido já foi esclarecida nem confirmou se havia uma suspeita de bomba na área sendo investigada naquele momento.
Procurado, o Exército não se pronunciou até a conclusão desta edição.
A sequência
ATIRADOR
Sniper (atirador de elite) do GER (Grupo Especial de Resgate) da Polícia Civil se posiciona na área destinada aos agentes que protegem as autoridades, separada por um muro
INTRUSO
Atirador avista suposto intruso na área restrita, vestido como um PM do Gate (Grupo de Ações Táticas); pelo rádio, avisa a seus superiores sobre a presença do suspeito
TENSÃO
Comando diz não ser possível haver um PM no local; clima fica tenso, e atirador pede autorização para “abater” o suspeito, que poderia ser um criminoso disfarçado
ALÍVIO
Comando pede mais tempo antes de autorizar o disparo; pelas imagens de monitoramento, um policial reconhece o intruso como sendo um PM e ele deixa o local, provavelmente após ser contatado
CRISE
Secretário pede relatório às polícias. Protocolos de segurança são reforçados para os demais jogos e governo admite falha
PERGUNTAS SEM RESPOSTA
- O PM do Gate tinha autorização do superior imediato para estar na área restrita? Por que estava ali?
- Se havia autorização do superior, a presença dele no local foi informada à central de monitoramento?
- Se a central foi avisada, por que passou informação errada ao atirador de elite?
COLABOROU: Osvaldo Antunes
Pelo visto é o problema do excesso de burocracia derivado do gigantismo do sistema de segurança: forças armadas, forças policiais federais, forças policiais estaduais, etc., sendo que algumas dessas forças ainda são divididas em braços militares e civis. Tudo isso num país que não se destaca pela organização/planejamento e que só toma parte de grandes eventos internacionais sazonalmente de modo que, não por culpa destas forças, não possuem o mesmo ‘traquejo’ do que suas congêneres de outras nações mais habituadas a esses eventos.
E, no atual cenário de forte polarização político-partidária, também fica a pergunta: há uma coordenação central destas forças policiais ou o fato de que o governo federal e o governo estadual são de administrações partidárias (bastante) antagônicas, isso impediu uma maior comunicação entre as forças de segurança que cada um controla?!
Essa história tá ficando cada vez mais esquisita. Primeiro eu tava pensando que o atirador estava do outro lado do estádio e o avistou pela luneta, mas pelas novas informações parece que na verdade o atirador estava do lado do policial, a poucos metros, tanto que ele chegou até a tirar uma foto pelo celular. E o estranho é que a imagem mostra 4 pessoas: 2 são do GATE, e os outros 2? E se eles avisaram que estavam investigando uma ameaça de bomba, porque os atiradores não comunicara isso a central? E porque a central e o comandante da PM não sabia que vários de seus oficiais estavam averiguando uma ameaça de bomba no estádio? E se sabia, porque não informou? Quando mais informação aparece, mais parece se tratar de mais um caso das Polícias se recusando a se comunicar na sua rixazinha idiota.
Não entendo por que havia um atirador da Polícia Civil no local, pois no meu singelo ponto de vista toda a segurança deveria estar nas mãos apenas de uma unica organização, no caso o Exército, visto que é uma ação totalmente terrestre. As Policias estaduais deveriam ficar do lado de fora.
Esclareço que constitucionalmente a Policia Militar é a que tem a função constitucional de prevenir os crimes, a Polícia Civil, tem a importante função de investigar e tomar os procedimentos de polícia judiciária depois que o crime aconteceu. Essa mistura de organizações diferentes, com comandos diferentes: 4 Polícias envolvidas: duas estaduais, duas federais e ainda elementos das três forças armadas, todas como procedimentos e protocolos diferentes, somente tende a dar confusão.
isso precisa investigação, porque o policial estava num lugar errado para ele, agora creio haver informações entre os órgãos de segurança, estranho esse acontecimento
E qual o problema nisso ???????????
Discordo oseias m. g.
Aquela era uma área restrita, então o acesso ao local passa por uma espécie de “porteiro”. O que deve ser apurado e, principalmente, divulgado é como alguém não autorizado foi parar lá.
Acho positiva e acertada a ação tanto do atirador quanto dos responsáveis pela segurança no estádio, o que mostrou que havia boa interação entre os sistemas e treinamento adequado a este tipo de situação. E a matéria também sugere que algum recurso óptico foi utilizado pela central de segurança, além do disponível ao atirador, o que permitiu a identificação rápida do “intruso”.
A única coisa que não espero que aconteça (mas duvido que não ocorra) é que, se novos fatos forem divulgados, aumente o jogo de empurra entre PM e Polícia Civil, coisa comum e corriqueira em nossos órgãos de segurança.
começar um tiroteio dentro de um estádio lotado é uma loucura e deve ser feito só em último caso, não é possível discordar disso.
A rigor não seria um tiroteio, mas um único tiro.
De todo modo, ficou evidenciado que algo deu errado no controle de fluxo de pessoas dentro do estádio e já começaram com a operação abafa. Pra variar, a arrogância de nossas autoridades as tornam incapazes de admitirem um erro. Abs.
Em meu último comentário anexei uma URL, que tinha por objetivo sustentar a minha afirmação sobre o caso, mas que não aparece até o momento no comentário liberado. Há alguma política do DAN sobre referênciar outros sites?
Depende do site. Neste caso não sei o que houve.
OK
Atirar em alguém pelo simples fato de estar armado seria uma burrice, iria gerar pânico no estádio lotado, podendo morrer muitos inocentes pisoteados. O lógico a fazer seria mandar alguns agentes até o local que estava o “invasor” para detê-lo e o sniper ficaria simplesmente com a mira no “intruso”, para o caso dele tentar algum movimento brusco.